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Saúde26 dezembro 2023

Retrospectiva 2023: o que foi destaque na imunologia e vacinação?

Neste texto faremos uma retrospectiva dos principais artigos sobre vacinação publicados no site neste ano de 2023.

Por Raissa Moraes

Nossa retrospectiva de 2023 com relação à vacinação não poderia começar com outro tema que não covid-19. A pandemia que só no Brasil foi responsável por mais de 700 mil óbitos confirmados e, ainda assim, nem 20% dos brasileiros tem reforço com a bivalente.

Retrospectiva 2023: o que foi destaque na imunologia e vacinação?

Covid-19

Indivíduos com múltiplas comorbidades apresentam maior risco de desenvolvimento de doença grave por SARS-CoV-2. As primeiras gerações de vacinas basearam-se em métodos de exposição à antígenos (RNA mensageiro, vírus morto, vírus atenuado, vetor viral) com posterior geração de resposta imune e formação de memória imunológica. A vacinação com esse tipo foi muito efetiva em evitar formas graves, porém não impediram a contaminação e transmissão viral, principalmente das novas variantes.

Assim, ao longo da pandemia, foram criadas vacinas contra variantes específicas, de acordo com o surgimento das novas cepas. Com o surgimento de novas variantes, além das duas doses iniciais, doses de reforço passaram a ser recomendadas, e essa recomendação foi sendo alterada ao longo do ano.

Atualmente, adultos sem comorbidades, precisam somente de uma dose adicional da vacina, além da vacinação primária. Isso significa que as pessoas que já receberam duas doses (esquema primário), precisam apenas receber mais uma dose (bivalente).

O que podemos esperar para o futuro da vacinação contra covid-19 é a otimização da resposta imune, conferindo imunidade mais duradoura, além de cobertura a diversas variantes, com menos efeitos colaterais e menor necessidade de doses possível.

HPV

As recomendações para a vacina contra o HPV (papilomavírus humano) foram atualizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), indicando que o esquema com dose única pode oferecer eficácia e durabilidade de proteção comparáveis a um esquema de duas doses. Essa nova recomendação pode ser impactante em termos de prevenção em massa, pois o esquema com apenas uma dose pode ser ampliado e beneficiar um número maior de mulheres.

MPOX

Atualmente os casos de Mpox estão em queda progressiva tanto no mundo, como no Brasil. Dessa forma, a principal estratégia de contenção é a identificação de casos e rastreamento de contatos. Assim a estratégia de vacinação foi implementada visando priorizar a proteção das pessoas com maior risco de evolução para as formas graves da doença, como os pacientes que vivem com HIV e tem CD4 < 200. Além disso, busca proteger pessoas que tiveram contatos de médio e alto riscos de transmissão com casos confirmados e/ou suspeitos da doença.

Vírus Sincicial Respiratório (VSR)

Em maio de 2023, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou a primeira vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), a Arexvy, da farmacêutica GSK. A agência reguladora dos Estados Unidos autorizou o uso do imunizante em pacientes com 60 anos ou mais e há a expectativa de que seja estendida a outras faixas etárias, inclusive pediátricas, bem como que chegue a outros países.

O ensaio clínico em que foi baseada essa decisão foi randomizado e controlado por placebo, que contou com 25 mil participantes com pelo menos 60 anos. Metade recebeu a vacina e na comparação entre os grupos, a vacina foi responsável por reduzir o risco de desenvolver infecção do trato respiratório inferior (ITRi) associada ao VSR em 82,6%, além de reduzir o risco de desenvolver ITRi grave associada ao VSR em 94,1%.

O perfil de segurança se mostrou aceitável e os eventos adversos foram leves/moderados e com rápida melhora.

Dengue

Em março de 2023, o registro da vacina QDENGA®, do laboratório Takeda, foi autorizado pela Anvisa. Trata-se de uma vacina tetravalente contra a dengue, com vírus atenuado, que atua como prevenção para a doença em indivíduos a partir dos 4 anos. O diferencial dessa vacina é que ela é a única vacina contra dengue aprovada para uso independentemente da exposição anterior à dengue.

O registro, que ocorreu inicialmente na União Europeia, foi respaldado por resultados em 19 ensaios de fases 1, 2 e 3 com mais de 28 mil crianças e adultos, incluindo quatro anos e meio de dados de acompanhamento de fase 3 do Ensaio do Estudo de Eficácia da Imunização Tetravalente contra a Dengue (TIDES). Em seu estágio final primário, a eficácia geral da vacina chegou a 80,2% dos casos sintomáticos após um ano de vacinação. Vale ressaltar, que a eficácia varia de acordo com o sorotipo.

Em geral, a QDENGA® está sendo bem tolerada e nenhum risco de segurança importante foi identificado até o momento.

Cocaína

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) está desenvolvendo uma vacina antidroga chamada Calixcoca (UFMG-VAC-V4N2). Trata-se de uma abordagem inovadora e promissora, em que a vacina induz a produção de anticorpos anticocaína, capazes de se ligarem a droga e diminuir a passagem da mesma pela barreira hematoencefálica, diminuindo a atividade da dela no cérebro.

O desenho do estudo de fase I/IIa já está feito e a equipe pretende avaliar pessoas que foram dependentes e que estão no momento abstinentes e desejam permanecer dessa forma.

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