A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou, em meados de abril, as primeiras diretrizes globais para o diagnóstico, tratamento e cuidados de longo prazo da meningite. A iniciativa busca acelerar a detecção da doença, garantir um tratamento oportuno e melhorar o acompanhamento dos pacientes, especialmente os que enfrentam complicações duradouras.
Meningite bacteriana continua sendo a mais letal
Apesar da existência de vacinas e tratamentos eficazes para algumas de suas formas, a meningite segue sendo uma ameaça significativa à saúde pública. A variante bacteriana é a mais grave, com potencial de matar uma em cada seis pessoas infectadas em apenas 24 horas.
Segundo a OMS, em 2019 foram notificados cerca de 2,5 milhões de casos de meningite no mundo, dos quais 1,6 milhão foram de origem bacteriana. Desses, 240 mil resultaram em óbitos. Além disso, cerca de 20% dos pacientes que sobrevivem à forma bacteriana desenvolvem sequelas permanentes, como deficiências físicas e cognitivas, impactando diretamente sua qualidade de vida. Os efeitos da doença também impõem um pesado fardo econômico e social para famílias e comunidades, principalmente em países de baixa e média renda.
Recomendações incluem diagnóstico, tratamento e reabilitação
As novas diretrizes da OMS abrangem o manejo clínico de crianças com mais de um mês de vida, adolescentes e adultos com meningite aguda adquirida. O documento detalha desde o diagnóstico e a antibioticoterapia até o tratamento adjuvante, os cuidados de suporte e o acompanhamento dos efeitos de longo prazo. Considerando as semelhanças nos sintomas entre os diferentes tipos da doença, as recomendações contemplam tanto causas bacterianas quanto virais.
Segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a implementação dessas diretrizes ajudará a salvar vidas, aprimorar os cuidados e fortalecer os sistemas de saúde. A publicação faz parte do plano global Derrotando a Meningite até 2030, que busca eliminar as epidemias de meningite bacteriana, reduzir os casos em 50% e dobrar a taxa de cobertura vacinal em todo o mundo.
Alta carga da doença na África Subsaariana
O desafio é ainda maior em regiões como o chamado “cinturão da meningite”, que abrange diversos países da África Subsaariana e concentra a maior parte dos surtos da doença, especialmente da forma meningocócica.
Brasil inclui teste rápido na cobertura dos planos de saúde
No Brasil, um novo avanço no combate à meningite acaba de ser incorporado ao sistema de saúde suplementar. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) incluiu no rol de procedimentos obrigatórios dos planos de saúde o teste rápido PCR multiplex, capaz de diagnosticar a meningite — bacteriana ou viral — em cerca de uma hora.
De acordo com a QIAGEN, multinacional responsável pela chegada do exame ao país, o teste permite uma diferenciação rápida entre os agentes causadores da infecção, possibilitando a indicação do tratamento mais adequado praticamente em tempo real. Antes, o diagnóstico podia levar até três dias.
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Hospitais públicos e laboratórios centrais têm até 180 dias para oferecer o novo exame, que entrou em vigor oficialmente em dezembro. A expectativa é que, até o final do primeiro semestre, ele já esteja acessível à população. A tecnologia também deve se somar aos esforços do Ministério da Saúde para erradicar a meningite no Brasil até 2030, em consonância com o plano global da OMS.
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