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Saúde27 fevereiro 2020

Nova vacina contra pneumonia está sendo testada no Brasil

Uma nova vacina contra a pneumonia está sendo testada em humanos no Brasil. Os pesquisadores garantem que será uma opção mais eficaz, abrangente e barata.

Por Úrsula Neves

Uma nova vacina contra a pneumonia está sendo testada em humanos no Brasil. Pesquisadores do Instituto Butantan garantem que essa imunização será uma opção muito mais eficaz, abrangente e barata, custando menos de US$ 2.

Desenvolvida em parceria com os médicos do Boston Children’s Hospital, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, essa vacina deve proteger o organismo contra todos os mais de 90 sorotipos da bactéria Streptococcus pneumoniae que também causa doenças como meningite, otite e sinusite.

“Adotamos uma estratégia diferente para ativar a resposta imune. Em vez de usar como alvo os polissacarídeos presentes na cápsula bacteriana, como são criadas as vacinas disponíveis atualmente, optamos por proteínas comuns a todos os sorotipos do microrganismo”, explicou Luciana Cezar de Cerqueira Leite, pesquisadora do Laboratório Especial de Desenvolvimento de Vacinas do Instituto Butantan e coordenadora do projeto.

Os primeiros testes clínicos foram realizados na África, sob a coordenação da equipe de Harvard, com o apoio da Fundação Bill & Melinda Gates e do PATH (Program for Appropriate Technologies in Health).

Foram mais de dez anos de pesquisa até chegar a essa vacina celular. Inicialmente, os cientistas investigaram proteínas que poderiam ser usadas como alvo. Mas, ao longo do percurso, surgiu a proposta da vacina celular. Então, os cientistas mudaram a substância capaz de potencializar a resposta imune e até a via de administração.

“Pretendíamos criar uma vacina intranasal, mas percebemos que o produto seria mais eficiente pela via intramuscular”, contou Luciana Leite.

Leia também: Quais vacinas devem ser recomendadas para viajantes?

vidros de vacinas contra pneumonia

Pneumonia

Globalmente, estima-se que existam mais de 90 sorotipos de S. pneumoniae, que são definidos com base na combinação de polissacarídeos presentes na cápsula que recobre o microrganismo.

Nas vacinas tradicionais, essa combinação de moléculas determina o antígeno que induz a formação de anticorpos. Já essa nova imunização será capaz de ativar a resposta imune independentemente do sorotipo bacteriano.

Acessível e abrangente

Os pesquisadores ressaltam a importância do desenvolvimento uma vacina que seja acessível e funcione para todos os sorotipos de S. pneumoniae.

“No caso específico da pneumonia, insistir na inclusão de novos sorotipos em vacinas conjugadas só aumenta a complexidade e os custos de produção, fazendo com que vacinas, que já são caras, tornem-se ainda menos acessíveis a países em desenvolvimento, como o Brasil”, ressaltou Luciana Leite.

Atualmente, as vacinas pneumocócicas conjugadas disponíveis protegem contra dez ou 13 sorotipos da bactéria. Uma versão não conjugada abrange 23 sorotipos, mas não é eficaz em crianças.

A primeira geração de vacinas conjugadas era eficaz contra os sete sorotipos mais prevalentes na Europa e nos Estados Unidos (7-valente). Porém, como a prevalência varia de uma região para outra, não apresentava uma boa cobertura para o Brasil. Abrangia em torno de 60% apenas. Com o tempo, a capacidade de conjugar cepas variadas foi aumentando e surgiram as versões 10-valente e 13-valente.

“Mas há um problema nessa estratégia. Quando são tiradas de circulação as bactérias de um determinado sorotipo, outras cepas com diferentes sorotipos vão surgindo naturalmente e o imunizante perde eficácia. É a chamada substituição sorotípica”, explicou a pesquisadora.

Além de mais abrangente e barata, a vacina celular que está sendo desenvolvida no país não tem o problema de substituição sorotípica.

“Pretendemos repetir a segunda fase nos Estados Unidos. É nessa etapa que se compara o tipo de resposta imune induzida em populações de diferentes países”, afirmou a coordenadora do projeto.

A previsão é que a nova vacina possa ser produzida em até dois meses.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Referências bibliográficas:

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