Pesquisadores do Hospital das Clínicas da USP adaptaram um protocolo de tratamento para hepatites fulminantes e obtiveram aumento expressivo na sobrevivência de pacientes com febre amarela grave. O método, que utiliza transfusões de plasma sanguíneo, mostrou eficácia de 84% entre os pacientes elegíveis.
Uma alternativa ao transplante de fígado
Originalmente desenvolvido para tratar hepatites graves, o tratamento com plasma ajuda a reduzir a toxicidade no organismo enquanto o fígado se recupera. Diferente do transplante de fígado, que enfrenta dificuldades de disponibilidade e alto risco, o uso de plasma é um procedimento mais acessível e simples, comum em hospitais de grande porte.
A técnica foi testada durante o surto de febre amarela de 2018/2019 e replicada com sucesso em Santa Catarina. Nos casos analisados, a terapia foi aplicada duas vezes ao dia, com sessões de aproximadamente uma hora e meia, e teve duração variável, dependendo da recuperação do paciente.
Diagnóstico precoce
Apesar dos resultados promissores, a infectologista Ho Yeh-Li alerta que a eficácia do método depende do encaminhamento ágil dos pacientes a hospitais de alta complexidade. A falta de treinamento de equipes médicas em unidades básicas e secundárias tem dificultado a identificação precoce da doença, impedindo que muitos pacientes recebam o tratamento a tempo.
O aumento dos casos em São Paulo levou a Organização Mundial da Saúde a emitir um alerta para viajantes. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, 18 casos foram confirmados neste ano, com 12 óbitos — uma taxa de letalidade superior a 60%. Em 11 das mortes, as vítimas não haviam sido vacinadas.
Avanço da febre amarela no estado de São Paulo
A maioria dos casos ocorreu na região de Campinas, mas também há registros em cidades do interior e na Grande São Paulo. Além disso, 36 infecções foram confirmadas em primatas não humanos, um indicativo da circulação ativa do vírus.
Diante da alta letalidade, a Secretaria de Saúde reforça a importância da vacinação e da notificação de macacos mortos, pois esses eventos podem indicar novos surtos. A febre amarela segue como um desafio de saúde pública, exigindo vigilância, vacinação em massa e estratégias eficazes para reduzir mortes e ampliar o acesso a tratamentos inovadores.
Saiba mais: Febre amarela: perguntas e respostas sobre a doença
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