Nova droga reduz risco de hipercalemia pela espironolactona
A espironolactona é a escolha no tratamento da insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida. Contudo, um efeito que impede seu uso é a hipercalemia.
Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.
A espironolactona é um diurético poupador de potássio que entra como primeira linha no tratamento da insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER) e na hipertensão resistente. Contudo, além da ginecomastia, um efeito “colateral” que muitas vezes impede seu uso é a hipercalemia.
Esse risco é ainda maior quando o paciente é renal crônico. Por isso, um grupo de pesquisadores testou a hipótese de uma nova droga oral que, em uso concomitante com espironolactona, evitaria a indesejada hiperpotassemia: o patiromer.
Reduzindo o risco de hipercalemia
No estudo de fase 2 AMBER, 295 pacientes com hipertensão resistente e taxa de filtração glomerular entre 25 e 45 ml/min/m², foram randomizados para dois grupos de tratamento: espirono + placebo versus espirono + patiromer. O patiromer é uma resina de troca oral, que quela o potássio intestinal e reduz sua absorção. É um mecanismo parecido com o conhecido Sorcal (poliestirenossulfonato de cálcio), porém de posologia mais fácil e menos intolerância. Não está disponível no Brasil ainda, e mesmo nos EUA o custo ainda é um problema.
A população tinha idade média de 68 anos, 52% eram homens, 98% brancos e 50% diabéticos (lembrando que diabéticos fazem hiperpotassemia em fases mais precoces da doença renal). Os resultados mostraram uma redução no risco de hiperpotassemia de 7% para 1%.
Além disso, o grupo com partiromer conseguiu maior dose de espironolactona e não houve diferenças em eventos adversos, incluindo piora da função renal.
Sobre a hipercalemia
A definição de hipercalemia é a concentração sérica do potássio > 5,5 mEq/L, segundo o European Resuscitation Council. O intervalo normal seria entre 3,5 e 5,5 mEq/L. Junto do sódio, cloreto e outros eletrólitos, o potássio faz a manutenção do gradiente de condução intra e extracelular, controlando a atividade elétrica muscular (cardíaca e esquelética). Alterações nessa concentração pode levar a arritmias cardíacas, paralisias musculoesqueléticas e instabilidade hemodinâmica.
Qual a mensagem prática?
Como a espironolactona, em especial no contexto de ICFER, aumenta sobrevida, uma droga que evite hiperpotassemia é interessante para não levar à suspensão do poupador de potássio. Hoje, no Brasil, só temos os diuréticos de alça e o Sorcal como opção, mas a vinda de mais uma alternativa, a preços acessíveis, é muito desejável.
É médico e quer escrever para o Portal PEBMED? Inscreva-se aqui!
Referências bibliográficas:
- Agarwal R, et al. Patiromer versus placebo to enable spironolactone use in patients with resistant hypertension and chronic kidney disease (AMBER): a phase 2, randomised, double-blind, placebo-controlled trial. The Lancet. September 15, 2019 DOI:https://doi.org/10.1016/S0140-6736(19)32135-X
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.