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Surtos de sarampo continuam a se espalhar rapidamente pelo mundo, de acordo com os últimos relatórios preliminares fornecidos à Organização Mundial da Saúde (OMS), com milhões de pessoas em risco de contrair a doença.
Nos primeiros seis meses de 2019, os casos de sarampo relatados são os mais elevados em qualquer ano desde 2006. Acontecem com surtos de sobrecarga dos sistemas de saúde e levando a doenças graves, incapacidades e mortes em muitas partes do mundo. Houve quase três vezes mais casos relatados até hoje em 2019 do que no mesmo período do ano passado.
A doença segue em sucessivos aumentos anuais desde 2016, indicando um modelo preocupante e contínuo da carga global do sarampo em todo o mundo.
A República Democrática do Congo, Madagascar e Ucrânia relataram o maior número de casos este ano. No entanto, os casos diminuíram drasticamente em Madagascar nos últimos meses como resultado de campanhas nacionais de emergência contra o sarampo, destacando a eficácia da vacinação para acabar com os surtos e proteger a saúde. Os principais surtos estão em curso em Angola, Camarões, Chade, Cazaquistão, Nigéria, Filipinas, Sudão do Sul, Sudão e Tailândia.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o Brasil registra atualmente o segundo maior número de casos de sarampo das Américas, com 2.927 casos neste ano. A doença foi identificada em 14 países da região no primeiro semestre. O maior número de episódios da infecção foi registrado nos Estados Unidos (1.172), seguido pelo Brasil (1.045) e Venezuela (417).
Surto de sarampo no Brasil
Entre 5 de maio e 3 de agosto, 907 casos de sarampo foram confirmados no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Os casos estão concentrados em três estados: São Paulo (901), Rio de Janeiro (5) e Bahia (1).
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) mostram que, em 2017, a doença foi responsável por 110 mil mortes.
Este ano, ainda segundo as entidades, casos notificados no mundo cresceram 300% nos primeiros três meses em comparação com o mesmo período de 2018.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil vinha de um histórico de não registrar casos autóctones (adquiridos dentro do país) desde o ano 2000. Entre 2013 e 2015, ocorreram dois surtos, um no Ceará e outro em Pernambuco, a partir de casos importados.
O sarampo é uma doença viral grave altamente contagiosa. Apesar de ser vista como uma enfermidade comum da infância, ela não pode ser considerada banal. É grave, podendo evoluir com complicações e levar ao óbito.
Até o final da década de 80, o sarampo era uma doença endêmica no território nacional, com epidemias a cada dois ou três anos. Em 1990, houve a última grande epidemia de sarampo no Brasil, com mais de 45 mil casos registrados da doença. Em 1992, deu-se o início ao Plano de Controle e Eliminação do Sarampo que, entre outras estratégias, teve a Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo, alcançando uma taxa de 96% de adesão da população alvo, uma marca nunca alcançada em territórios tão grandes quanto o brasileiro. Em 2016, o Brasil recebeu o certificado de erradicação do sarampo, pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS).
Desde então, nenhum caso de sarampo foi registrado até janeiro de 2018, quando incidentes provenientes da Venezuela levaram a surtos no Amazonas e em Roraima, regiões onde a cobertura vacinal estava abaixo dos 95% recomendados. Dessa forma, o país corre risco de perder o certificado de erradicação do vírus.
*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED
Referências:
- https://nacoesunidas.org/agencias/opasoms/
- https://www.who.int/immunization/newsroom/new-measles-data-august-2019/en/
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