Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou o que seria o terceiro e maior surto de Candida auris (chamado popularmente de superfungo) no Brasil. Os 48 casos da doença foram relatados entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022 em Recife, segundo a Secretaria de Saúde do estado de Pernambuco. Os achados foram publicados na revista científica Frontiers in Cellular and Infection Microbiology.
Estima-se que entre 30% e 60% dos pacientes infectados com o fungo acabam morrendo. No entanto, os números podem variar com base em alguns aspectos, como a gravidade da doença e a resistência do patógeno a tratamentos.
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Candida auris
C. auris é um fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública devido à capacidade do microrganismo de resistir aos principais medicamentos antifúngicos. Ele foi relatado pela primeira vez no Japão em 2009, em um caso de otomicose. Desde então, foi relatado em todos os continentes, com exceção da Antártica.
As infecções por Candida auris têm surgido, muitas vezes, com alta morbidade e mortalidade associadas. Os cientistas destacam que a disponibilização de metodologias rápidas e com identificação precisa é necessária para a implementação de medidas adequadas de prevenção e controle.
No estudo, os especialistas relatam como a identificação oportuna do tipo de fungo permitiu a rápida detecção dos casos. No total, nove pessoas foram diagnosticadas com C. auris. Entre os pacientes, estavam sete homens e duas mulheres, com idades variando entre 22 e 70 anos. O primeiro paciente foi hospitalizado em novembro de 2021, já os cinco últimos deram entrada na unidade em fevereiro de 2022.
O estudo contou com a participação de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), incluindo o professor Reginaldo Gonçalves de Lima Neto, além da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco.
Perigos do superfungo
Ao contrário da maioria dos fungos ambientais, o C. auris apresenta tolerância a temperaturas elevadas de 37°C a 42°C. Além disso, conta com uma capacidade de sobreviver a condições ambientais adversas por longos períodos, adaptando-se fora do hospedeiro humano.
Essas características aumentam o risco de surtos hospitalares, uma vez que a colonização e as infecções podem ter origem em fontes ambientais, como dispositivos médicos contaminados e mãos de profissionais de saúde.
O C. auris pode causar infecção na corrente sanguínea e outras infecções invasivas que podem ser fatais, principalmente em pacientes imunocomprometidos ou com comorbidades. Outro fator preocupante é que os pacientes podem permanecer colonizados por esse microrganismo por muito tempo, sem infecção, favorecendo a propagação para outros indivíduos e a ocorrência de surtos em serviços de saúde.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco para infecção por C. auris são hospitalização prolongada, cirurgia abdominal, diabetes mellitus, admissão em unidade de terapia intensiva (UTI), enfermidade de base grave e imunossupressão, doença renal crônica, uso de dispositivos invasivos, cirurgia recente, uso de corticoide, nutrição parenteral, neutropenia e exposição prévia a antibióticos de amplo espectro e antifúngicos.
A incidência de C. auris é maior em pacientes com alterações primárias ou adquiridas da resposta imune e em condições que requer o uso de imunossupressores, como neoplasias hematológicas em quimioterapia ou transplante de medula óssea.
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