O Departamento de Adrenal e Hipertensão da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) emitiu uma nota técnica sobre a vacinação contra o novo coronavírus em pacientes com insuficiência adrenal.
De acordo com o comunicado, embora ainda não haja uma lista completa de contraindicações para uso das vacinas contra a SARS-CoV-2 e, considerando os ensaios clínicos em andamento e os critérios de inclusão/exclusão utilizados nesses estudos, a entidade entende que a insuficiência adrenal não constitui uma contraindicação para a vacinação.
Além disso, é importante frisar que “pacientes com insuficiência adrenal estão sob maior risco de Covid-19 e maior risco de complicações devido ao potencial de uma crise adrenal”.
Até que apareçam mais dados sobre as vacinas contra o novo coronavírus, as prováveis contraindicações, de acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, são:
– Indivíduos menores de 18 anos de idade;
– Gestantes;
– Pessoas que apresentaram histórico de reações graves, inclusive alérgicas, após o uso anterior da vacina contra a Covid-19 ou de algum de seus componentes.
Assim, recomenda-se que, antes de qualquer vacinação, sejam verificadas nas bulas as informações fornecidas pelos seus respectivos fabricantes.
Cuidados necessários que devem ser adotados diante das seguintes situações:
– Em caso de doenças agudas febris moderadas ou graves, recomenda-se o adiamento da vacinação até a resolução do quadro;
– Em caso de infecção confirmada pelo novo coronavírus, a vacinação deve ser adiada até a recuperação clínica total e, pelo menos, quatro semanas após o início dos sintomas ou quatro semanas a partir da primeira amostra de PCR positiva em pessoas assintomáticas.
É fundamental que os médicos enfatizem com os seus pacientes que tão importante quanto a vacinação contra o novo coronavírus é manter em dia a vacinação contra as outras doenças imunopreveníveis.
Orientações aos médicos e pacientes com insuficiência adrenal
Os pacientes com insuficiência adrenal primária (como, por exemplo, a doença de Addison e a hiperplasia adrenal congênita) e secundária (por exemplo, hipopituitarismo), em seu tratamento crônico, utilizam doses fisiológicas de reposição: hidrocortisona 20-30 mg (10-20 mg ao acordar e 10 mg a tarde) ou prednisona 5 a 7,5 mg/dia (ou prednisolona 5 a 7 mg/dia).
No hipopituitarismo, a dose do corticoide pode ser mais baixa (prednisona 2,5-5 mg/dia ou hidrocortisona 15-20 mg/dia). Além da reposição de corticóide, os pacientes com doença de Addison normalmente necessitam também de mineralocorticoide (fludrocortisona 0,1 mg/dia). Para a vacinação contra a Covid-19 não é necessário o aumento da dose do corticoide.
A entidade recomenda que pacientes em tratamento para insuficiência adrenal dobrem a dose de reposição oral do corticoide apenas em caso de reações adversas à vacina, tais como febre, mialgia e/ou artralgia.
A nota técnica da SBEM foi assinada por César Luiz Boguszewski, presidente da SBEM; e Leonardo Vieira Neto, presidente do Departamento de Adrenal e Hipertensão da SBEM.
Referência bibliográfica:
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.