A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou novas diretrizes desaconselhando o uso de dois medicamentos específicos para tratar a Covid-19: a colchicina e a fluvoxamina. As novas orientações foram publicadas no British Medical Journal (BMJ) no último dia 14.
O Grupo de Desenvolvimento de Diretrizes da OMS (GDG) passou a não indicar a utilização dos dois remédios para pacientes com Covid-19 leve ou moderada porque, além de não haver evidências suficientes de que eles tragam benefícios para os pacientes, ambos trazem riscos.
A nova orientação é que o antidepressivo fluvoxamina seja usado apenas em ensaios clínicos. Já o anti-inflamatório colchicina possui uma forte recomendação de não ser utilizado em casos leves e moderados de Covid-19.
Em outubro do ano passado, um estudo publicado na revista The Lancet havia apontado que a fluvoxamina poderia reduzir em até 32% as internações pela doença.
Os dois medicamentos “são comumente usados e baratos que receberam considerável interesse como possíveis tratamentos para a Covid-19 durante a pandemia”, disse a OMS.
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Justificativas
O Grupo de Desenvolvimento de Diretrizes da entidade, que emitiu as recomendações, afirmou que elas “refletem a incerteza” sobre como os remédios agem no corpo, além das evidências reunidas até agora de que as substâncias não ajudam na sobrevivência à Covid-19 nem reduzem risco de internação ou de necessidade de intubação.
De acordo com a avaliação da OMS, “a fluvoxamina provavelmente tem pouco ou nenhum efeito na mortalidade”, além de apresentar “pouco ou nenhum efeito na ventilação mecânica e na hospitalização”.
O parecer foi dado com base em três ensaios clínicos envolvendo mais de 2 mil pacientes. O Grupo de Desenvolvimento de Diretrizes da organização concluiu, entre outros pontos, que o equilíbrio entre benefícios e danos potenciais não favorece o tratamento.
Assim como a fluvoxamina, o grupo avaliou que a colchicina também tem, provavelmente, “pouco ou nenhum impacto na mortalidade e ventilação mecânica, pode ter pouco ou nenhum impacto nas hospitalizações” e, além disso, pode “aumentar a probabilidade de efeitos adversos que levam à descontinuação do medicamento”.
Ademais, o painel de especialistas internacionais também discutiu o risco de interações da colchicina com outros remédios e a estreita janela terapêutica, particularmente em pacientes com ou em risco de insuficiência hepática e renal. Os especialistas ainda pontuaram que a toxicidade da colchicina pode ser grave e, às vezes, fatal.
A não recomendação de uso foi baseada em dados de sete ensaios clínicos, que envolveram 16.484 pacientes.
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Recomendações aos médicos
Para o tratamento de quadros leves de Covid-19, a OMS recomenda fortemente o uso do Paxlovid, uma combinação de nirmatrelvir e ritonavir.
A entidade tem recomendações condicionais para o sotrovimabe, o remdesivir e o molnupiravir para pacientes com Covid-19 não grave, mas que são considerados de alto risco.
Já nos casos graves, a organização recomenda fortemente o uso de corticosteroides, com adição de bloqueadores de receptores de uma citocina específica (IL-6) ou baricitinibe. Por outro lado, é desaconselhado a utilização de plasma convalescente, ivermectina e hidroxicloroquina em pacientes com Covid-19, independentemente da sua gravidade.
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