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Saúde10 julho 2020

Coquetel de medicamentos eliminou o vírus do HIV em paciente, aponta estudo

Um estudo da Unifesp aponta que um coquetel de medicamentos conseguiu eliminar o vírus HIV em um paciente brasileiro de 34 anos.

Por Úrsula Neves

Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aponta que um coquetel de medicamentos conseguiu eliminar o vírus HIV em um paciente brasileiro de 34 anos.

O anúncio foi divulgado durante a 23ª Conferência Internacional de Aids, realizado entre os dias 6 e 10 de julho, simultaneamente nas cidades de San Francisco e Oakland, ambas no estado da Califórnia, nos Estados Unidos.

Os resultados são muito animadores, com diversos especialistas afirmando que este pode ser o caminho para a cura da síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids). Entretanto, será necessária ainda a ampliação do número de pacientes para que os pesquisadores tenham certeza da eficácia do tratamento.

Como foi realizado o estudo

Um homem de 34 anos que não teve a sua identidade revelada foi diagnosticado em 2012 com o vírus HIV, sendo tratado com uma base de terapia antirretroviral (ARV) reforçada com outras substâncias, com a adição de nicotinamida.

Segundo os pesquisadores, o tratamento foi interrompido após 48 semanas. Após mais 57 semanas sem o coquetel, o DNA de HIV nas células do paciente e o exame de anticorpos continuam negativos.

Leia também: Profilaxia pré-exposição para HIV: medicação intramuscular pode ser eficaz?

O paciente de São Paulo não apenas não experimentou uma recuperação, mas os seus anticorpos contra o HIV também caíram para níveis extremamente baixos, sugerindo a possibilidade de que ele possa ter eliminado células infectadas nos gânglios linfáticos e no intestino.

“Este caso é extremamente interessante, realmente espero que possa impulsionar pesquisas adicionais para uma cura do HIV”, disse Andrea Savarino, médico do Instituto de Saúde da Itália que liderou o teste, em uma entrevista ao portal NAM Aidsmap.

Todavia, quatro outros pacientes soropositivos tratados com o mesmo coquetel não obtiveram os mesmos efeitos positivos.

Na opinião de Sharon Lewin, especialista em HIV do Instituto Doherty, da Austrália, o estudo é muito interessante, mas promova ainda muitas dúvidas.

“Como este homem fez parte de um teste clínico maior, será importante entender totalmente o que aconteceu com os outros participantes”, Sharon Lewin.

Corrida por uma vacina ou tratamentos mais eficazes

A esperança de uma cura da doença cresceu nos últimos anos graças a dois casos de remissão: Timothy Ray Brown e um homem que pediu para ser chamado de paciente de Londres. Ambos receberam transplantes de medula óssea como parte de um tratamento para câncer. Os transplantes eliminaram as suas infecções e deram a eles novos sistemas imunológicos que resistem à infecção pelo vírus.

Veja mais: Terapia intramuscular de longa duração para HIV: resultados promissores

Contudo, os transplantes de medula óssea são intervenções caras e complicadas que podem ter sérios efeitos colaterais.

O HIV se mostrou de difícil eliminação porque o vírus transforma o seu material genético em cromossomos humanos, onde pode permanecer adormecido, “driblando” a vigilância imunológica que normalmente elimina invasores estrangeiros. De acordo com os especialistas, essas células silenciosamente infectadas podem persistir indefinidamente porque possuem propriedades semelhantes às células-tronco e podem criar clones de si mesmas.

Já foram apresentadas diversas estratégias para liberar reservatórios de células que abrigam infecções latentes pelo HIV, mas nenhuma se mostrou eficaz.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Referências bibliográficas:

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