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Já é uma realidade aqui no Brasil a realização de uma cirurgia na coluna por endoscopia. A técnica, estudada pelos alunos da Universidade de São Paulo (USP), é praticada com sucesso no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HC-RP). Realizada amplamente em países como China, Estados Unidos e Alemanha, o procedimento utiliza, em vez de bisturis e pinças, alta tecnologia com câmera e instrumentos de proporção reduzida.
“Estamos descobrindo novas indicações para essa cirurgia a cada dia. Existia em pensamento de que este procedimento era destinado somente para um grupo específico de patologias. E, com o decorrer do desenvolvimento técnico e tecnológico dos equipamentos, observamos que esse método pode ser utilizado para muitos mais do que um grupo específico de patologias na coluna e pacientes. Estamos descobrindo novas indicações a cada dia”, revela João Paulo Bergamaschi, diretor clínico da DWS Spine Clinic Center e uma das referências nacionais em Cirurgia Endoscópica da Coluna Vertebral.
No interior de São Paulo, a nova técnica chega gratuitamente aos pacientes através de um curso de pós-graduação inédito no Brasil oferecido pela Faculdade de Medicina (FMRP), em parceria com o DWS Spine Research Center.
A cirurgia de coluna por endoscopia já é realizada em clínicas e hospitais particulares no país. Alguns planos de saúde estão autorizando esse tipo de procedimento, que ainda não é obrigatório pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Já no SUS (Sistema Único de Saúde), essa técnica ainda deve demorar alguns anos para ser amplamente oferecida a toda a população brasileira. Em São Paulo, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, unidade ligada à Secretaria de Estado da Saúde, já oferece o tratamento de hérnia de disco lombar por cirurgia endoscópica.
Cirurgia endoscópica
Segundo João Paulo Bergamaschi, a cirurgia de coluna está passando por uma transição da mesma forma que a cirurgia de joelho passou na década de 80, que a de ombro passou na década de 90 e que a de quadril passou no início do ano 2000, que é uma transição da cirurgia aberta pela de vídeo.
No método tradicional, o paciente é posicionado de bruços na mesa cirúrgica, onde recebe uma anestesia geral. Dependendo do problema a ser tratado, o tamanho do corte na coluna pode variar de 5 a 25 centímetros e, após o problema ser solucionado, o procedimento ainda demanda um trabalho de fixação em função do descolamento da musculatura dos ossos.
Já na cirurgia endoscópica, o paciente recebe apenas uma anestesia local e fica sob efeito de uma sedação leve, o que o permite acompanhar a cirurgia e dar retornos imediatos sobre os sintomas, como a ausência ou não de dor. “A vantagem de realizar a cirurgia com anestesia local e sedação é permitir uma interação imediata com o paciente, de forma que temos uma segurança maior em relação à questão neurológica”, explica Bergamaschi.
Nesta nova técnica, o corte feito para introduzir a câmera com os instrumentos automatizados possui em torno de 0,5 centímetro e o procedimento dura de 15 minutos a duas horas. Outra vantagem está no índice de complicações após a cirurgia, de 5% contra 25% da convencional.
Reabilitação rápida e com menos dor
Bergamaschi ressalta que em relação ao paciente, o principal benefício da nova técnica é a reabilitação precoce. Os pacientes sentem menos dor na reabilitação e ficam menos tempo internados. E isso impacta diretamente no custo total do tratamento. “Em relação ao tempo de internação é um procedimento basicamente ambulatorial, independente do tipo de anestesia”.
Já para os médicos, o melhor benefício é propiciar aos seus pacientes uma reabilitação mais rápida, um procedimento menos invasivo e mais moderno. E para os profissionais de saúde que desejam estar na ponta do mercado, à frente das novas técnicas e virar uma referência em uma região, e até mesmo no Brasil, é fundamental acompanhar e conhecer todos os novos procedimentos que estão surgindo por aí. “O procedimento endoscópico é, atualmente, o que existe de mais moderno e o que está atraindo a atenção dos médicos e dos pacientes em todo o mundo”, afirma o especialista.
“O Brasil, apesar de ser um país tradicionalmente que não publica muitas pesquisas e estudos internacionalmente, na prática, tem realizado procedimentos e técnicas que os países do primeiro mundo também estão fazendo. Não deixamos nada a desejar tecnicamente para os grandes centros mundiais”, destaca Bergamaschi.
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Referências:
- https://uspdigital.usp.br/apolo/apoObterCurso?cod_curso=170200020&cod_edicao=17001&numseqofeedi=1
- http://portal.saude.sp.gov.br/ses/noticias/2014/fevereiro/hc-lanca-cirurgia-endoscopica-inedita-no-sus-para-tratar-hernia-de-disco
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