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Saúde4 fevereiro 2017

Cannabis: os bons e maus efeitos da maconha

A discussão sobre o uso medicinal e a legalização da maconha no Brasil e no mundo dividem opiniões. A escassez de discussão posterga o avanço das pesquisas.

Por Bernardo Schwartz

A discussão sobre o uso medicinal e a legalização da maconha no Brasil e no mundo dividem opiniões. Nesse contexto, o preconceito, a desinformação e a escassez de discussão sobre o tema postergam ainda mais o avanço das pesquisas a respeito dessa substância.

O fato é que a maconha pode ser encarada como substância terapêutica quando, através de estudos, forem estipuladas a quantidade segura e a qualidade da maconha a ser utilizada. A intenção aqui não é o debate a respeito da descriminalização da droga ou sua legalização, mas sim a discussão de um novo medicamento que, como já foi comprovado, apresenta muitos benefícios para o tratamento de inúmeras doenças.

Evidências substanciais sugerem que o consumo de cannabis está associado ao desenvolvimento de psicose e esquizofrenia, mas estudos também mostram que a substância pode ter benefícios, incluindo alívio da dor crônica e de náuseas induzidas por quimioterapia, de acordo com um novo relatório sobre os benefícios e danos da cannabis da Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina (ANC) dos Estados Unidos.

O relatório, que contém 100 conclusões baseadas em evidências sobre a cannabis, incluindo os produtos derivados dela, exige a remoção de barreiras que impedem os cientistas de obter uma compreensão mais ampla da substância.

Os membros do comitê disseram que mais orientação é necessária, especialmente porque 22 milhões de americanos com mais de 12 anos relatam o consumo habitual de cannabis – a maioria para fins recreativos. Vinte e oito estados e Washington, DC, legalizaram a maconha para uso médico, e oito estados e o Distrito de Columbia permitem o uso recreativo. “Esta crescente aceitação, acessibilidade e uso de cannabis e seus derivados têm levantado importantes preocupações de saúde pública”, disse a presidente do comitê da ANC, Marie McCormick. A Dra. McCormick disse que a falta da pesquisa significa que os usuários não têm informações das quantidades apropriadas, úteis ou seguras da cannabis.

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Ao compilar o relatório, o comitê da ANC avaliou mais de 10.000 resumos relevantes, dando maior preferência às revisões sistemáticas realizadas de 2011 a 2016, e “pesquisa primária de alta qualidade” focada em 11 parâmetros de saúde. “Em alguns casos, discutimos possíveis razões para a associação, mas na grande maioria dos casos, essas associações estatísticas são apenas isso – associativa, não causal”, disse o membro Sachin Patel, MD, PhD, professor associado de psiquiatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Vanderbilt, Nashville, Tennessee.

Efeitos sobre a saúde mental

A evidência mostra que o uso de cannabis é plausível de aumentar o risco de desenvolver esquizofrenia, outras psicoses e distúrbios de ansiedade social e, em menor grau, a depressão. O Dr. Patel observa que “há pouca informação sobre causalidade”.

O comitê encontrou evidências moderadas de aumento dos sintomas de mania e hipomania em pacientes com transtorno bipolar que usam cannabis regularmente, e havia evidências de um aumento na incidência de ideação suicida e tentativas de suicídio com o consumo intenso.

As evidências que relacionam o consumo de cannabis e o abuso de outras substâncias foram classificadas como “moderadas”.

Os dados foram mais fortes para apoiar os efeitos benéficos da cannabis no alívio da dor crônica, náuseas e vômitos induzidos pela quimioterapia e na melhora dos sintomas da esclerose múltipla. Para essas condições, “há boas evidências de que alguns pacientes obtêm alívio substancial com o uso da cannabis ou com produtos à base dela”, disse o Dr. Hennessy.

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A cannabis pode apresentar riscos, incluindo o agravamento dos sintomas respiratórios e uma maior frequência de bronquite com o fumo prolongado, aumento dos acidentes com veículos motorizados e um baixo peso ao nascer dos filhos de gestantes fumantes. O comitê também encontrou um risco aumentado de overdose de cannabis em crianças onde a substância é legal.

O comitê sugeriu às agências federais de saúde o financiamento de um “workshop” para criar padrões de pesquisa e referências “para orientar e garantir a pesquisa de cannabis de alta qualidade”. Defenderam também uma maior vigilância do uso de cannabis para determinar melhor como e quando os americanos usam a maconha e o que seu uso pode significar a curto e longo prazo.

Referência:

  • Cannabis: Expert Report Details Health Effects — Good and Bad. Medscape. Jan 13, 2017.

 

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