A asma não é fator de risco para quadros graves de Covid-19, apontou uma pesquisa publicada na revista científica Annals of the American Thoracic Society, que constatou um baixo número de pacientes asmáticos hospitalizados com o novo coronavírus.
Um segundo estudo, realizado desta vez por um grupo de pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e da Faculdade de Enfermagem (Fenf) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), analisou dados de artigos científicos publicados durante os primeiros seis meses da pandemia e também chegaram na mesma conclusão.
“A revisão sistemática identificou 1.069 artigos que descreveram os quadros clínicos e antecedentes médicos de 161.271 pacientes com a Covid-19. O estudo revelou que somente 1,6% dos pacientes tinham diagnóstico prévio de asma”, explica o médico e pesquisador Lício Augusto Velloso.
Os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Global Asthma Report apontam que 4,4% da população mundial têm diagnóstico de asma.
Leia também: O escore de Wood-Downes na avaliação da gravidade da asma em pediatria
Orientações aos médicos
Com base em todos esses resultados, os médicos podem tranquilizar com mais base e segurança seus pacientes asmáticos em relação aos riscos da pandemia.
“Nesse um ano de pandemia percebi a redução na procura de continuidade do tratamento, o que causa preocupação”, disse a pneumologista pediátrica Patrícia García-Zapata, que atende no Tumi Espaço Clínico, no Orion Complex, em Goiânia.
Ela salientou que o uso de medicações de controle para asma deve ser mantido durante a pandemia, exceto nos casos em que o paciente tenha quadro asmático controlado. O uso de medicações por inaladores deve ser priorizado ao invés de nebulizadores, pelo risco de geração de aerossol por nebulização. Já o uso de imunoterapia aeroalérgena e/ou fármacos biológicos pode ser mantido, priorizando a aplicação domiciliar.
Cuidados com as crianças asmáticas
Em crianças asmáticas, a recomendação é o uso de nebulizador ou espaçador. Ambos são eficazes, desde que a técnica seja realizada de forma correta. O uso da via inalatória diminui o problema da absorção sistêmica do medicamento, podendo ser oferecido em menor quantidade.
Patrícia García-Zapata revelou os principais sintomas que devem ser observados nos pequenos. “Tosse prolongada, tosse seca, chiado no peito, quando a criança cansa rápido durante atividades físicas, cansaço ou tosse após gargalhadas, tosse ou dor no peito quando está dormindo, podendo causar despertar noturno”, detalhou a pneumologista pediátrica.
Já em relação aos principais sintomas respiratórios que levantam a suspeita da infecção pelo novo coronavírus, a especialista mencionou a febre, dor no corpo e um mal-estar importante, em que é perceptível que o estado de saúde da criança está prejudicado. García-Zapata ainda citou dor de garganta e falta de ar como sinais relevantes da Covid-19 no público infantil.
Saiba mais: Dia Nacional de Controle da Asma
Vale ressaltar que os fatores secundários podem ajudar na separação entre quadros alérgicos e a Covid-19, incluindo os problemas gastrointestinais, como diarreia e vômito.
O tempo seco desta época do ano também contribui para o agravamento dos sintomas. “Além disso, muitos pacientes têm gatilho, com a mudança do tempo os sintomas aparecem”, ressaltou Patrícia García-Zapata.
Referências bibliográficas:
- Jornal da Unicamp. Pesquisadores da Unicamp sugerem que asma não é um fator de risco importante para Covid-19. Disponível em: https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2021/01/26/pesquisadores-da-unicamp-sugerem-que-asma-nao-e-um-fator-de-risco-importante
- Mendes NF, et al. Asthma and COVID-19: a systematic review. Allergy Asthma Clin Immunol. 2021;17(5). doi: 10.1186/s13223-020-00509-y
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.