A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, no dia 15 de dezembro, uma nova indicação para a semaglutida 2,4 mg, comercializada no Brasil como Wegovy. O medicamento passa a ser autorizado para o tratamento da esteatohepatite associada à disfunção metabólica (MASH), forma inflamatória da gordura no fígado, em adultos com fibrose hepática moderada a avançada, nos estágios 2 ou 3, sem cirrose. Até então, a semaglutida era indicada no país apenas para o tratamento da obesidade.
A decisão representa um avanço relevante no manejo de uma condição considerada silenciosa e progressiva. A gordura no fígado atinge cerca de 30% da população global e está fortemente associada ao sobrepeso, à obesidade, ao diabetes e a outras alterações metabólicas. Estima-se que mais de 250 milhões de pessoas vivam atualmente com MASH no mundo, número que pode dobrar até 2030 nos estágios mais avançados da doença.
Saiba mais: OMS publica guideline para uso de GLP-1 no tratamento da obesidade
A MASH é caracterizada pelo acúmulo de gordura no fígado acompanhado de inflamação persistente, que pode levar à fibrose, cirrose, câncer hepático e à necessidade de transplante. Além das complicações hepáticas, pacientes com a doença apresentam risco cardiovascular significativamente maior, com aumento da incidência de infarto e acidente vascular cerebral.
Sobre o uso de semaglutida para tratar gordura no fígado
A agência considera que a aprovação inaugura uma nova perspectiva terapêutica, já que tem a capacidade de reduzir a progressão para formas graves da doença, que está diretamente ligada à epidemia global de obesidade e diabetes. A decisão da Anvisa foi baseada nos resultados do estudo de fase 3 ESSENCE, que acompanhou cerca de 1.200 pacientes. Após 72 semanas, 63% dos participantes tratados com semaglutida apresentaram resolução da inflamação hepática, contra 34,3% no grupo placebo. Houve ainda melhora da fibrose em 37% dos pacientes, comparado a 22,4% no grupo controle.
Segundo a Anvisa, a nova indicação amplia o papel da semaglutida no tratamento de doenças metabólicas complexas e reforça a importância de estratégias integradas que combinem medicação, mudanças no estilo de vida e acompanhamento médico contínuo.
*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal Afya
Autoria

Roberta Santiago
Roberta Santiago é jornalista desde 2010 e estudante de Nutrição. Com mais de uma década de experiência na área digital, é especialista em gestão de conteúdo e contribui para o Portal trazendo novidades da área da Saúde.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.