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Clínica Médica23 maio 2025

Semaglutida no tratamento da MASH: resultados do estudo ESSENCE

Estudo avaliou a eficácia e segurança da semaglutida entre pacientes adultos com MASH e fibrose hepática documentada por biópsias realizadas antes e após a intervenção
Por Leandro Lima

A esteato-hepatite associada à disfunção metabólica (MASH) é uma forma grave — e cada vez mais prevalente — de doença hepática crônica, que se associa a desfechos nefastos tanto hepáticos, com o incremento do risco evolutivo para cirrose e carcinoma hepatocelular (CHC), quanto cardiovasculares 

O estudo ESSENCE, publicado em maio de 2025 no NEJM, destacou-se por sua natureza multicêntrica, com a participação de 37 países, contemplando sobretudo a América do Norte, Europa e Ásia.  

Métodos 

Trata-se de RCT de fase 3 e duplo cego que avaliou a eficácia e segurança da semaglutida, um agonista do GLP-1, entre pacientes adultos (≥ 18 anos) com MASH e fibrose hepática documentada por biópsias realizadas antes (com inclusão apenas de fibrose em estágio 2 e 3) e após a intervenção. 

Posologia da Semaglutida 

  • Dose inicial: 0,25 mg SC 1x/semana; 
  • Incrementos graduais a cada 4 semanas: 0,5 ⇒ 1,0 ⇒ 1,7 mg.  
  • Dose alvo: 2,4 mg SC 1x/semana.   

Os principais critérios de exclusão foram etiologias de hepatopatia distintas de MASH; consumo alcoólico > 20 ou 30 gramas/dia entre mulheres e homens, respectivamente; descompensações agudas ou MELD > 12 pontos; aumento de transaminases > 5 vezes ou taxa de filtração glomerular < 30 mL/min/1,73m², HbA1C > 9,5%; e histórico de pancreatite. 

A análise interina por intenção de tratamento englobou 800 entre 1.200 pacientes randomizados entre maio/2021 e abril/2023, alocados em uma taxa de 2:1 (oportunizando uma intervenção promissora para um maior número de pacientes do estudo) e acompanhados por um período de 72 semanas:  

  • Grupo semaglutida: 534; 
  • Grupo placebo: 266. 

A mediana de idade foi de 56 anos, IMC de 34,6 e a maioria dos pacientes foi constituída por mulheres (57,1%), caucasianos (67,5%) e diabéticos (55,9%) 

Os desfechos primários, analisados sob a égide de um poder estatístico de 90% para detectar uma diferença de risco de 35%, foram os seguintes:  

  1. Resolução da esteato-hepatite sem piora da fibrose;  
  2. Regressão da fibrose sem agravamento da inflamação hepática.  

Resultados 

Os principais resultados foram destacados na sequência: 

 

Semaglutida 

 

 

 

 

vs 

Placebo 

Diferença entre os grupos (IC 95%) 

Resolução da inflamação 

62,9% 

34,3% 

21,1 a 36,2% (P < 0,001) 

Melhora da fibrose 

36,8% 

22,4% 

7,5 a 21,3% (P < 0,001) 

Desfechos combinados 

32,7% 

16,1% 

10,2 a 22,8% (P < 0,001) 

Perda ponderal média 

10,5% 

2%  

7,4 a 9,6% (P < 0,001) 

Em relação à segurança, os eventos adversos foram majoritariamente gastrointestinais, como náuseas e diarreia, não levando à descontinuação do tratamento na maioria dos casos. A taxa de eventos graves foi semelhante entre os grupos (13,4%) e 83,5% dos alocados ao grupo semaglutida foram capazes de permanecer na dose alvo (2,4 mg/semana) até a semana 72. 

As principais limitações que destacamos foi a subrepresentação da população preta e a não utilização de biomarcadores relativos ao consumo de álcool.  

Conclusão e mensagens práticas 

  • A semaglutida tem se consolidado como uma intervenção promissora, em termos de melhora histológica hepática, entre indivíduos com MASH e fibrose moderada a avançada (F2-F3).  
  • Os resultados tratados na presente sinopse foram interinos, de forma que o estudo segue em andamento, com planejamento de seguimento por cerca de 5 anos, com o intuito de analisar desfechos brutos, como a sobrevida livre de cirrose. 

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Referências bibliográficas

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