Logotipo Afya
Anúncio
Saúde29 abril 2025

Anvisa aprova novo medicamento para tratamento do câncer de pâncreas

ONIVYDE promete melhorar a sobrevida de pacientes com adenocarcinoma metastático que não responderam a tratamentos anteriores para câncer de pâncreas
Por Redação Afya

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro do ONIVYDE (irinotecano lipossomal peguilado) para o tratamento do adenocarcinoma metastático de pâncreas em adultos que não responderam à terapia inicial com gencitabina. Desenvolvido pelo laboratório Servier, o ONIVYDE é uma quimioterapia intravenosa administrada em combinação com 5-fluoruracila (5-FU) e leucovorina (LV).

A aprovação foi baseada nos resultados do estudo de fase 3 NAPOLI-1, que demonstrou aumento da sobrevida mediana de 4,2 para 6,1 meses e redução de 33% no risco de morte. Além de retardar a progressão da doença – 3,1 meses, contra 1,5 meses no grupo que não usou a combinação. Os pacientes submetidos ao tratamento também alcançaram uma taxa de controle da doença de 52%, contra 24% do grupo que administrou somente 5-fluoracila e leucovorina. No estudo, 25% dos pacientes tratados com a combinação de medicamentos continuaram vivos após 1 ano. “

Leia ainda: Câncer de testículo: 47,9 mil cirurgias realizadas no Brasil em nove anos 

Segundo o oncologista Dr. Tiago Felismino, do A.C. Camargo Cancer Center, essa nova opção busca melhorar a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes. “Cada mês adicional de sobrevida é fundamental para os pacientes, e os dados do estudo NAPOLI‑1 mostram claramente que estamos avançando em uma área onde as alternativas eram extremamente limitadas”, afirmou.

O medicamento utiliza uma tecnologia de encapsulamento lipossomal peguilado, prolongando a exposição ao organismo e permitindo eficácia com doses menores. Já aprovado nos Estados Unidos e na União Europeia, o tratamento agora aguarda definição de preço para ser disponibilizado no Brasil.

Câncer de pâncreas: silencioso e desafiador

O câncer de pâncreas é um dos mais agressivos e de difícil diagnóstico. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 80% dos casos são detectados em estágio avançado, devido à ausência de sintomas iniciais. Apesar de não ser dos tipos mais frequentes, é responsável por 5% das mortes por câncer no Brasil.

O adenocarcinoma ductal pancreático (ADP) é o tumor mais comum, representando 90% dos casos. Existem também tumores neuroendócrinos pancreáticos (TNE-P), menos frequentes, mas igualmente graves. Entre os fatores de risco estão tabagismo, obesidade, diabetes, pancreatite crônica e exposição ocupacional a solventes e agrotóxicos. Aproximadamente de 10% a 15% dos casos têm origem hereditária, ligados a mutações nos genes BRCA1, BRCA2 e PALB2.

Saiba mais: ACP 2025: Câncer de pulmão – avanços no tratamento e rastreamento

Sintomas

Os sintomas iniciais são variados e pouco específicos, incluindo dor abdominal, perda de peso, icterícia, urina escura, fezes claras, náuseas, cansaço e dores nas costas. Um diabetes de surgimento recente também pode ser um indicativo. Estudo da Universidade de Oxford identificou até 23 sinais que podem surgir até um ano antes do diagnóstico.

O diagnóstico é feito por exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia e ressonância, além de biópsia para confirmação. A cirurgia é o único tratamento curativo, mas é viável apenas para uma minoria dos casos. Para os demais, a quimioterapia e a radioterapia são as principais opções, agora reforçadas com a aprovação do ONIVYDE.

Casos recentes

A doença ganhou destaque recente com a morte do jornalista Léo Batista e da atriz Lucia Alves, além do diagnóstico precoce do guitarrista Tony Bellotto, que se afastou dos palcos para tratamento.

Embora não existam métodos eficazes de rastreamento populacional, hábitos de vida saudáveis — como não fumar, manter o peso adequado e controlar o diabetes — são fundamentais para reduzir o risco de desenvolver câncer de pâncreas.

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Saúde