A American Academy of Pediatrics (AAP) deu uma declaração sobre o uso de adoçantes artificiais por crianças. Segundo a entidade, adoçantes não nutritivos ou artificiais estão sendo consumidos por, pelo menos, uma em cada quatro crianças.
A declaração recomenda que a quantidade desses adoçantes seja listada nos rótulos dos produtos para que as famílias e os pesquisadores possam entender melhor a quantidade que as crianças estão consumindo, os possíveis efeitos para a saúde infantil e como afetam o peso, preferências de sabor, risco de diabetes e segurança a longo prazo.
Os adoçantes aprovados pela Food and Drug Administration (FDA) são: sacarina, aspartame, sucralose, neotame, acessulfame-potássio e advantame. A estévia e o luo han guo (fruto do monge) são aprovados sob a designação geralmente reconhecido como seguro. Esses produtos são 180 a 20 mil vezes mais doces que o açúcar.
A AAP recomenda que os fabricantes de alimentos e bebidas informem o conteúdo do adoçante nos rótulos das embalagens, ao invés de apenas listá-los entre os ingredientes, uma vez que agora eles são tão amplamente disponíveis e consumidos pela população.
Pesquisas anteriores já mostraram que muitos pais não sabem o que os seus filhos estão consumindo. Apenas 23% dos pais sabem identificar corretamente os produtos que contém adoçantes não nutritivos e 53% disseram que procuram itens com rótulo “açúcar reduzido”, mas a maioria não reconheceu que o sabor doce estava sendo fornecido por um adoçante artificial.
“Tudo em excesso é prejudicial. O açúcar não pode ser o alimento básico em todas as refeições e em praticamente todos os alimentos. Deve ser consumido com moderação. A obesidade é uma epidemia que atinge inúmeras crianças americanas e as infinitas ofertas de alimentos “sugar free” parecem ser a solução para muitos pais e cuidadores”, analisa a pediatra Roberta Esteves Vieira de Castro, editora médica do Portal de Notícias da PEBMED.
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A pediatra lembra que não existem estudos que falem sobre o benefício de adoçantes e os seus efeitos em longo prazo na população pediátrica, sendo que um dos fatores que contribui para essa escassez é o fato de não se conseguir mensurar o quanto de adoçantes as crianças consomem.
“Daí a preocupação da Academia Americana de Pediatria. Colocar as quantidades e o tipo de adoçante que está contido em determinado alimento “sugar free” permite que os responsáveis saibam o que as crianças estão realmente comendo”, ressalta Roberta de Castro.
Quais os adoçantes mais recomendados para as crianças?
De acordo com a nutricionista do Espaço Stella Torreão, Luciana Sarmento, pós-graduada em Nutrição Clínica e Funcional, se a criança precisar fazer uso de adoçantes artificiais por alguma situação específica de saúde o mais indicado é o stévia. Lembrando que o ideal é não utilizar nem açúcar nem adoçante e, sim, acostumar a criança com o sabor original do alimento.
“Minhas sugestões para a substituição são: stévia, xylitol e erytritol. Mesmo possuindo baixo índice glicêmico, estudos têm mostrado que eles podem aumentar a resistência à insulina, através de seu efeito sobre a flora intestinal, com exposição crônica. Assim, a insulinemia pós-prandial aumenta, mesmo que a insulina de jejum ou imediatamente pós-adoçante continue normal”, explica a nutricionista.
Para cada adoçante, o FDA estabelece uma ingestão diária aceitável, em mg por kg de peso corporal, que é a quantidade de adoçante considerada segura para consumir todos os dias por toda a vida da pessoa.
Para Luciana Sarmento, é preciso recomendar aos pais para não oferecer açúcar adicionado de nenhum tipo (refinado, cristal, mascavo, mel, melado, rapadura, etc.) durante os dois primeiros anos de vida da criança. “Sabe-se que os açúcares adicionados têm efeitos prejudiciais, incluindo uma associação entre ingestão de açúcar e distúrbios metabólicos como obesidade, dislipidemias, aumento da pressão arterial, diabetes mellitus. Alguns tipos de câncer também podem estar associados ao excesso do uso de açúcar, assim como distúrbios cognitivos e cáries”, destaca a especialista em nutrição, que enfatiza que não está claro ainda se existem efeitos a longo prazo sobre a saúde desses produtos em crianças.
“A Associação Americana de Pediatria está defendendo mais pesquisas e lembra aos pais que o uso de adoçante sozinho, sem outras mudanças na dieta e no estilo de vida, provavelmente não levará a uma perda de peso significativa”, conclui Luciana Sarmento.
*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED
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