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Reumatologia2 fevereiro 2023

Suspensão de metotrexato pré-vacinação contra influenza: quanto tempo aguardar?

Estudo avaliou se a suspensão do metotrexato por uma semana seria não inferior à suspensão por duas semanas, para resposta vacinal.

Por Gustavo Balbi

Os pacientes com doenças reumáticas imunomediadas possuem um risco aumentado de infecções. Desse modo, a vacinação é um aliado importante do reumatologista na prevenção desse tipo de agravo nesses pacientes. No entanto, devido ao uso de medicamentos imunossupressores, sabemos que a resposta vacinal nesses casos pode ser aquém da desejada.

Já foi demonstrado que o metotrexato (MTX), DMARD de primeira linha para o tratamento da artrite reumatoide (AR), diminui de maneira significativa a resposta vacinal às vacinas antipneumocócia e contra influenza (particularmente contra novas cepas). Além disso, já foi documentada que a suspensão temporária do metotrexato se associa com melhores respostas vacinais contra influenza. No entanto, o tempo ideal de suspensão da medicação ainda não é conhecido: é importante balancearmos a melhora na resposta vacinal e o risco de reativação da doença.

Leia também: Rastreamento e profilaxia de infecções crônicas e oportunistas em reumatologia

Nesse sentido, Park et al. desenvolveram um estudo com o objetivo de avaliar se a suspensão do metotrexato por uma semana seria não inferior à suspensão do metotrexato por duas semanas, no que diz respeito à resposta vacinal.

Suspensão de metotrexato pré-vacinação contra influenza: quanto tempo aguardar?

Métodos

Trata-se de um ensaio clínico de não inferioridade, multicêntrico, prospectivo, randomizado, de grupos paralelos. Foram incluídos pacientes com AR e dose estável de MTX.

Os pacientes incluídos foram randomizados para proporção de 1:1 para suspender o MTX por 1 semana ou 2 semanas após a vacinação contra a influenza. A vacina aplicada foi a quadrivalente do ano de 2021-2022 (cepas: H1N1, H3N2, B/Yamagata, and B/Victoria).

O desfecho primário analisado foi o incremento de ≥ 4 vezes nos títulos de anticorpos contra duas ou mais cepas, quatro semanas após a vacinação (resposta vacinal satisfatória). Os anticorpos foram coletados nas semanas 0, 4 e 16 e avaliados através do ensaio inibidor de hemaglutinação.

Diversos desfechos secundários foram analisados, incluindo soroconversão e soroproteção (títulos ≥ 1:40).

Resultados

Foram incluídos 184 pacientes (92 para cada grupo). Após exclusões, foram incluídos 90 pacientes no grupo de 1 semana e 88 pacientes no grupo de duas semanas na análise por intenção de tratar. Não houve diferença entre os grupos em termos de características basais (incluindo idade e tratamentos). As doses médias de MTX eram baixas (12,6 vs. 12,9 mg/semana, sem diferença entre grupos).

Em termos de eficácia, não houve diferença entre os grupos na proporção de resposta vacinal satisfatória 68,9 vs. 75,0%, p=0,364), taxa de soroproteção

Com relação à reativação de doença, as taxas de reativações em quatro semanas foram superiores no grupo de duas semanas (12,9%), quando comparados com o de uma semana (4,5%, p=0,05). Não foram observados eventos adversos graves.

Saiba mais: Risco de fibrose hepática associado à terapia com metotrexato

Comentários sobre a suspensão de metotrexato

Esse estudo demonstrou a não inferioridade da suspensão do MTX por 1 semana, quando comparado com a suspensão por duas semanas.

O DAS28 médio não variou muito em relação ao baseline e não diferiu entre os grupos. No entanto, os autores relataram que as taxas de reativação da AR na semana 4 após a suspensão do MTX foi maior no grupo de duas semanas de suspensão.

Desse modo, podemos concluir que a suspensão do metotrexato por uma semana após a vacinação da influenza é uma estratégia eficaz e segura. Sendo assim, ela pode ser utilizada na prática clínica, com o objetivo de melhorar o equilíbrio entre a resposta vacinal e o risco de reativação.

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Referências bibliográficas

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