Paciente masculino, 13 anos, chega ao consultório de pediatria, onde é constatado baixo peso (percentil 12). A familiar do paciente (genitora) refere que o paciente mudou seu padrão alimentar no último ano, após um caso de gastroenterite, quando chegou a permanecer em observação hospitalar por algumas horas. Na ocasião, a suspeita é de que o quadro tenha sido desencadeado por algum alimento contaminado que ingeriu durante uma viagem a um local de praia. Desde então, o paciente teria recusado alimentos similares aos que ingeriu na ocasião, mas, com o passar dos meses, vem restringindo cada vez mais sua dieta alegando medo de passar mal. Antes do episódio de gastroenterite, alimentava-se de forma adequada para a idade e seu peso e altura encontravam-se adequados nos gráficos de percentil.
Quando o médico lhe pergunta se está fazendo dieta de propósito para perder peso ou por não gostar do seu corpo, o paciente nega. Diz se lembrar do episódio de intoxicação no ano anterior e ter medo de que volte a passar mal daquela maneira. Sua genitora informa que o filho é o 2o de uma prole de 2. Sua gestação foi desejada e não houve intercorrências durante a gravidez. O paciente nasceu a termo, com Apgar 8 e 9, segundo sua carteirinha. Não há indícios de atraso no desenvolvimento, presença de estereotipias, inflexibilidade, interesses restritos ou dificuldades acadêmicas. O paciente apresenta um temperamento tímido, mas possui amigos na escola, onde estuda desde sempre. Possui boa relação com os amigos, com quem gosta de brincar, e pratica futebol 2x/semana. Na escola, suas notas são medianas, assegurando aprovações. Nega bullying ou sintomas depressivos, embora se mostre ansioso na hora da alimentação. Frequentemente, recusa-se a se alimentar na escola. Eventualmente sente dores de cabeça durante as aulas. Em casa, prefere alimentos líquidos, como leite, iogurte e sucos, estabelecendo uma série de restrições a alimentos sólidos, com recusa absoluta a frutos do mar. A hora das refeições é marcada por conflitos com familiares, que insistem que ele coma, enquanto o paciente empurra os alimentos no prato ou brinca com eles, mas resiste a ingeri-los. Nega fome excessiva ou ingestão de grande quantidade de comida para compensar a recusa das refeições. Afirma não sofrer com pesadelos frequentes com temática específica, sintomas somáticos, dificuldade de concentração, aumento da tensão ou pensamentos intrusivos.
O médico solicita exames complementares para avaliar o estado nutricional, encaminha para o serviço de nutrição e prescreve suplementos para estimular o ganho de peso. O paciente aceita tomar os suplementos e passar por avaliação nutricional.
Qual o diagnóstico provável e a abordagem complementar mais indicada?
AAnorexia nervosa / Terapia Cognitivo-Comportamental
BBulimia nervosa / Fluoxetina 10 mg/dia
CTranstorno Alimentar Restritivo-Evitativo / Terapia Cognitivo-Comportamental
DTranstorno de estresse pós-traumático / Iniciar Fluoxetina 10 mg/dia
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