Logotipo Afya
Anúncio
Psiquiatria30 maio 2024

Estudo avalia relação entre uso de cannabis por gestantes e TEA nos filhos

Análise de coorte encontrou um risco maior de transtorno do espectro autista (TEA) em filhos de mães usuárias de cannabis.

Artigo recentemente publicado na revista Psychiatry Research investigou a associação entre exposição perinatal, pré-natal e pré-gestação à cannabis em gestantes e o risco do desenvolvimento de transtorno do espectro autista (TEA) na prole. 

Os pesquisadores analisaram informações de mais de 200 mil pares de mães-filhos entre janeiro de 2003 e dezembro de 2005. Os dados utilizados vieram da base australiana New South Wales (NSW) Perinatal Data Collection (PDC).  

De acordo com achados de estudos anteriores sobre a utilização de cannabis pela população australiana, 1 em cada 5 gestantes utilizaram a substância durante a gravidez. 

Criança autista sentada ao chão em razãao do uso de cannabis durante a gestação

Metodologia e achados 

A variável de exposição e o desfecho de interesse foram identificados utilizando os parâmetros do CID-10 (com alterações regionais). Foram realizados ajustes para fatores confundidores como níveis socioeconômicos e demográficos, utilização de tabaco, distúrbios mentais e comorbidades maternas, gênero da criança, baixo peso ao nascer e prematuridade.  

Leia também: Cannabis e canabinoides em adultos com câncer: Diretriz da ASCO 

Entre os 222.534 pares de mães-filhos analisados, 1.441 crianças foram diagnosticadas com TEA. Os responsáveis pelo estudo encontraram uma chance 3 vezes maior de desenvolvimento de TEA em crianças cujas mães se expuseram a cannabis em comparação com crianças com mães sem exposição. Filhos do sexo masculino ainda apresentaram um risco maior em comparação com meninas. 

Entre as crianças diagnosticadas com TEA, 32% vinham de famílias pobres, 14% também foram expostas a consumo de tabaco, 10% nasceram pré-termo, 9% apresentaram baixo peso ao nascer, 2,4% eram filhos de gestantes com diagnóstico de depressão, 1,9% foram expostos ao uso de opioide e 1,9% eram fruto de gestações com diagnóstico de distúrbio de ansiedade pré-natal. 

Entretanto, de acordo com os autores, as associações entre TEA e exposição à cannabis por parte da gestante permaneceram iguais depois do ajusto para fatores confundidores. 

Limitações 

Segundo os autores do estudo, os resultados encontrados correspondem aos apresentados por estudos anteriores nos Estados Unidos e Canadá. Além de coincidir com investigações anteriores que sugeriam que o THC, o psicoativo da cannabis, poderia atravessar facilmente a barreira placentária, o que poderia comprometer a circulação de sangue e desenvolvimento fetal.  

Contudo, eles apontam que a literatura sobre a questão ainda não é conclusiva. Com outros estudos tento obtidos resultados diferentes. 

Como limitações ao presente estudo, eles apontam a falta da análise de perfil paterno e de dados relativos a fatores genéticos e mais fatores ambientais. 

*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal Afya. 

Anúncio

Assine nossa newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Ao assinar a newsletter, você está de acordo com a Política de Privacidade.

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Referências bibliográficas

Compartilhar artigo