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Psiquiatria9 maio 2024

Desastres ambientais: Protocolos para cuidados psiquiátricos no Rio Grande do Sul

Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul divulgou diretrizes destinada a indivíduos envolvidos no apoio local em situações de emergências e desastres.
Por Tayne Miranda

A Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul preparou protocolos para organização do cuidado local em emergências ou desastres para pessoas envolvidas no apoio às vítimas das enchentes no estado, abordando os primeiros cuidados psicológicos, tanto na população adulta, quanto em crianças e adolescentes e a assistência de saúde mental em crises para profissionais de saúde mental.  

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Desastres ambientais: Protocolos para cuidados psiquiátricos no RS 

Primeiros Cuidados Psicológicos em Adultos 

Os primeiros cuidados psicológicos (PCP) é uma diretriz para prestação de assistência que respeita a dignidade, cultura e habilidade das pessoas e que pode ser usada por indivíduos leigos para a abordagem de vítimas de desastres. O PCP é reconhecido internacionalmente como uma intervenção eficaz para oferecer apoio psicológico a pessoas que passaram por situações traumáticas extremas. Os princípios dos primeiros cuidados psicológicos são observar, escutar e aproximar.  

O primeiro passo antes de abordar as pessoas é saber como atender as necessidades básicas delas (comida, roupa, abrigo, higiene etc.), direcionando-as para os locais corretos. Em seguida, deve-se apresentar falando o nome e qual a função que ocupa, conduzir a pessoa a um local seguro, mostrar-se disponível e atento para escutar, mas sem pressionar para que a pessoa fale e sem falar excessivamente. Pergunte a pessoa quais as necessidades dela e tente ajudar.  

São respostas emocionais normais a raiva, tristeza, indignação, inquietação, preocupação quanto ao futuro e não precisam de ajuda especializada em saúde mental. Pessoas muito agitada, confusas, com desejo de morte, ideação suicida ou que faziam tratamento psiquiátrico prévio e estão sem medicação devem ser encaminhadas para atendimento. É importante não deixar as pessoas com reações mais graves sozinhas.  

Primeiros Cuidados Psicológicos em Crianças e Adolescentes 

Os mesmos passos utilizados nos adultos valem para as crianças e adolescentes. No entanto, nessa população, as respostas emocionais esperadas variam conforme a idade. Em crianças de 2 a 5 anos é esperado brincadeiras ou perguntas repetitivas, ataques de raiva, choro, medo exacerbado, dificuldades para dormir, pesadelos, alterações de apetite e comportamentos regressivos (fazer xixi nas calças, chupar dedo). Para as crianças de 6 a 9 anos, raiva, culpabilização, medo do futuro, queixas físicas sem causa aparente e retraimento social. Entre aqueles com 10 e 12 anos podem ocorrer mudanças bruscas de humor, irritabilidade, agressividade, culpa, negação do que ocorreu, mudanças no sono e apetite e questionamentos sobre justiça ou moralidade. Para aqueles entre 13 e 18 anos, tristeza, ansiedade, irritabilidade, raiva, revolta, indiferença, pensamentos de morte e medo do futuro, mudanças de sono e apetite e uso de substâncias ou comportamento imprudente podem ser observados.   

Assistência de Saúde Mental em Crises e Desastres

São sintomas comuns alterações no sono e no humor, sintomas ansiosos e ataques de pânico, preocupações somáticas e uso de substâncias. Para as pessoas com sofrimento esperado para a situação, o profissional deve fornecer psicoeducação, reassegurar a capacidade de enfrentamento e estimular estratégias de autocuidado como manter bom padrão de sono, boa alimentação e contato com rede de apoio.  

É importante a avaliação de risco de suicídio, heteroagressão e de exposição moral e para pacientes com sofrimento agudo ou riscos elevados encaminhar para serviço de urgência/emergência psiquiátrica ou hospitalização.  

Para pacientes com sofrimento crônico ou risco moderado, fazer um plano de segurança pode ser suficiente. É importante lembrar que o uso de benzodiazepínicos deve ser evitado pelo papel iatrogênico a médio e longo prazo, aumentando a frequência de ocorrência de TEPT.

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Referências bibliográficas

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