A depressão é um fator de risco aceito para a demência, mas ainda não está claro se essa relação é causal. Um novo estudo Translational Psychiatry investigou se a demência associada à depressão diminui com o uso de antidepressivos e é independente do tempo entre a exposição à depressão e o início da demência.
Através de um sistema australiano de ligação de dados, pesquisadores seguiram 4.922 homens com idades entre 71 e 89 anos, inicialmente sem comprometimento cognitivo clinicamente significativo, entre 2001-2004 e junho de 2015.
Foram coletadas informações sobre história de depressão passada, depressão atual e gravidade de sintomas depressivos, uso de antidepressivos, idade, educação, tabagismo e história de diabetes, hipertensão, doença coronária e acidente vascular cerebral (AVC).
Um total de 682 homens apresentaram depressão passada (n = 388) ou atual (n = 294). Durante o seguimento de 8,9 anos, 903 (18,3%) desenvolveram demência e 1.884 (38,3%) morreram sem demência. Os sub-hazard ratios (SHRs) da demência para homens com depressão passada e atual foram 1,3 (intervalo de confiança [IC] de 95%: 1,0, 1,6) e 1,5 (IC de 95%: 1,2, 2,0). O uso de antidepressivos não diminuiu esse risco.
Em comparação com homens sem sintomas, os SHRs de demência associados a sintomas depressivos questionáveis, leve a moderados e graves foram 1,2 (IC de 95%:1,0, 1,4), 1,7 (IC de 95%: 1,4, 2,2) e 2,1 (IC de 95%: 1,4, 3,2), respectivamente.
Pelos resultados, os pesquisadores concluíram que a associação entre depressão e demência foi aparente apenas nos primeiros 5 anos de seguimento. Os homens mais velhos com história de depressão estão em maior risco de desenvolver demência, mas a depressão é mais provavelmente um marcador de demência incipiente do que um fator de risco verdadeiramente modificável.
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Referências:
- Almeida OP et al. Depression as a modifiable factor to decrease the risk of dementia. Transl Psychiatry 2017 May 2; 7:e1117. (https://dx.doi.org/10.1038/tp.2017.90)
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