A agomelatina (AGM) é um análogo da melatonina com ação antidepressiva, de primeira linha para o tratamento da depressão, com mecanismos de ação distintos: seletivamente antagonizando os receptores 5-HT2C/5-HT2B e também exercendo seus efeitos antidepressivos ativando os receptores de melatonina (MT) MT1 e MT2.1,2 Além do efeito antidepressivo, a AGM age em especial no tratamento de sintomas específicos, como anedonia, motivação reduzida e distúrbios do sono e do ritmo circadiano, otimizando a neurotransmissão de noradrenalina e dopamina no córtex frontal.3 A AGM possui um perfil de efeitos colaterais mais favorável, sem o ganho de peso, menos efeitos colaterais sexuais ou de síndrome de descontinuação, do que observado nos antidepressivos tradicionais.4
Alteração de sono e ritmo circadiano na saúde mental
O sono ocupa um papel central no manejo da saúde mental, influenciando uma ampla gama de funções cognitivas e emocionais, como consolidação de memória, resolução de problemas, criatividade, reatividade afetiva e gerenciamento de conflitos interpessoais.4
O desalinhamento entre o sistema circadiano e o ambiente externo pode ter um impacto pronunciado no funcionamento fisiológico, na saúde geral e na suscetibilidade a doenças, como aumento do risco de distúrbios metabólicos, doença coronariana, câncer e transtornos psiquiátricos.5 Os distúrbios do ritmo circadiano estão entre os principais fatores etiológicos para a depressão, e os genes reguladores do ritmo circadiano estão relacionados a doenças mentais.3,4 Exemplos são os pacientes com cronotipos vespertino serem mais suscetíveis aos transtornos depressivos, bem como a existência do transtorno afetivo sazonal, que se caracteriza por episódios depressivos maiores recorrentes durante o inverno associado à hipersonia, com maior procura por carboidratos e aumento do ganho ponderal, além de fadiga.6,7
Manejo de pacientes com distúrbio mental e alterações do ritmo circadiano
Alterações do sono e do ritmo circadiano desempenham um papel relevante na facilitação e manutenção de transtornos mentais pela interação das redes dopaminérgicas e serotoninérgicas com mecanismos biológicos de regulação circadiana e do sono.4,8,9 As queixas de alterações do sono, como insônia e sonolência, são comuns em pacientes com depressão e ansiedade.5,9 As alterações de ritmo circadiano são importantes diagnósticos diferenciais nesses pacientes. As informações clínicas dos horários de rotina (dormir, acordar e cochilo), diário do sono e actigrafia são ferramentas essenciais para caracterizar alterações de ritmo circadiano.10 A abordagem dos distúrbios de ritmo circadiano desses pacientes deve contemplar medidas cognitivas comportamentais, fototerapia e medicamentos com ação melatoninérgica.10 Nesse caso, a AGM é uma opção segura e eficaz no tratamento de pacientes com depressão/ansiedade e alteração da regulação do ritmo circadiano com uma ação potencializadora de melhora serotoninérgica e melatoninérgica.5
Conclusões
- As queixas de sono e de distúrbios de ritmo circadiano são prevalentes em pacientes com ansiedade e depressão.3,4
- A AGM é um análogo da melatonina e com ação antidepressiva usado como primeira linha para o tratamento da depressão.3
- A identificação e o manejo de alterações de sono e do ritmo circadiano impactam no tratamento de pacientes com depressão e ansiedade.3,9
- A AGM é uma opção terapêutica segura no manejo desses pacientes com ação concomitante em depressão/ansiedade e na regulação do ritmo circadiano.5
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