Neste momento de pandemia de coronavírus, preparamos um podcast especial! Uma conversa com sobre a saúde mental dos profissionais de saúde. Confira!
Neste momento de pandemia de coronavírus, preparamos um podcast especial! Nele, nossa editora de Clínica Médica, Dayanna Quintanilha, conversa com a psicóloga hospitalar Mariana Leles* sobre a saúde mental dos profissionais de saúde diante dessa situação e o que pode ser feito para minimizar as consequências na vida pessoal e profissional de cada um. Confira:
https://soundcloud.com/pebmed/saude-mental-dos-profissionais-em-tempos-de-coronavirus
*Mariana Leles é psicóloga hospitalar intensivista, com residência em Psicologia Hospitalar de Urgência e Trauma e especialização em Psico-oncologia. É coordenadora da pós-graduação em Humanização de Cuidados Intensivos (INCURSOS) e do projeto Psicologia Hospitalar Acessível. Atua ainda como docente da pós-graduação do Projeto HUCI/CEISAL/Universidade de Alcalá – Espanha, e como preceptora da residência multidisciplinar do Hospital Alberto Rassi (HGG).
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Dayanna Quintanilha: Olá, pessoal, meu nome é Dayanna Quintanilha, sou editora do Portal da PEBMED. E hoje nós vamos bater um papo com uma convidada a respeito da saúde mental em tempos de Coronavírus. Eu gostaria de deixar bem claro que essa gravação está sendo feita remoto, a gente está usando um aplicativo para gravar. Geralmente nos podcasts da PEBMED a gente costuma se encontrar na empresa para a pessoa até conhecer a empresa e a gente fazer uma coisa mais real. Só que a nossa empresa aderiu à campanha “Fique em Casa”, todos os funcionários estão trabalhando remoto e esse podcast não podia ser diferente. E se tiver qualquer problema aí no áudio perdoa a gente, porque a internet com todo mundo em casa está sobrecarregada. Em um estudo publicado recentemente pelo JAMA vimos que o acometimento dos profissionais de saúde pela Covid-19 na Itália chegou a bater 8,9%. Essa situação deixa para a gente uma preocupação enorme, com relação à exposição que a gente tem, não só com relação à nossa exposição, mas a exposição também dos nossos familiares e amigos. Além disso, a gente também vê que quem está na linha de frente está sofrendo com a escassez de equipamentos de proteção individual. Juntando tudo isso, a gente se depara com um problema enorme, e como que fica a nossa saúde mental diante de tanta complicação, diante de tanta preocupação? Hoje a gente está convidando a psicóloga Mariana Leles, ela trabalha com psicologia hospitalar, e ela vai compartilhar um pouquinho com a gente da sua rotina. Oi, Mariana, tudo bem? Seja bem-vinda.
Mariana Leles: Olá, tudo bom? Primeiramente, muito obrigada pelo convite. Eu já atuo na assistência há um tempo, principalmente dentro de UTI, venho de um contexto de residência em psicologia hospitalar de urgência e emergência. Então, vem bem a calhar com esse momento que a gente está vivendo agora. Dentro do hospital, a nossa atividade geralmente ela é direcionada para pacientes, familiares e o intermédio de comunicação desses dois elementos com a equipe. Só que frente a uma situação como essa que a gente está vivendo, essas atividades mudam drasticamente, em situação de pandemia, de algum evento que gere uma maior mobilização do sistema de saúde. O nosso papel deixa de ser somente para o paciente e para as famílias, para ter um componente também de cuidado com a equipe assistencial, para garantir que eles consigam de fato oferecer uma boa assistência aos pacientes familiares.
Dayanna Quintanilha: Mariana, eu tenho visto no meu ambiente de trabalho que as pessoas estão tensas, tem muita gente chorando, parece que o clima está pesado, estão todos muito preocupados. E eu queria saber como que tem sido lá onde você trabalha e como que tem sido sua abordagem em relação a isso.
Mariana Leles: Eu também estou vivendo essa realidade já, mais ou menos, há 14 dias. Aqui no estado de Goiás eu trabalho em dois serviços, um público e um privado, ambos na área hospitalar, alta complexidade. A realidade em todos os hospitais aqui tem sido exatamente a mesma: profissionais altamente estressados, fragilizados emocionalmente ao extremo, manifestando mesmo uma sensação de insegurança. Primeiramente, porque é a primeira vez, eu acho que na história dessa nossa faixa etária, de viver uma pandemia da maneira como está acontecendo aqui para a gente. Em segundo lugar, por conta de todas as complicações que isso acaba acarretando, as repercussões emocionais que são mobilizadas nos profissionais, reflexões até mesmo de vida, estabelecer novas prioridades, passar a refletir sobre coisas que antes talvez o próprio trabalho encobrisse. Como, por exemplo, a questão da própria saúde, o que é uma prioridade na nossa vida. E apesar dos diferentes contextos, as principais queixas e manifestações, sempre que eu vou fazer suporte emocional in loco com as equipes, descer para fazer algum tipo de treinamento emocional básico, as queixas são praticamente as mesmas. Têm dois sentimentos que parece que perseguem os profissionais da saúde e todos que estão envolvidos no contexto hospitalar, mesmo nas áreas administrativas e de apoio também. Primeiro deles é culpa, é como se fosse uma culpa mesmo inconsciente, por ser profissional da saúde e estar de uma maneira tão direta envolvido nessa condição. Nesse momento, mais que nunca, ter um afastamento da própria família, das pessoas queridas, por conta das exigências mesmo, que a gente sabe que acontece em planos de contingência. E outro sentimento que é fala unânime em todos os profissionais que eu já tive acesso até agora, é a questão de medo, medo não por si, mas principalmente pelo seus. É nítido que essa é uma escolha que nós profissionais da saúde fizemos para as nossas vidas, mas não foi essa escolha que os nossos familiares fizeram. Então, nesse momento eu percebo que os profissionais eles ficam muito atordoados sobre serem, talvez, mesmo que em um nível de fantasia, possíveis vetores de contaminação para os seus familiares. Dentro de tudo que eu tenho percebido, esses são os dois pontos fundamentais que têm desestabilizado emocionalmente as equipes. Acrescidos, obviamente, de coisas que são de cunho técnico, de cunho burocrático, de cunho mais geral como, por exemplo, às vezes uma limitação ou até mesmo a escassez dos EPIs, de algumas condições que colocam de fato em risco físico esse trabalhador que está na linha de frente.
Dayanna Quintanilha: Você tem lidado com pessoas que sentem inseguras, por exemplo, na hora do atendimento técnico? A gente tem visto que alguns hospitais estão mobilizando otorrinos e oftalmos para trabalhar com emergência, eu tenho visto isso no ambiente que eu trabalho. E como é que isso é trabalhado com essas pessoas, essa insegurança?
Mariana Leles: Sim, eu tenho enfrentado isso principalmente para aquelas equipes que estão começando agora a entrar em contato com os pacientes de Covid. O que eu percebo é que muitas vezes o fator emocional é fortemente influenciado por questões pessoais, mas também por questões que são técnicas. No nosso dia a dia, a gente já faz quase que automaticamente a nossa higiene pessoal, a nossa higiene de mãos, sempre que vai atender um paciente já bate o olho ali na placa de precaução e já se paramenta. Só que nesse momento é uma novidade, então mesmo nos serviços em que tem tudo disponível, que não está faltando nada, o que eu percebo é que as pessoas estão numa fase de adaptação. E tudo aquilo que é novo, que nos leva a ter uma maior concentração, automaticamente gera uma insegurança, até que isso vira algo automático. Além disso, tem uma outra questão também que eu acho que é bastante importante, às vezes a própria sintonia da equipe. Aqui eu ainda não tive a experiência em nenhuma dessas duas instituições de ter profissionais que são de outras áreas sendo recrutados. Mas muito provavelmente isso vai chegar para a gente também, assim como tem chegado em outros países e em outros estados. Mesmo para quem é da terapia intensiva, para quem é ali da assistência de enfermaria, para quem já está habituado com pacientes críticos, ainda assim tem sido um desafio essa atenção redobrada com a técnica de paramentação e principalmente de desparamentação, que é o momento crucial, o ápice em que o profissional de saúde pode de fato se contaminar por uma manobra errada. Só que automaticamente quando esses profissionais se mostram angustiados, com uma ansiedade acima do que seria esperado para esse momento, uma ansiedade que não é só reativa, que beira o patológico, a chance de acontecer falhas de atenção e erros, tanto na manobra com o paciente quanto em relação aos cuidados a si mesmo, são maiores. Então, eu tenho buscado sensibilizar as equipes no sentido de que a gente precisa da união de alguns fatores para conseguir, nesse momento, enfrentar a nossa profissão de uma maneira um pouco mais tranquila. Porque medo é natural e todos nós vamos ter. Inclusive, ele é necessário porque ele nos protege de ter falhas, faz com que a gente tome mais cuidado. A primeira questão depende muito de orientação e de treinamento, e isso é algo que inclusive tem que ser trabalhado com uma parceria total da própria instituição. É preciso que esses profissionais tenham treinamentos não só uma vez, não só por vídeo, como muitas instituições têm feito. Mas que seja um treinamento in loco para checagem de compreensão, para ver se eles de fato estão fazendo corretamente, isso faz parte da própria prevenção e da saúde do colaborador. Segundo ponto é realmente ter equipamentos suficientes para todos, o equipamento ele é de uso individual. Se ele for usado da maneira incorreta, ou por um tempo mais prolongado do que o recomendado, é evidente que isso vai gerar prejuízos para o trabalhador. E para além disso, um outro fator importante é como que a instituição conduz essa questão do cuidado mental dos seus colaboradores. Porque também não adianta oferecer todo o suporte técnico, de equipamentos, de medicações e a melhor atenção específica ali, fisiológica e técnica para o paciente, se não tem um suporte para quem vai conduzir isso. Então, as falhas começam a acontecer justamente nos momentos de maior angústia e insegurança. E é evidente que isso vai acontecer com todos os profissionais em algum momento nesse processo que a gente está vivendo.
Dayanna Quintanilha: Entendi. Você deu para a gente aí algumas questões mais relativas ao trabalho. E com relação ao nosso relacionamento com as nossas famílias, você tem alguma dica para que a gente possa ajudar as nossas famílias, mesmo nesse contexto de distância?
Mariana Leles: Com certeza. E pensando também nesse viés da família, uma outra questão que eu acho que vale a pena até citar, porque muita gente com certeza vai se identificar com isso, é que às vezes com esse nosso afastamento para poder trabalhar, e a nossa família mais reclusa aí nas suas quarentenas, como tem acontecido em algumas regiões, existe um afastamento físico e também uma sobrecarga de ambos. Para a família a sobrecarga de informações, de quem às vezes está com o tempo ocioso, acompanhando todo o tipo de notícia, que nem sempre vai ser exatamente verídica. E, para nós profissionais, estar totalmente envolvido nesse cenário sem conseguir ter válvulas de escape. A aproximação familiar é uma das coisas mais importantes para o colaborador nesse momento, para o profissional da saúde. Porque a família é a principal rede de apoio e é o ponto primário da vida de qualquer pessoa. Mesmo para quem reside sozinho em uma determinada região, mas sempre tem alguém, nem que seja uma família escolhida no decorrer da vida, com quem essa pessoa precisa contar, isso se chama rede de apoio. A aproximação emocional e o fortalecimento desses laços no momento de tanto estresse pode ser feita com compartilhamento de experiências, através dos meios virtuais e eletrônicos que hoje em dia são tão acessíveis para a grande maioria da população. As chamadas de vídeo, chamadas comunitárias de vídeo, o próprio telefone. Então, sempre existem maneira específicas da gente conseguir nos aproximarmos afetivamente, só que no geral o que eu tenho percebido é que não é isso que tem acontecido com os profissionais da saúde. Porque às vezes os familiares estão tão inseguros com o fato deles estarem em atividade, deles estarem saindo de casa e em contato direto com os pacientes nesse momento, que se começa a criar fantasias que vão muito além do que realmente é real no sentido de contaminação dos profissionais da saúde. Então, as famílias começam a fantasiar muito de que essa pessoa ela vai ficar doente, de que ela, em algum momento, vai ser acometida, que ela vai precisar internar, que ela vai ter repercussões desfavoráveis. Uma das maneiras que a gente tem de favorecer essa relação é realmente o apoio da psicologia para auxiliar os profissionais da saúde em como fazer essas conversas menos invasivas com a família. Em como conseguir através de dados reais e fidedignos orientar os nossos familiares para que esse receio deles seja na medida certa e não no sentido acusatório, às vezes estigmatizante. Muitos profissionais da saúde têm sofrido estigma e discriminação dentro de casa, a ponto de estarem vivenciando violências verbais, violências até mesmo de gestos das próprias famílias. Quando na verdade eles precisariam nesse momento de um apoio. Então, o que eu recomendaria é tentar essa aproximação através dos meios tecnológicos, tentar, sempre que os assuntos surgirem, orientar de uma maneira mais tranquila, desmistificando esse excesso de fantasias que às vezes aquele turbilhão de informações gera na cabeça de quem não está atuando realmente, de quem não é da área da saúde. E a outra questão é conseguir se abrir, se permitir falar sobre os seus medos, sobre as suas angústias e sobre as suas necessidades. Porque o profissional da saúde naturalmente tem uma tendência de se colocar como forte, como aquele que consegue, aquele que é o cuidador. E em momentos que ele sente medo, ao invés de manifestar, a tendência é se recolher. E isso também gera um muro dividindo a própria pessoa dos seus entes queridos, é um bloqueio que é muito desfavorável. E é por aí que a gente consegue ir contornando essa situação para poder reafirmar esses laços.
Dayanna Quintanilha: Muito bom. Você está falando, eu estou identificando e imaginando várias coisas, realmente, da minha rotina, da minha realidade que eu tenho vivido nesses últimos dias. Eu queria saber se você tem alguma dica para a organização da nossa rotina, nesse novo contexto que a gente está. Porque a gente agora vai ter uma carga horária excessiva de plantões, como que a gente faz para conciliar isso com o nosso dia a dia, com a nossa vida para a gente continuar vivendo alguma coisa.
Mariana Leles: Sim, isso é um fator muito importante. Porque no dia a dia profissionais da saúde já costumam ter uma vida social bem restrita, então isso já é algo presente na vida de todos nós. E agora com os planos de contingência, muitas pessoas chegam a ir para casa cada vez menos, ou então ter um tempo livre muito pequeno. De acordo com a profissão de cada um, com os horários disponíveis, o que a gente recomenda é conseguir usar os momentos extra-plantão, os momentos em que não se está no hospital, para tentar cuidar um pouquinho da saúde física, conseguir cuidar do momento de descanso. Então, a primeira coisa é momento de descanso, se a gente não consegue repousar com uma certa qualidade na quantidade necessária para o corpo se recompor, a gente começa a se expor no sentido de queda de imunidade. Então, isso é fato, em algum momento vai trazer prejuízo. E emocionalmente, cognitivamente também tem uma repercussão, quando a gente não descansa bem a gente fica mais irritadiço, a atenção fica mais reduzida. O que já é um fator que pode nos prejudicar e nos colocar em risco nesse momento. O segundo ponto é tentar realmente ver quais são as prioridades, e eu julgo que seja algum tipo de cuidado de saúde, e aí envolveria, talvez, um momento de alongamento, de atividade física, que pode ser realizado dentro de casa.
Dayanna Quintanilha: Eu tenho recebido da minha academia atividades para fazer em casa, tem sido bem bacana.
Mariana Leles: Isso é maravilhoso, porque na maioria dessas atividades são atividades de tiro que são de cardio, então que você consegue fazer em torno de 20 minutos.
Dayanna Quintanilha: Isso.
Mariana Leles: É uma coisa que eu acho que se torna possível desde que a pessoa queira de fato e tenha isso com uma das prioridades. Até porque essa questão da atividade física, não por uma questão estética, mas é algo que vai favorecer tanto o fortalecimento imunológico quanto a própria questão da disposição desse profissional que está tão sobrecarregado, e extravasar um pouquinho. Da parte psíquica, o que mais faz bem nesse momento são as relações pessoais, mesmo que tenha essa restrição física de evitar tocar, abraçar, beijar. A gente tem como falar de coisas agradáveis, fazer chamadas com amigos, compartilhar momentos engraçados, ver um filme, uma série, alguma coisa que seja significativo para a própria pessoa. Ou que seja ler um livro, cada um tem suas preferências. O importante é que o profissional da saúde que está sendo quem está mais sobrecarregado tanto de informações quanto de tensões e cobranças nesse momento, que ele consiga elencar uma ou duas atividades que para ele sejam revigorantes, que são coisas para renovar e para fugir totalmente do assunto que é a Covid. Então, saiu do plantão, já é às vezes no trânsito, no próprio trajeto para casa, e tentando desanuviar a cabeça, tentando desligar o botão para conseguir buscar outros tipos de conversas. E tentar mobilizar, ao invés da tensão, sentimentos que sejam mais positivos. Uma outra questão também que ajuda bastante, e isso parece que muita gente tem sido adepta, é interessante que a própria questão da solidariedade, de se sentir útil, de ajudar ao próximo sem aquela tensão da obrigatoriedade, do estar sendo cobrado, é uma coisa muito positiva. Porque gera uma sensação de bem-estar, dispara hormônios que são essenciais para imunidade e para a sensação de que a gente está sendo útil e que está mais feliz. Então, eu penso que às vezes têm uma série de medidas que a gente pode utilizar, e que são comprovadas, não são só sugestões, são coisas que são comprovadas. Para a gente conseguir se organizar, somente questão de estabelecer períodos, e de ter um compromisso consigo mesmo de se permitir desligar de tudo isso que está acontecendo dentro do hospital enquanto estiver em casa. E isso inclui se desconectar, inclusive, dos grupos de WhatsApp, daquelas questões de grupo de passagem de plantão e coisas do tipo.
Dayanna Quintanilha: Perfeito. É um exercício difícil, não é?
Mariana Leles: Bastante.
Dayanna Quintanilha: Eu tenho visto que a gente tem realmente sido bombardeados com essas informações. E fica cada vez mais difícil se desconectar, você liga a televisão tem essas informações. A gente precisa realmente ter um compromisso com a gente.
Mariana Leles: Isso.
Dayanna Quintanilha: Para conseguir vencer essa questão. Mariana, você poderia deixar para a gente uma mensagem, para quem está nos ouvindo?
Mariana Leles: É complicado a gente deixar uma mensagem porque todos nós, profissionais da saúde, a gente está sendo tão sobrecarregado, ao mesmo tempo a gente está sendo tão defendido por alguns, tão criticados por outros. A gente sai na sociedade alguns dão três, quatro passos para trás para se afastar da gente, outros olham para a gente com o ar de admiração. Até mesmo pela força de estar aí nesse pelotão de frente nesse momento. Mas o que eu queria passar para as pessoas e para os profissionais de saúde nesse momento tem muito a ver com uma coisa da psicologia que a gente está vivendo agora. Eu costumo brincar com os meus alunos de pós-graduação que a principal diferença que a gente tem na psicologia de emergência, que é referente ao hospital, ao pronto-socorro. Que é muito do que eu tenho na minha formação com a psicologia e de desastres e catástrofes, que é praticamente o que a gente está fazendo hoje, é nisso que a gente está atuando, pela mudança de atividades. Uma das principais diferenças é justamente o que promove a união nesse momento. Na psicologia de emergência hospitalar eu estou ali acompanhando e tentando intervir em uma urgência que é do outro. E nesse momento na psicologia de emergências e catástrofes, que é a nossa abordagem frente a uma pandemia, a urgência do outro também é a minha. Eu acho que isso nos faz participantes de um mesmo barco, nos coloca em uma condição total de horizontalidade que muitos, talvez, nem tivesse refletido. E o que mais vai conseguir trazer satisfação e bem-estar para a gente nesse momento é justamente o pensamento coletivo, individualismo não tira ninguém de pandemia. Então, mobilizar isso nas pessoas, essa reflexão sobre o próximo, o quanto meu comportamento e minha conduta de resolução dessa minha urgência, prejudica ou beneficia o meu próximo, que a gente está todo mundo no mesmo barco.
Dayanna Quintanilha: Ótimo, Mariana. Muito obrigada pela sua participação. Tenho certeza de que ajudou muita gente, assim como me ajudou. Estamos juntos, você também é profissional da saúde, também está vivendo esse momento. Eu acredito muito no que você disse que este é o momento da gente se unir e entender que nós estamos todos juntos e cada um conseguir acolher um pouco o outro. Eu acho que se todo mundo se acolher a gente vai conseguir chegar juntos a algum lugar. Para quem está nos ouvindo, a PEBMED tem disponibilizado vários meios de ajuda, dentro do Whitebook a parte de Coronavírus está toda liberada para dar o suporte para vocês trabalharem da melhor forma possível. No Portal, a gente tem a central de notícias do Coronavírus, para poder a gente colocar tudo que tem de mais confiável, eu sei que vocês estão sendo bombardeados com um milhão de artigos todos os dias, e é muita coisa para a gente ler, e a gente precisa ter um certo filtro disso tudo. A nossa central de Coronavírus no Portal da PEBMED tem como objetivo trazer para vocês as informações mais confiáveis e as melhores informações. Então, fica ligado na gente, acompanhe o Portal da PEBMED. E até a próxima.
Mariana Leles: Eu queria somente agradecer o convite. Convido também para entrarem lá mesmo no Portal do Coronavírus que eu tenho acompanhando. Com certeza vai favorecer para conseguir não ser bombardeado de informações, mas ao mesmo tempo se atualizar com coisas que são fidedignas e úteis. Um beijo para todos e fiquem com Deus.
Dayanna Quintanilha: Tchau.
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