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Clínica Médica3 junho 2024

Caso clínico: asma em mulher jovem

Paciente asmática no pronto-socorro: diagnóstico e conduta.

Este conteúdo foi produzido pela Afya em parceria com GSK de acordo com a Política Editorial e de Publicidade do Portal Afya.

Paciente feminino, 27 anos, relata ter procurado o pronto-socorro (PS) há cerca de um mês por resfriado, dispneia e tosse. Conta que ao exame físico, o médico auscultou chiado e a orientou a fazer acompanhamento ambulatorial. Recebeu alta com receita de corticoide oral e broncodilatador de curta ação, mas notou que ainda tem ficado cansada, com despertares noturnos pelos sintomas, crises de tosse, além de sensação de aperto no peito e episódios de sibilância durante realização de esforços.

Histórico

Ao ser questionada sobre os antecedentes pessoais, a paciente nega tabagismo ativo ou passivo. Refere hipotireoidismo em uso de levotiroxina. Refere rinite alérgica e notou que os sintomas ficaram mais acentuados durante reforma em casa há seis meses, quando teve muito contato com cheiros fortes e mofo. Tem usado beta-2-agonista de curta ação por conta própria semanalmente, com melhora momentânea.

Nascida a termo, conta que, da infância à adolescência, tinha pelo menos duas idas ao pronto-socorro por ano, com necessidade de inalação e medicamento endovenoso. Nunca ficou internada em UTI. Nunca fez uso regular de nenhum dispositivo inalatório, com exceção do uso intermitente de beta-2-agonistas de curta ação, conforme sintomas. De antecedentes familiares, conta que tem uma irmã asmática.

No interrogatório sistemático dos diversos aparelhos, refere obstrução nasal e espirros frequentes, e nega alterações cutâneas, sintomas correlacionados com doença do refluxo gastroesofágico e demais sintomas. Trabalha como publicitária em home office há três anos, sem contato com umidade ou mofo. Nega fazer uso de travesseiro de penas, mas informa que usa o mesmo travesseiro de espuma há cerca de cinco anos. Também nega contato com animais de estimação.

Ao exame físico, a paciente é eutrófica e encontra-se eupneica. Na ausculta respiratória, apresenta sibilos expiratórios esparsos bilateralmente. Saturação periférica de oxigênio de 96% em ar ambiente. Sem estridor cervical. Sem outros achados.

Diante dos dados clínico-epidemiológicos, foi levantada a hipótese de asma não controlada. Algumas características que reforçam essa hipótese são o início de sintomas na infância, história familiar para asma, exposições ambientais deflagradoras de crises, características dos sintomas e melhora com broncodilatador.1

Assim, foram solicitados os seguintes exames complementares para auxílio diagnóstico:

– Prova de função pulmonar evidenciou distúrbio ventilatório obstrutivo leve, com resposta de fluxos significativa ao uso de broncodilatador.

Pré-BD: CVF 3,80 (95%) | VEF1 2,56 (72%) | VEF1/CVF 0,67.

Pós-BD: CVF 3,89 (98%) | VEF1 2,94 (85%) | VEF1/CVF 0,75.

Ganho de 14% e 380 mL de fluxo (VEF1) após administração de broncodilatador.

– Hemograma com eosinófilos séricos de 430 células/µL.

– Imunoglobulina E sérica de 356 UI/ml.

– RAST positivo para ácaros e poeira doméstica em títulos moderados.

Dessa forma, foi confirmado o diagnóstico de asma não controlada com fenótipo eosinofílico alérgico.2

Orientações

Antes de propor terapia medicamentosa para sua paciente, algumas orientações são imprescindíveis:2,3

  • É necessário educar os pacientes de que a asma é uma doença crônica, de caráter intermitente, podendo ter períodos de melhora e de piora. Além de orientar sobre as estratégias de tratamento disponíveis e sobre planos de ação conforme os sintomas;
  • Checar sempre o controle ambiental, objetivando minimizar potenciais gatilhos para sintomas respiratórios;
  • Além disso, deve-se perseguir o controle de comorbidades, como doença do refluxo esofágico e rinite alérgica, que sabidamente podem prejudicar o controle sintomático.

Feito isso, optou-se por iniciar o dispositivo inalatório em pó no formato de disco contendo a combinação de um broncodilatador beta-2-agonista de longa ação (salmeterol 50 mcg) e um corticoide inalatório (propionato de fluticasona 250 mcg – 1 dose de 12 em 12 horas), uma vez que essa medicação demonstrou nos estudos um ótimo perfil de segurança, com raros eventos adversos graves, além de sabidamente ter maior efeito em redução de exacerbações.4 O dispositivo também foi escolhido por sua facilidade de uso e presença de contador de doses individuais,5 considerando-se que uma das queixas da paciente foi sua dificuldade de conciliar a inspiração da medicação com a ativação de dispositivo em spray. Ela também relatou, com base em experiências prévias com pó inalado, preocupação de não conseguir inspirar adequadamente o medicamento. Nesse sentido, foi orientada sobre a técnica inalatória adequada e sobre o fato de o dispositivo inalatório em pó no formato de disco poder ser utilizado mesmo em pacientes com baixo fluxo inspiratório.5

Considerando todo o impacto e morbidade que a asma não controlada traz para o cotidiano dos pacientes asmáticos moderados e graves, é importante estabelecer um plano de ação, com tratamento baseado em broncodilatador de longa ação e corticoide inalatório, além das medidas não farmacológicas necessárias.

Após dois meses, a paciente retornou referindo melhora importante dos sintomas noturnos. Apresentou somente um episódio de sibilância após viagem ao litoral, devido ao contato com mofo na ocasião. Tem boa técnica inalatória e boa adesão ao tratamento. Dessa forma, foi mantido o esquema terapêutico atual, tendo sido reforçada a necessidade constante de controle do ambiente e das comorbidades. A paciente também foi orientada a atualizar sua caderneta vacinal, a fim de prevenir infecções respiratórias e reduzir as chances de novas exacerbações.

Lista de Abreviações

BD – broncodilatador

CVF – capacidade vital forçada

RAST – radioallergosorbent test, também conhecido como teste sanguíneo para alergia

VEF1 – volume expiratório forçado no primeiro segundo

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Referências bibliográficas

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