Logotipo Afya
Anúncio
Pediatria12 dezembro 2024

WCPGHAN 2024: Vias de alimentação em pacientes com comprometimento neurológico 

Apresentação no congresso tratou das fases de deglutição e opções de alimentação interna para os pacientes com comprometimento neurológico.
Por Jôbert Neves

A alimentação e o manejo nutricional em pacientes com comprometimento neurológico são áreas críticas que exigem atenção cuidadosa para garantir a segurança e a qualidade de vida desses indivíduos. Durante o Congresso Mundial de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (WCPGHAN 2024), foram discutidos tópicos como as fases de deglutição e as várias opções de alimentação interna para os pacientes com comprometimento neurológico, veja:   

Alimentação oral: Quando devemos considerar?   

  • Devemos nos atentar sempre a importância da função labial e do movimento da língua dos pacientes com comprometimento neurológico, visto que a fase oral da deglutição, que envolve a coleta e a manipulação do alimento na boca, depende da função labial eficiente e do movimento da língua. Todos esses elementos são cruciais para a formação do bolo alimentar e sua transferência para a faringe.
  • Complicações potenciais: Tenha atenção!  
    • Salivação Excessiva: Pode ser um sinal de dificuldades de deglutição e levar a problemas de higiene e desconforto. 
    • Aspiração: A entrada de alimentos ou líquidos nas vias aéreas pode resultar em pneumonia por aspiração, um risco significativo para pacientes com dificuldades de deglutição. 
    • Voz Gutural: Alterações na voz podem indicar presença de alimento nas vias respiratórias, sugerindo dificuldades na fase faríngea da deglutição. 
    • Dificuldades na alimentação: Os pacientes podem ter tempos prolongados de alimentação, aumentando o cansaço e o estresse tanto para eles quanto para os cuidadores.
  • Avaliação e manejo por fonoaudiólogos: peça fundamental! 
    • Os fonoaudiólogos desempenham um papel fundamental na avaliação das habilidades de deglutição, isso pode incluir: 
      • Avaliação clínica da deglutição (ACD) para identificar o nível de risco de aspiração. 
      • Testes instrumentais, como videofluoroscopia, para observar a dinâmica da deglutição. 

Veja também: Manejo da dor abdominal em crianças

Opções de alimentação interna:  

Vale ressaltar que a alimentação oral é a preferida sempre que possível. Quando não é segura ou eficaz, as opções incluem: 

  • Tubo nasogástrico (TNG) 
  • Alimentação transpilórica (tubo transpilórico) 
  • Tubo de gastrostomia (TG) 

Tubo nasogástrico: 

  • Vantagens: Método minimamente invasivo e fácil de remover; indicado para nutrição de curto prazo. 
  • Complicações: Risco de desconforto, refluxo e lesões nas fossas nasais ou esôfago.

Alimentação transpilórica (entérica) 

  • Vantagens: Pode ser bem tolerada em pacientes que não conseguem realizar deglutição oral, permitindo a alimentação sem aspirar. 
  • Características do Tubo: Tubo mais longo que o TNG, posicionando-se mais abaixo na porção do intestino delgado. 

Tubo de gastrostomia: 

  • Indicações: Usado para nutrição a longo prazo em pacientes que não podem se alimentar por via oral de forma segura. 
  • Diferenças no uso pediátrico e adulto: Os cuidados e as técnicas podem variar, especialmente devido a fatores anatômicos e fisiológicos. 
  • Técnicas de Colocação: 
    • Endoscópica, permitindo visão direta e minimamente invasiva. 
    • Laparoscópica e endolaparoscópica, em casos onde uma abordagem mais invasiva é necessária. 

Conclusão e mensagem prática:   

  • Distúrbios neurodegenerativos trazem desafios significativos nas necessidades nutricionais. A escolha do método alimentar deve ser específica para cada paciente, levando em conta a segurança e a qualidade de vida. 
  • A colaboração multidisciplinar é essencial para fornecer um cuidado apropriado, adaptando as técnicas de alimentação de acordo com as necessidades individuais do paciente. 
  • É fundamental considerar a experiência do paciente e do cuidador ao selecionar o método de alimentação. A abordagem deve buscar não apenas garantir a ingestão adequada de nutrientes, mas também promover satisfação nas refeições. 
  • Estratégias de suporte, como terapia de deglutição e treinamento ao cuidador, são igualmente importantes 

Confira a cobertura completa do WCPGHAN 2024.

Autoria

Foto de Jôbert Neves

Jôbert Neves

Médico do Departamento de Pediatria e Puericultura da Irmandade da Santa Casa  de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), Pediatria e Gastroenterologia Pediátrica pela ISCMSP, Título de Especialista em Gastroenterologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).  Médico formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Coordenador Young LASPGHAN do grupo de trabalho de probióticos e microbiota da Sociedade Latino-Americana de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (LASPGHAN).

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Pediatria