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Pediatria8 setembro 2021

Variante delta aumentou as internações pediátricas por Covid-19 em número, mas não em gravidade

Estudos mostraram que casos pediátricos de Covid-19 aumentaram, mas não sua gravidade, desde que variante delta se tornou predominante.

Em 03 de setembro de 2021, a Academia Americana de Pediatria (American Academy of Pediatrics – AAP) divulgou os resultados de dois novos estudos realizados pelos Centers for Disease Control and Prevention (CDC), que mostraram que os casos de Covid-19 em crianças e adolescentes têm aumentado em número, mas não em gravidade, desde que a variante delta, altamente transmissível, se tornou predominante. Ambos os estudos também evidenciaram que as taxas de hospitalização de adolescentes com Covid-19 são mais altas entre aqueles que não são vacinados e em comunidades com baixa cobertura vacinal.

Leia também: Comparação do risco de internação e atendimento de emergência entre as variantes delta e alfa: um estudo de coorte

Variante delta aumentou as internações pediátricas por COVID-19 em número, mas não em gravidade

Características dos estudos

Os dois estudos do Morbidity and Mortality Report avaliaram a Covid-19 entre crianças e adolescentes de 0 a 17 anos e compararam os dados de julho e agosto de 2021, momento em que a variante delta foi dominante, comparada a períodos anteriores da pandemia. Um estudo de dados nacionais americanos sobre os casos de Covid-19 entre crianças e adolescentes em 2021 mostrou que houve um pico em janeiro com queda em junho e aumento em agosto, sendo que a taxa de hospitalização semanal por Covid-19 também seguiu um padrão semelhante. Além disso, dados da semana encerrada em 14 de agosto demonstraram que aproximadamente 1,4/100.000 crianças e adolescentes foram hospitalizados por Covid-19 (uma taxa quase cinco vezes maior que a taxa semanal no final de junho e perto do pico em janeiro), conforme uma pesquisa realizada em 14 Estados americanos. Por fim, crianças com idades entre 0 e 4 anos tiveram as maiores taxas de hospitalização pediátrica desde o início da pandemia: em meados de agosto, a taxa semanal de internação foi de 1,9/100.000 crianças, cerca de 10 vezes maior que no final de junho.

A AAP destaca que o aumento de hospitalizações está ocorrendo ao mesmo tempo que tem havido um pico nos casos de vírus sincicial respiratório (VSR), fazendo com que muitos hospitais infantis relatem que suas Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) estão trabalhando com capacidade máxima ou próxima a ela.

Saiba mais: Aumento dos casos de infecção pelo vírus sincicial respiratório em crianças

Esses estudos do CDC mostraram que a vacinação tem um impacto significativo nas hospitalizações por Covid-19. Um deles mostrou que adolescentes não vacinados foram hospitalizados em julho em uma taxa 10 vezes maior do que adolescentes totalmente vacinados. Já o outro, descreveu que as visitas ao pronto-socorro e as hospitalizações por Covid-19 foram 3,4 e 3,7 vezes maiores, respectivamente, nos Estados americanos com a menor cobertura vacinal em comparação aos Estados com a maior cobertura. Segundo dados do CDC e uma avaliação da AAP, cerca de 53% dos adultos, 46% dos adolescentes com idades entre 16 e 17 anos e 37% dos adolescentes com idades entre 12 e 15 anos estão totalmente vacinados. Além disso, cerca de 404.000 adolescentes receberam sua primeira dose na última semana de agosto, uma taxa que vem diminuindo há três semanas.

Mensagem final

Portanto, em decorrência da imprevisibilidade de como serão as manifestações clínicas da variante delta no Brasil e diante desses dados divulgados pelo CDC e AAP, é de extrema relevância que a população mantenha as medidas de isolamento e o uso de máscaras. Para terminar, a vacinação precisa ser incentivada pelos profissionais de saúde e de todas áreas que trabalham com crianças e adolescentes, à medida em que faixas etárias mais jovens vão sendo incluídas, com o objetivo de minimizar a morbimortalidade associada à infecção pelo SARS-CoV-2.  

Referências bibliográficas:

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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