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Pediatria9 julho 2025

Uso de dexmedetomidina intranasal em Emergência Pediátrica

Dexmedetomidina intranasal é alternativa segura e para sedação pediátrica, com bons resultados em procedimentos no pronto-socorro.

A dexmedetomidina, um fármaco alfa-2-agonista, tem se destacado devido ao seu perfil farmacológico único e às diferentes vias de administração, induzindo sedação por meio da supressão da liberação de neurotransmissores excitatórios. Seu uso intranasal (IN) surge como uma opção atrativa por diversos motivos, incluindo facilidade de administração, poucos efeitos adversos (como bradicardia e hipotensão) e a possibilidade de evitar procedimentos invasivos, como o acesso intravenoso (IV), em pacientes que não necessitam desse dispositivo para tratamentos prolongados.  

Para aprimorar os protocolos de sedação para procedimentos e melhorar a qualidade do cuidado e os desfechos no atendimento em departamentos de Emergência Pediátrica (DEP), uma série de 18 casos sobre o uso de dexmedetomidina IN foi publicada no Journal of Pediatric Pharmacology and Therapeutics e será discutida a seguir.  

dexmedetomidina

Metodologia 

Pesquisadores da University of North Carolina Health descreveram que, em setembro de 2023, o DEP de um centro médico acadêmico começou a estocar dexmedetomidina nos armários de dispensação automatizados para administração IN em crianças com indicação de sedação para procedimentos. Dessa forma, a equipe foi instruída sobre essa nova opção, incluindo administração, dosagem e considerações específicas para cada paciente, a fim de orientar a seleção dos agentes sedativos ideais.  

O estudo consistiu em uma revisão retrospectiva de prontuários dos primeiros 18 pacientes pediátricos que receberam dexmedetomidina IN no DEP durante um período de quatro meses. 

Resultados 

Dos 18 pacientes incluídos no estudo, dez obtiveram sedação bem-sucedida apenas com o uso de dexmedetomidina IN. Foram descritos os seguintes resultados:  

  • Taxa de sucesso de 63% para procedimentos indolores, como tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética; 
  • Taxa de sucesso de 57% para procedimentos dolorosos (coleta de material para exames laboratoriais/punção de acesso IV, exames oftalmológicos, redução de fraturas e remoção de corpo estranho); 
  • A dosagem média utilizada para todos os pacientes foi de 2,4 mcg/kg (1–3 mcg/kg); 
  • Conclusão bem-sucedida de procedimentos apenas com dexmedetomidina IN: dosagem média de 2,6 mcg/kg (1–3 mcg/kg) e idade média dos pacientes de 3,75 anos; 
  • Conclusão malsucedida apenas com dexmedetomidina IN: dosagem média de 2,25 mcg/kg e idade média dos pacientes de 6,1 anos; 
  • Não houve eventos adversos documentados para nenhum paciente que recebeu dexmedetomidina IN; 
  • Somente um paciente precisou retornar para um novo exame e dois foram internados devido à necessidade de sedação adicional. 

Conclusão 

O estudo mostra que a dexmedetomidina IN se mostrou como uma opção segura e menos invasiva para sedação em DEP, com redução da necessidade de internações para obtenção de sedação para procedimentos, aliviando assim os ônus financeiros e de recursos do sistema de saúde. No entanto, há necessidade de mais pesquisas futuras para avaliar melhor a dosagem ideal, a segurança e a relação custo-efetividade do fármaco nesse contexto. 

Comentários 

Na prática, uso bastante a dexmedetomidina IN para procedimentos em UTI e em enfermaria pediátrica, como troca eletiva de cânula de traqueostomia, por exemplo, mas associando um analgésico simples, como a dipirona, ou outro fármaco sedativo com propriedades analgésicas, como a cetamina, por exemplo. De fato, há vantagens em termos de facilidade de administração e efeitos adversos mínimos. No entanto, seu início de ação mais lento (20 a 40 minutos) limita o uso em procedimentos urgentes. No estudo acima, desafios como volumes de dosagem, limites de absorção nasal e ausência de analgesia adjuvante impactaram as taxas de sucesso, especialmente em procedimentos dolorosos. Dessa forma, os desfechos podem, talvez, serem melhorados ao se otimizar o tempo de administração, usar formulações concentradas e incrementar o manejo da dor, mas mais pesquisas são realmente necessárias para estabelecer as melhores práticas. 

Veja mais: Metanálise aborda a síndrome de abstinência por dexmedetomidina em pediatria

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Referências bibliográficas

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