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Pediatria16 maio 2018

Takotsubo: você sabe reconhecer e diagnosticar?

A cardiomiopatia de Takotsubo (CT) recebeu esse nome devido à semelhança que havia entre a forma mais comum de disfunção do ventrículo esquerdo induzida por CT e um tipo de armadilha de polvo tipicamente usada no Japão.

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A cardiomiopatia de Takotsubo (CT) recebeu esse nome, nos anos 90 no Japão, devido à semelhança que havia entre a forma mais comum de disfunção do ventrículo esquerdo (VE) induzida por CT e um tipo de armadilha de polvo tipicamente usada no Japão. A CT é conhecida por outros nomes também: síndrome do balonamento apical, síndrome do coração partido, cardiomiopatia induzida por stress, etc.

Fisiopatologia

Sua fisiopatologia parece ter associação com excesso de catecolaminas, espasmo coronariano e/ou disfunção da microcirculação, levando a disfunção do VE e, menos comumente, do VD. Nas suas descrições iniciais, a forma clássica (80% dos casos) consistia em hipocinesia/acinesia dos segmentos médio-apicais com hipercinesia das porções basais. Hoje sabemos que existem outras variantes: Takotsubo invertido, disfunção focal (parede anterolateral mais acometida), disfunção global e das porções médias.

Apresentação clínica

A CT tem uma apresentação clínica semelhante a Síndrome Coronariana Aguda (SCA), inclusive com dor torácica retrosternal em aperto, podendo haver dispneia associada, supradesnivelamento do segmento ST-T no ECG (achado mais comum) e com elevação de marcadores de necrose miocárdica (MNM). Tal entidade está por trás de cerca de 2% das SCA nas emergências. Como diferenciá-la de um IAM clássico então? Apesar de não compreendermos totalmente a fisiopatologia, a CT ocorre tipicamente em mulheres na pós-menopausa e comumente achamos um gatilho emocional para o quadro (ex.: discussões, perda de um ente próximo, etc).

Diagnóstico e diagnósticos diferenciais

Devido à apresentação clínica mencionada, muitos desses pacientes acabam tendo indicação de coronariografia (CAT) de urgência (ex.: supra-ST + tropo positiva) ou nas primeiras 48h da admissão hospitalar. Portanto, comumente nos deparamos com: ausência de coronariopatia obstrutiva e ventriculografia demonstrando o padrão da CT. Mesmo no ecocardiograma transtorácico, poderemos evidenciar uma disfunção do VE que não “respeita” os territórios coronarianos. E se houver lesão obstrutiva no CAT? Vale o bom senso! Se nos depararmos com uma desproporção entre disfunção de VE e obstrução coronariana, principalmente sem aspectos angiográficos de placa instável durante o CAT, além de discreta elevação de MNM? Tais achados em conjunto sugerem muito fortemente Takotsubo como causa do quadro. Ainda podemos lançar mão de outros exames como a RM de coração para nos ajudar com diagnósticos diferenciais com IAM clássico e miocardite pela presença e padrão do realce tardio (este último sendo ausente em Takotsubo).

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Referências:

  • Guy S Reeder, MD et al, Clinical manifestations and diagnosis of stress (takotsubo) cardiomyopathy;
    Uptodate.
  • Guy S Reeder, MD et al, Management and prognosis of stress (takotsubo) cardiomyopathy; Uptodate.
  • Christopher Madias MD, MY APPROACH to the Patient With Takotsubo Cardiomyopathy. Practice Update.

Autoria

Foto de Cristiano Carvalho de Oliveira

Cristiano Carvalho de Oliveira

Residência de Clínica Médica no HUCFF (UFRJ 2010 -2012) ⦁ Residência de Cardiologia no HUCFF (UFRJ 2012 - 2014) ⦁ Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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