Recém-nascidos (RN) prematuros enfrentam desafios na alimentação devido à coordenação imatura de sucção, deglutição e respiração, o que torna complexa a transição da sonda para a alimentação oral (AO). Embora as sondas orogástrica (SOG) e nasogástrica (SNG) sejam usadas para dieta enteral nessa população, cada uma tem desvantagens: as SOG podem interferir na função oral e causar complicações, como aversão oral e bradicardia, enquanto as SNG podem aumentar a resistência das vias aéreas e o esforço respiratório. Apesar de uma revisão Cochrane encontrar evidências insuficientes para determinar a via ideal, estudos anteriores não abordaram especificamente o tempo até a alimentação oral completa (AOC). O Journal of Maternal-Fetal & Neonatal Medicine publicou um estudo cujo objetivo foi preencher essa lacuna, testando a hipótese de que a colocação da SNG permite a obtenção mais rápida e segura da AOC em RN prematuros em comparação ao uso da SOG.
Metodologia
O estudo consistiu em um ensaio comparativo randomizado que foi conduzido em um hospital universitário na Tailândia no período de maio de 2022 a dezembro de 2023.
Foram incluídos RN prematuros hemodinamicamente estáveis, nascidos com idade gestacional (IG) inferior a 32 semanas. Os critérios de exclusão foram: anomalias congênitas, asfixia perinatal grave, contraindicações à alimentação enteral, hemorragia intraventricular grau ≥ 3, necessidade de ventilação com pressão positiva contínua ou anormalidades cromossômicas identificadas no pré-natal por meio de teste de DNA fetal livre de células ou suspeitas pós-natais com base em características clínicas e confirmadas por cariótipo e/ou análise de microarray cromossômico.
Os RN incluídos foram alocados aleatoriamente para receber SOG ou SNG durante o período de transição da gavagem para a AOC. AO foi iniciada na idade pós-menstrual (IPM) acima de 34 semanas e ajustada conforme o protocolo institucional até que a AOC fosse atingida. O desfecho primário foi o tempo necessário para atingir a AOC. Os desfechos secundários incluíram ganho de peso diário, deslocamento e desinserção não intencional da sonda, e incidência de apneia e pneumonia aspirativa.
Resultados
Os grupos SNG e SOG foram compostos por 47 RN prematuros cada. A média da IPM para o início da AO foi semelhante em ambos os grupos, sem diferença significativa: 34,5 semanas no grupo SNG e 34,4 semanas no grupo SOG (p = 0,684). Também não foram observadas diferenças significativas entre os dois grupos em relação à média de IG (30,1 vs. 29,8 semanas) e ao peso ao nascer (1.299 vs. 1.328 gramas).
Os RN no grupo SNG atingiram AOC significativamente mais cedo (mediana 7 vs. 10 dias; p < 0,001) e tiveram menor ocorrência de deslocamento da sonda (38,3% vs. 82,9%, p < 0,001) e desinserção da sonda (17% vs. 63,8%, p < 0,001). Por fim, os pesquisadores não observaram diferenças nos episódios de apneia e pneumonia aspirativa, tampouco no ganho de peso.
Conclusão
O estudo mostrou que a alimentação por SNG permite que RN prematuros hemodinamicamente estáveis atinjam a AOC mais rapidamente durante o período de transição do que a alimentação por SOG com menor frequência de deslocamentos e desinserções da sonda e baixo risco de desfechos adversos. Portanto, de acordo com os pesquisadores, a alimentação por SNG pode ser uma opção segura que contribua para a redução da carga de trabalho dos profissionais de saúde, dos custos hospitalares e do tempo de internação.
Veja também: AAP 2021: progressão lenta vs rápida da dieta em prematuros com baixo peso ao nascer
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