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Pediatria15 agosto 2025

Sonda orogástrica ou nasogástrica para a alimentação de neonatos prematuros?

Alimentação por sonda em prematuros: SNG acelera transição para oral e reduz complicações em comparação à SOG.

Recém-nascidos (RN) prematuros enfrentam desafios na alimentação devido à coordenação imatura de sucção, deglutição e respiração, o que torna complexa a transição da sonda para a alimentação oral (AO). Embora as sondas orogástrica (SOG) e nasogástrica (SNG) sejam usadas para dieta enteral nessa população, cada uma tem desvantagens: as SOG podem interferir na função oral e causar complicações, como aversão oral e bradicardia, enquanto as SNG podem aumentar a resistência das vias aéreas e o esforço respiratório. Apesar de uma revisão Cochrane encontrar evidências insuficientes para determinar a via ideal, estudos anteriores não abordaram especificamente o tempo até a alimentação oral completa (AOC). O Journal of Maternal-Fetal & Neonatal Medicine publicou um estudo cujo objetivo foi preencher essa lacuna, testando a hipótese de que a colocação da SNG permite a obtenção mais rápida e segura da AOC em RN prematuros em comparação ao uso da SOG. 

alimentação prematuros

Metodologia 

O estudo consistiu em um ensaio comparativo randomizado que foi conduzido em um hospital universitário na Tailândia no período de maio de 2022 a dezembro de 2023.  

Foram incluídos RN prematuros hemodinamicamente estáveis, nascidos com idade gestacional (IG) inferior a 32 semanas. Os critérios de exclusão foram: anomalias congênitas, asfixia perinatal grave, contraindicações à alimentação enteral, hemorragia intraventricular grau ≥ 3, necessidade de ventilação com pressão positiva contínua ou anormalidades cromossômicas identificadas no pré-natal por meio de teste de DNA fetal livre de células ou suspeitas pós-natais com base em características clínicas e confirmadas por cariótipo e/ou análise de microarray cromossômico. 

Os RN incluídos foram alocados aleatoriamente para receber SOG ou SNG durante o período de transição da gavagem para a AOC. AO foi iniciada na idade pós-menstrual (IPM) acima de 34 semanas e ajustada conforme o protocolo institucional até que a AOC fosse atingida. O desfecho primário foi o tempo necessário para atingir a AOC. Os desfechos secundários incluíram ganho de peso diário, deslocamento e desinserção não intencional da sonda, e incidência de apneia e pneumonia aspirativa. 

Resultados 

Os grupos SNG e SOG foram compostos por 47 RN prematuros cada. A média da IPM para o início da AO foi semelhante em ambos os grupos, sem diferença significativa: 34,5 semanas no grupo SNG e 34,4 semanas no grupo SOG (p = 0,684). Também não foram observadas diferenças significativas entre os dois grupos em relação à média de IG (30,1 vs. 29,8 semanas) e ao peso ao nascer (1.299 vs. 1.328 gramas).  

Os RN no grupo SNG atingiram AOC significativamente mais cedo (mediana 7 vs. 10 dias; p < 0,001) e tiveram menor ocorrência de deslocamento da sonda (38,3% vs. 82,9%, p < 0,001) e desinserção da sonda (17% vs. 63,8%, p < 0,001). Por fim, os pesquisadores não observaram diferenças nos episódios de apneia e pneumonia aspirativa, tampouco no ganho de peso. 

Conclusão 

O estudo mostrou que a alimentação por SNG permite que RN prematuros hemodinamicamente estáveis atinjam a AOC mais rapidamente durante o período de transição do que a alimentação por SOG com menor frequência de deslocamentos e desinserções da sonda e baixo risco de desfechos adversos. Portanto, de acordo com os pesquisadores, a alimentação por SNG pode ser uma opção segura que contribua para a redução da carga de trabalho dos profissionais de saúde, dos custos hospitalares e do tempo de internação. 

Veja também: AAP 2021: progressão lenta vs rápida da dieta em prematuros com baixo peso ao nascer

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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