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Pediatria17 setembro 2019

Sepse na pediatria: quais são as condições de risco elevado

Em pediatria, condições de risco elevado para a ocorrência de sepse estão divididas em: idade, doenças crônicas, imunossupressão, asplenia e outros.

A sepse é uma síndrome clínica resultante de uma resposta inflamatória desequilibrada do organismo a uma infecção. Sua frequência sofre influência de peculiaridades inerentes ao próprio indivíduo, ao agente infeccioso e também ao meio ambiente.

Em pediatria, condições de risco elevado para a ocorrência de sepse estão divididas em: idade, doenças crônicas, imunossupressão, asplenia e presença de cateter venoso.

Idade: lactentes jovens (com menos de 1 ano de idade) e neonatos

De uma forma geral, o risco de sepse grave em crianças diminui com o aumento da idade. O risco de sepse neonatal de início precoce aumenta nas seguintes situações: infecção materna por estreptococos do grupo B durante a gravidez, prematuridade (principalmente prematuros de baixo peso), tempo de bolsa rota superior a 24 horas antes do nascimento do bebê, sofrimento fetal e baixa nota no escore de Apgar em 5 minutos (≤6).

Ademais, neonatos prematuros internados em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) estão expostos a um risco mais alto de sepse de início tardio devido a inúmeras intervenções relacionadas aos cuidados de saúde, como dispositivos invasivos, uso de nutrição parenteral e uso de ventilação mecânica. A sepse neonatal tardia está também relacionada ao tempo de hospitalização do neonato ou se ele é exposto a indivíduos com doenças contagiosas.

Doenças crônicas

A incidência de sepse grave é mais alta em crianças que apresentam comorbidades prévias. Em recente estudo, Bobelytè e colaboradores (2017) descreveram que a maioria dos casos letais de sepse ocorre em pacientes que sofrem de comorbidades crônicas, como doenças oncológicas, hematológicas e neurológicas, entre outras. É importante ter em mente que as taxas de doenças crônicas em crianças em países desenvolvidos estão crescendo anualmente.

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Doenças oncológicas / Transplante de medula óssea / Transplante de órgão sólido

Avanços recentes em quimioterapia e transplantes têm melhorado a taxa de sobrevivência de pacientes pediátricos com distúrbios hematológicos e oncológicos malignos. No entanto, estes tratamentos têm levado a um aumento da incidência de infecções graves, incluindo sepse. A sepse ainda é uma das principais causas de morbimortalidade em pacientes com doenças hematológicas e malignas, embora vários tratamentos antibacterianos/antifúngicos tenham sido desenvolvidos. Sano e colaboradores (2017) relataram que uma história de recidiva, um estado refratário da doença subjacente e altas concentrações de proteína C reativa no início da febre são fatores de risco significativos para mortalidade após o desenvolvimento de sepse em pacientes com distúrbios hematológicos e oncológicos malignos.

Asplenia

Sepse pós-esplenectomia é definida como infecção fulminante e rapidamente progressiva causada por bactérias encapsuladas que podem ocorrer em pacientes asplênicos. Em pacientes que recebem múltiplos procedimentos durante uma esplenectomia, o risco de infecção é maior. No entanto, o risco é reduzido em esplenectomizados que recebem vacina.

Presença de cateter venoso central

Não somente a presença de cateter venoso central, mas o risco de sepse é elevado em crianças submetidas a procedimentos cirúrgicos ou outros procedimentos invasivos, como tubos endotraqueais e cateteres vesicais de demora.

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Imunodeficiência

Inúmeras causas de imunodeficiência em crianças podem predispor à sepse. São elas:

  • Tumores malignos;
  • Uso de medicamentos imunossupressores (como quimioterapia e condicionamento para transplante de células-tronco hematológicas);
  • Imunodeficiências primárias (como imunodeficiência combinada grave);
  • Imunodeficiências adquiridas, como infecção pelo vírus da imunodeficiência humana – do inglês Human Immunodeficiency Virus (HIV);
  • Desnutrição.

Condições de risco para sepse na pediatria

A história natural e o grau de suscetibilidade à sepse variam entre essas condições, mas todos apresentam risco aumentado de sepse. Dessa forma, os profissionais de saúde devem ser alertados para a possibilidade de uma imunodeficiência subjacente se os pacientes apresentarem infecções graves, prolongadas, incomuns ou recorrentes.

A localização e o tipo de infecção também podem fornecer pistas para o tipo de imunodeficiência. Infecções recorrentes por organismos encapsulados, como Neisseria, sugerem deficiência de complemento, por exemplo. Infecção fúngica grave de início precoce como candidíase é característica de imunodeficiência combinada grave.

resumo das condições de risco para sepse na pediatria
Quadro 1: Resumo das condições de risco para sepse na pediatria

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Referências bibliográficas:

  • SOUZA, D. C. et al. Sepse na Pediatria. In: AZEVEDO, L. C. P.; MACHADO, F. R. Sepse. Rio de Janeiro: Atheneu, 2019. Cap.19, p.277-301;
  • INSTITUTO LATINO-AMERICANO DE SEPSE. Campanha Sobrevivência a Sepse. Protocolo Clínico Pediátrico. 2019. Disponível em: https://ilas.org.br/assets/arquivos/ferramentas/pediatria/protocolo-de-tratamento-pediatria.pdf. Acesso em: 09 de set. 2019;
  • SEPSIS. Children. 2019. Disponível em: https://www.sepsis.org/sepsisand/children/. Acesso em: 15 de set. 2019;
  • BMJ BEST PRACTICES. Sepse em crianças. 2019. Disponível em: https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/1201/history-exam. Acesso em: 15 de set. 2019;
  • BOBELYTÈ, O. et al. Sepsis epidemiology and outcome in the paediatric intensive care unit of Vilnius University Children’s Hospital. Acta medica Lituanica, v.24, n.2, p.113-120, 2017;
  • SANO, H. et al. Risk factors for sepsis-related death in children and adolescents with hematologic and malignant diseases. Journal of Microbiology, Immunology and Infection, v.50, p.232-238, 2017;
  • KHASAWNEH, M. A. et al. Outcomes after splenectomy in children: a 48-year population-based study. Pediatric Surgery International, v.35, p.575-582, 2019;
  • BENNETT, E. E. et al. Presence of Invasive Devices and Risks of Healthcare-Associated Infections and Sepsis. Journal of Pediatric Intensive Care, v.7, n.4, p.188-195, 2018.

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