Recomendações da AAP para o uso de exames radiológicos avançados na emergência
Em julho de 2024, a Academia Americana de Pediatria (AAP) publicou na revista Pediatrics recomendações para otimizar o uso de exames radiológicos avançados na Emergência, que incluem ultrassonografia (USG), tomografia computadorizada (TC) e ressonância nuclear magnética (RNM). É importante priorizar o uso de USG sempre que possível ao invés da TC por conta da exposição à radiação e aumento do risco de neoplasias no futuro.
Os exames entram em três categorias para definição de conduta:
- Determinar a necessidade de intervenção de emergência;
- Determinar a necessidade de transferência do paciente para outro hospital;
- Paciente que demanda transferência independentemente do exame de imagem.
Recomendação de exames de imagem conforme problema clínico:
- Crise convulsiva:
- Febril simples: sem necessidade de neuroimagem;
- Febril complexa: não há indicação de neuroimagem se o paciente voltar ao normal e ficar sem alterações clínicas significativas. Se tiver alterações: 1ª linha RNM de crânio e 2ª linha TC de crânio (TCC);
- Afebril: 1ª linha RNM de crânio e 2ª linha TCC à não solicitar neuroimagem emergencial para crianças ³6 meses com uma crise convulsiva generalizada não provocada que tenha retornado ao estado mental basal e tenham um exame neurológico normal. A neuroimagem de rotina não é necessária após uma convulsão disruptiva em um paciente com epilepsia estabelecida.
- Cefaleia (sem relato de trauma) com sinal de alarme: 1ª linha RNM de crânio e 2ª linha TCC;
- Avaliação de shunt ventricular: 1ª linha RNM de crânio e 2ª linha TCC;
- Acidente vascular encefálico: 1ª linha RNM de crânio e 2ª linha TCC;
- Trauma:
- Cranioencefálico (TCE): 1ª linha TCC à TCC não deve ser solicitada para TCE leve;
- De coluna cervical: 1ª linha radiografia cervical e 2ª linha TC ou RNM cervical;
- Tórax: 1ª linha TC de tórax com contraste venoso para avaliar se há lesão vascular mediastinal, paciente com trauma torácico penetrante e/ou investigar alargamento mediastino observado em radiografia de tórax;
- Abdome/pelve: 1ª linha TC com contraste venoso;
- Violência contra a criança:
- Trauma de crânio abusivo: 1ª linha RNM de crânio ou, se trauma agudo ou suspeita de fratura de crânio, TCC;
- Trauma de coluna cervical abusivo: 1ª linha RNM de crânio à Obs.: lembrar de fazer imobilização cervical diante dessa suspeita;
- Trauma abdominal abusivo: 1ª linha TC de abdome com contraste venoso na presença de sinais de lesão abdominal ou transaminases elevadas sem explicação (>80 u/L);
- Apendicite: 1ª linha USG de abdome e pelve e 2ª linha RNM de abdome e pelve sem contraste, TC de abdome e pelve com contraste venoso, OU repetir USG após 6-12 horas de observação clínica se tiver achados duvidosos como apêndice cecal não visualizado;
- Infecção cervical: 1ª linha USG cervical, TC cervical com contraste venoso ou RNM cervical;
- Nefrolitíase: 1ª linha USG de rins e vias urinárias e 2ª linha TC de abdome e pelve com protocolo de baixa dose.
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Conclusão
Essas recomendações ajudam-nos a otimizar a solicitação dos exames radiológicos avançados na avaliação pediátrica na Emergência. Uma das dificuldades que ainda temos é a disponibilidade de aparelhos de tomografia computadorizada nas Emergências e um olhar diferenciado ao fazer as tomografias priorizando protocolos de baixa dose de radiação. Ter acesso ao exame de ressonância magnética nuclear em Emergência Pediátrica é ainda mais difícil que TC no Brasil, fazendo com que solicitemos TC em situações que a RNM deveria ser o exame de primeira linha.
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