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Pediatria21 setembro 2017

Quais práticas conduzem aos melhores resultados em crianças submetidas à sedação?

A sedação processual para crianças submetidas a procedimentos dolorosos é uma prática padrão em departamentos de emergência em todo o mundo.

Por Juliana Festa

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

A sedação processual para crianças submetidas a procedimentos dolorosos é uma prática padrão em departamentos de emergência em todo o mundo. Dados anteriores da literatura sobre sedação neste ambiente hospitalar são limitados devido à dificuldade de identificar fatores de risco para eventos adversos sérios (EASs) e à limitação do desenho dos estudos, normalmente realizados em um único centro.

Um estudo observacional prospectivo multicêntrico, publicado em agosto de 2017 no JAMA Pediatrics, foi realizado em seis departamentos de emergência pediátrica no Canadá entre julho de 2010 e fevereiro de 2015. O objetivo do estudo foi examinar a incidência e os fatores de risco associados aos EASs relacionados à sedação. Os resultados do estudo mostraram que a cetamina em monoterapia foi associada com menos EASs do que o propofol ou ambos os medicamentos em combinação.

Para o estudo, foram consideradas crianças (idade < 18 anos) que receberam sedação para um procedimento doloroso no departamento de emergência. Dos 9.657 pacientes elegíveis para inclusão, 65,1% (n=6.295) foram avaliados na análise final. A média de idade foi de 8,0 (desvio padrão: 4,6) anos e 66,6% (n=4.190) eram do sexo masculino.

Veja também: ‘Dexmedetomidina vs. hidrato de cloral para sedação periprocedural em crianças’

A cetamina em monoterapia foi o sedativo mais utilizado (administrado a 3.916 pacientes, 62,2%) e a redução ortopédica foi a indicação mais comum de sedação (submetida por 4.148 pacientes, 65,6%).

No geral, houve 831 eventos adversos em 736 pacientes (11,7%; intervalo de confiança [IC] de 95%: 6,4% a 16,9%). Dessaturação de oxigênio (n=353; 5,6%) e vômito (n=328; 5,2%) foram os eventos adversos mais comuns. Foram reportados 69 EASs (1,1%; IC 95%: 0,5% a 1,7%), incluindo apneia (n=55, 0,9%), laringoespasmo (n=4; 0,1%), hipotensão (n=7; 0,1%) e bradicardia (n=3; 0,1%).

Intervenções significativas em resposta a um evento adverso ocorreram em 86 pacientes (1,4%, IC 95%: 0,7% a 2,1%). O uso de ventilação por pressão positiva foi a única intervenção significativa realizada. Não foram reportados casos de obstrução completa das vias aéreas, aspiração pulmonar, lesão neurológica ou morte.

O uso de cloridrato de cetamina em monoterapia resultou na menor incidência de EASs (n=17; 0,4%) e intervenções significativas (n=37; 0,9%).

A incidência de eventos adversos variou significativamente com o tipo de sedativo utilizado. Em comparação com a cetamina, o propofol (3,7%; odds ratio [OR]: 5,6; IC 95%: 2,3 a 13,1) e as combinações de cetamina e citrato de fentanila (3,2%; OR: 6,5; IC 95%; 2,5 a 15,2) e cetamina e propofol (2,1%; OR: 4,4; IC 95%: 2,3 a 8,7) apresentaram maior incidência de EASs. As combinações de cetamina e fentanil (4,1%; OR: 4,0; IC 95%: 1,8 a 8,1) e cetamina e propofol (2,5%; OR: 2,2; IC 95%: 1,2 a 3,8) apresentaram maior incidência de intervenções significativas.

Pode-se concluir, portanto, que o uso de cetamina em monoterapia foi associado aos melhores desfechos, resultando significativamente em menos EASs e intervenções do que a cetamina combinada com propofol ou fentanil. Com base neste estudo, a cetamina em monoterapia deve ser a primeira escolha para sedação infantil.

E mais: ‘Dor renal grave: adição de cetamina à morfina é eficaz?’

Revisado por:

Referências:

  • Bhatt M, Johnson DW, Chan J, Taljaard M, Barrowman N, et al. Risk Factors for Adverse Events in Emergency Department Procedural Sedation for Children. JAMA Pediatr. Published online August 21, 2017. doi:10.1001/jamapediatrics.2017.2135
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