O uso do nirsevimabe foi bastante discutido no 27° Congresso Brasileiro de Perinatologia (PERINATO 2025), evento que ocorreu entre os dias 19 e 22 de outubro, no Rio de Janeiro. A seguir, pontuamos algumas atualizações importantes discutidas pelas pediatras Renata Suman, Desiree de Freitas e Rita de Cássia Silveira, em simpósio satélite promovido pela Sanofi.
Para ilustrar a relevância do nirsevimabe na proteção de neonatos contra infecções pelo vírus sincicial respiratório (VSR), as palestrantes mostraram dados sobre mortes associadas a esse patógeno no Chile. Na campanha de inverno de 2024, o nirsevimabe foi administrado em todos os recém-nascidos (RN) entre 1º de outubro e 31 de março de 2023 e entre 1º de abril e 30 de setembro de 2024. Na campanha de inverno de 2025, o nirsevimabe foi administrado em todos os RN entre 1º de outubro e 31 de março de 2024 e entre 1º de abril e 30 de setembro de 2025. Até o momento, nenhum óbito por VSR foi relatado para bebês com até 12 meses de vida no Chile durante 2024 e 2025, em comparação com 13 casos relatados para 2023.
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Sendo assim, por que precisamos de protocolos para imunização contra o vírus sincicial respiratório (VSR) on time desde a maternidade?
As palestrantes destacaram o fato de que os RN nascem com sistema imunológico imaturo, havendo uma significativa janela de vulnerabilidade, pois os anticorpos maternos transferidos durante a gestação diminuem rapidamente nos primeiros meses de vida e a exposição precoce a patógenos pode ser fatal se não houver proteção adequada.
Motivos para a estruturação de protocolos nas maternidades
Prevenção de doenças graves
- Hepatite B: a transmissão vertical pode levar à infecção crônica em 90% dos casos;
- Tuberculose: a administração da vacina BCG ao nascer protege contra formas graves (miliar e meníngea);
- VSR: a idade é um fator de risco para gravidade da doença;
- Protocolos estruturados auxiliam na prevenção de surtos e epidemias.
Momento ótimo de resposta imunológica
- Cada imunizante tem idade ideal para máxima eficácia;
- Esquemas sequenciais garantem proteção adequada;
- Doses de reforço programadas mantêm a imunidade.
Cobertura de imunização e saúde pública
- Protocolos padronizados facilitam o monitoramento, garantem equidade no acesso, contribuem para imunidade coletiva e reduzem a morbimortalidade infantil.
Segurança e rastreabilidade
- Registro adequado desde o nascimento;
- Controle de lotes e eventos adversos;
- Continuidade do cuidado.
Indicação
Conforme descrito na nota técnica nº 109/2025-CGICI/DPNI/SVSA/MS, “o nirsevimabe está indicado para RN prematuros nascidos com idade gestacional (IG) igual ou inferior a 36 semanas e 6 dias, com qualquer peso corpóreo, além de crianças de até 24 meses que apresentem pelo menos uma das seguintes comorbidades: cardiopatia congênita, broncodisplasia, imunocomprometimento, síndrome de Down, fibrose cística, doença neuromuscular e anomalias congênitas das vias aéreas”. Segundo a NT, o nirsevimabe será disponibilizado a partir de fevereiro de 2026, antes da próxima sazonalidade.
Confira os destaques do PERINATO 2025!
Autoria

Roberta Esteves Vieira de Castro
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra
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