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Pediatria26 novembro 2025

PERINATO 2025 - Gerenciamento de Antimicrobianos na UNCI

Gerenciamento de Antimicrobianos na UNCI é destaque no PERINATO 2025, com insights sobre resistência microbiana, diretrizes da Anvisa e práticas para PGA pediátrico.

A palestra “Gerenciamento de Antimicrobianos na UNCI” foi um grande destaque no 27° Congresso Brasileiro de Perinatologia (PERINATO 2025), realizado entre os dias 19 e 22 de novembro, no Rio de Janeiro. O palestrante foi o Dr. Fábio de Araújo Motta (PR), que compartilhou sua ampla experiência no assunto. 

A resistência aos antimicrobianos (RAM) é um enorme problema de saúde pública. Segundo o GBD 2021 Antimicrobial Resistance Collaborators, estima-se que ocorram 7,7 milhões de óbitos anualmente associados às infecções bacterianas, sendo 4,5 milhões associados à RAM e 1,27 milhões atribuídos à RAM. Um a cada 5 óbitos ocorre em pacientes pediátricos. As bactérias frequentemente envolvidas são: Escherichia coliStaphylococcus aureusKlebsiella pneumoniaeStreptococcus pneumoniaeAcinetobacter baumannii e Pseudomonas aeruginosa. Ainda conforme o GBD 2021 Antimicrobial Resistance Collaborators, por meio de análises estatísticas, poderão ocorrer 39 milhões de óbitos nos próximos 25 anos (até 2050).  

A gestão de antimicrobianos tem sido cada vez mais promovida como um meio de limitar a resistência antimicrobiana e melhorar a qualidade do atendimento. Aliás, a Infectious Diseases Society of America revisou estratégias potenciais para aprimorar o seu uso e desenvolveu recomendações baseadas em evidências para programas de gestão. Uma das características de programas bem-sucedidos tem sido a participação de uma equipe interdisciplinar. Tais programas relatam os esforços colaborativos de intensivistas, médicos infectologistas, microbiologistas, farmacêuticos, enfermeiros, etc. 

Diretriz da Anvisa 

O palestrante divulgou a recente “Diretriz Nacional para Implantação de Programa de Gerenciamento de Antimicrobianos em Serviços de Neonatologia e Pediatria 2025” da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).  O objetivo do documento, composto por cinco capítulos, é fornecer conteúdos aplicáveis com base em evidências científicas e experiência em serviço que norteiem a implantação e implementação dos programas de gerenciamento de antimicrobianos (PGA) na população pediátrica/neonatal, incluindo a harmonização de métricas que possam medir o uso e impacto dos antimicrobianos.  

A diretriz destaca que um dos elementos necessários para a implantação do PGA é o apoio político e financeiro da alta direção da instituição de saúde, pois nem sempre a alta administração entende e conhece os objetivos, desafios e resultados de um PGA. A visão estratégica tem que ser retroalimentada pela visão tática e operacional, respectivamente, coordenação do programa e time do PGA. Compor e oficializar o time PGA é uma prerrogativa para a estrutura e funcionamento do PGA na pediatria e neonatologia: 

  • Profissionais do time operacional: infectologista ou pediatra com expertise em antimicrobianos, farmacêutico clínico, microbiologista, enfermeiro assistencial e profissional do controle de infecção; 
  • Time de suporte: composto por profissionais que, indiretamente, prestam apoio, dentro da sua habilidade profissional e poder de decisão, para que as ações do programa aconteçam, como administrador hospitalar, profissional da tecnologia da informação, equipe médica e de enfermagem. 

Ainda de acordo com o documento da Anvisa, a abordagem do uso de antimicrobianos deve ser multimodal 

  • Prescrição (diagnóstico clínico e exames); 
  • Resultados intermediários e finais (microbiologia, perfil de sensibilidade e revisão de tratamento); 
  • Interpretação de culturas e discussão clínica (infectologista, pediatra, microbiologista, enfermeiro); 
  • Administração (cuidados de enfermagem); 
  • Desprescrição/Descalonamento (dose, via, duração, otimização). 

O médico deve estar envolvido nos diversos estágios de construção e estabelecimento de uma equipe de PGA bem-sucedida. Primeiro, um plano de gestão deve ser desenvolvido, buscando a aprovação formal e suporte financeiro junto à administração do hospital. Na sequência, deve ser formalizada a sua nomeação como líder de equipe, assim como nomear membros principais do time PGA com funções e responsabilidades claramente definidas. O Dr. Fábio destacou o papel da farmácia clínica, do laboratório clínico e da enfermagem. 

O palestrante também apresentou dados que demonstram que uma parcela expressiva das intervenções dependentes do time de stewardship (STW), especialmente aquelas conduzidas pelo infectologista e pelo farmacêutico clínico, está diretamente vinculada à qualidade e à disponibilidade oportuna das informações provenientes do serviço de microbiologia, e essa relação se evidencia pelo fato de que um terço dos problemas identificados pelo time STW teve origem em resultados laboratoriais que impactaram no uso de antimicrobianos, conforme a análise realizada entre janeiro e setembro de 2023 no Hospital Pequeno Príncipe, e o destaque para a microbiologia, responsável por 29% dos resultados críticos entre todos os exames avaliados, reforça a centralidade desse serviço para decisões clínicas mais precisas, intervenções mais eficazes e, consequentemente, para uma gestão mais racional dos antimicrobianos. 

O documento da Anvisa pode ser acessado através do link: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/servicosdesaude/prevencao-e-controle-de-infeccao-e-resistencia-microbiana/gerenciamento-de-antimicrobianos-em-servicos-de-saude/DiretrizNacionalPGAPEDeNEO15.05.2025_1.pdf   

 

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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