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Pediatria26 novembro 2025

PERINATO 2025 - Antibioticoterapia em Neonatologia

Durante o PERINATO 2025, a palestra “Gerenciamento de Antimicrobianos na UNCI", trouxe atualizações relevantes sobre antibioticoterapia na neonatologia.  

Na palestra “Gerenciamento de Antimicrobianos na UNCI” realizada no 27° Congresso Brasileiro de Perinatologia (PERINATO 2025), realizado entre os dias 19 e 22 de novembro, no Rio de Janeiro., o palestrante, Dr. Fábio de Araújo Motta (PR), trouxe atualizações relevantes sobre antibioticoterapia na neonatologia.  

  1. Perfil microbiológico 

Segundo dados da Anvisa, os seguintes microrganismos foram isolados em 2024 em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN):  

  • Klebsiella pneumoniae: 1107; 
  • Escherichia coli: 363; 
  • Enterobacter spp.: 304; 
  • Pseudomonas aeruginosa: 255; 
  • Acinetobacter: 248; 
  • Serratia spp.: 222; 
  • Klebsiella spp.: 165. 

Ainda conforme a Anvisa, segue o percentual de resistência microbiana em 2024: 

  • Klebsiella pneumoniae: 25,1%; 
  • Acinetobacter: 22,04%; 
  • Enterobacter spp.: 17,46%; 
  • Pseudomonas aeruginosa: 15,40%; 
  • Escherichia coli: 12,06%. 

2. Antibióticos (ATBs) preferidos para o tratamento de infecção causada por enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos (ERC) (fora infecção do trato urinário [ITU]), quando o resultado de carbapenemase for positivo para Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC): 

Ceftazidima–avibactam 

  • Idade gestacional (IG) ≥ 31 semanas, idade pós-natal (IPN) <29 dias: 25 mg/kg/dose (componente ceftazidima) intravenoso (IV) a cada 8 horas, infundido ao longo de 3 horas (Tamma et al., 2024). 

Ceftazidima-avibactam e aztreonam   

  • Ceftazidima-avibactam (mesma dose total em mg/kg/dia descrita acima, dividida a cada 6 horas), infundida simultaneamente por administração em Y com aztreonam 30 mg/kg/dose (dose máxima de 2 g) IV a cada 6 horas, ambos infundidos ao longo de 3 horas. 
  • Administração simultânea de ceftazidima-avibactam e aztreonam nas mesmas doses totais diárias listadas acima, a cada 8 horas, ambos infundidos ao longo de 3 horas, caso a administração a cada 6 horas não seja viável. 
  • Infusões de 2 horas são sugeridas para o tratamento de infecções do SNC (Tamma et al., 2024). 

3. Qual é o papel das polimixinas no tratamento das infecções causadas por bactérias produtoras de carbapenemase (KPC/ New Delhi metallo-β-lactamase (NDM) /etc.)? 

Dados observacionais e clínicos indicam aumento da mortalidade e excesso de nefrotoxicidade associados a regimes baseados em polimixinas em comparação com agentes de referência. Preocupações com a eficácia clínica das polimixinas e a precisão dos testes de suscetibilidade a essas substâncias levaram o Clinical and Laboratory Standards Institute a eliminar a categoria de suscetibilidade para colistina e polimixina B. O painel sugere que esses agentes sejam evitados no tratamento de infecções por ERC, com exceção da colistina como agente alternativo contra cistite por ERC. A polimixina B não deve ser usada no tratamento da cistite por ERC, devido à sua eliminação predominantemente não renal.” (Tamma et al., 2024). 

4. Quais as Enterobacteralis que devem ser consideradas de moderado a alto risco para produção da enzima AmpC clinicamente significativa provocada pelo gene AmpC induzível? 

Citrobacter freundii (C. koseri), Enterobacter cloacae complexKlebsiella aerogenes (CEK e não mais CESP). 

5. Quais são os ATB preferidos para o tratamento de infecção causada por P. aeruginosa-DTR (infecção primária da corrente sanguínea – IPCS), quando os resultados de carbapenemase forem positivos? 

Ceftolozana-tazobactam  

  • Cistite: 20 mg/kg/dose do componente ceftolozana (dose máxima 1 g de ceftolozana) IV a cada 8 horas. Infundir ao longo de 1 hora. 
  • Outras infecções: 40–50 mg/kg/dose do componente ceftolozana (dose máxima 2 g de ceftolozana) IV a cada 8 horas. Infundir ao longo de 3 horas. 
  • Infecções do SNC: Recomenda-se infusão de 1 hora (Tamma et al., 2024). 

Ceftazidima–avibactam: Idade gestacional (IG) ≥ 31 semanas, idade pós-natal < 29 dias: 25 mg/kg/dose (componente ceftazidima) IV a cada 8 horas, infundido ao longo de 3 horas (Tamma et al., 2024). 

No Hospital Pequeno Príncipe, onde o Dr. Fábio atua, o protocolo usado é: 

  • Se sensível à ceftazidime-avibactam = usar em monoterapia ou associado (depende da gravidade, podendo ser polimixina): polimixina, amicacina / tobramicina, aztreonam. Dar preferência para os ATBs sensíveis no antibiograma. 

6. Qual a abordagem geral que se deve fazer para tratar Acinetobacter baumannii resistente a carbapenêmico? 

Ampicilina-sulbactam 

  • IPN ≤ 7 dias: 100 mg/kg/dose do componente ampicilina IV a cada 8 h, infundido ao longo de 4 h. 
  • IPN 8–60 dias: 75 mg/kg/dose do componente ampicilina IV a cada 6 h, infundido ao longo de 4 h (Tamma et al., 2024). 

Protocolo no Hospital Pequeno Príncipe:  

  • Nunca deve faltar ampicilina-sulbactam em altas doses independentemente de estar suscetível no antibiograma (para pediatria = 80 mg/kg/dose de ampicilina de 8/8 h, pode-se considerar chegar à dose de 400 mg de ampicilina). 
  • Associar mais uma droga que esteja sensível no antibiograma – amicacina/gentamicina. 
  • Pensando em efeito sinérgico, pode-se associar: 
  • Ampicilina-sulbactam; 
  • Polimixina B (se MIC > 2, evidência de menor benefício); 
  • Meropenem / imipenem (sem necessidade de infusão estendida). 

O palestrante finalizou sua apresentação com as seguintes take-home messages: 

  1. ESBL – IPCS – Sepse – Infecção grave = Meropenem; 
  2. ESBL – ITU – Infecção abdominal – paciente estável = Piperacilina-tazobactam, amicacina; 
  3. ERC KPC = Ceftazidima–avibactam; 
  4. ERC NDM = Ceftazidima–avibactam + aztreonam – simultaneamente; 
  5. AmpC = Grupo CEK = Cefepime; 
  6. P. aeruginosa = Ceftolazana-tazobactam / pensar sempre em associar para casos graves – amicacina, polimixina B, ATB sensível; 
  7. Acinetobacter baumannii = Ampicilina-sulbactam (mesmo se resistente) e fazer associação. 

 

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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