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Pediatria22 janeiro 2024

OMS divulga estudo sobre risco de perda de audição com o uso de videogames

Relatório analisou bases de dados em busca de estudos sobre dano auditivo causado por excessos relacionados a videogames.

Por Augusto Coutinho

No dia 17 de janeiro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou os resultados de um estudo publicado no BMJ Public Health, que associa hábitos relacionados à utilização de videogames ao risco de perda de audição e tinnitus.

Os pesquisadores analisaram três base de dados (PubMed, Scopus, Ovid MEDLINE) e coletaram informações de 14 estudos revisados por pares envolvendo um total de 53.833 pessoas, além de dados presentes em várias publicações da chamada literatura cinzenta (anais de conferências, boletins informativos, relatórios, documentos governamentais, dissertações, relatórios de pesquisa etc.).

Leia também: SBP faz alerta sobre uso de telas por crianças com autismo

OMS divulga estudo sobre risco de perda de audição com o uso de videogames

Achados

As informações encontradas relatavam a utilização de videogames em níveis sonoros variando entre 43,2 decibéis (dB), em dispositivos móveis, a 89 dB em consoles de mesa e computadores, além de rompantes de barulho que alcançavam 119 dB. Os limites seguros de exposição para crianças é por volta de 100 dB.

Cinco dos estudos analisados associaram perda auditiva autodeclarada e tinnitus à utilização de videogames. Em outro dos estudos há relato de exposição a níveis de sons alto ou muito altos por até 10 milhões de pessoas através de jogos eletrônicos nos Estados Unidos.

Um dos materiais utilizado como fonte descreveu um experimento sobre o uso de fones de ouvido que apontava uma exposição a níveis sonoros mais danosos. “Fones de ouvido para jogos podem atingir níveis de audição inseguros, o que pode colocar alguns jogadores em risco de perda auditiva induzida por som.”, concluíram os autores.

Saiba mais: O adoecimento psíquico de crianças por uso de telas

Devido a diversidade de fontes utilizadas e aos poucos estudos específicos sobre o tema, os autores admitem que essa revisão é limitada, contudo afirmam que os dados “sugerem que alguns jogadores, em especial aqueles que jogam com maior frequência, e nos níveis sonoros médios ou acima dos descritos nos artigos incluídos nesta revisão, provavelmente excedem os limites permitidos de exposição sonora e, portanto, estão envolvidos em práticas auditivas inseguras, que podem colocá-los em risco de desenvolver perda auditiva permanente e/ou tinnitus”.

Vício

Em 2022, com a entrada em vigor da CID-11, o vício em jogos eletrônicos foi ratificado como um transtorno de saúde mental, o público que sofre com essa disfunção é o mais sensível a perda de audição, dado o maior tempo de exposição a sons altos.

Em um artigo do Instituto de Psicologia (IP) da USP publicado no mesmo ano no Journal of Addictive Diseases, a autora, Luiza Brandão, apontou uma prevalência maior de jovens que preenchem critérios para uso problemático de videogames no Brasil do que no resto do mundo. Segundo os dados levantados, esse índice chega a 28,17% no universo de 85,85% das crianças brasileiras que responderam ter jogado videogames no ano anterior.

Para a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), no seu documento “Adolescentes, Jogos Eletrônicos e Gaming Disorder” dada a prevalência e inserção desse hábito na população: “é fundamental que os pediatras tenham alguma familiaridade com os efeitos dessa atividade quase onipresente entre os jovens brasileiros.” No documento, a SBP ainda elenca outros efeitos deletérios que o tempo de tela excessivo ocasionado pelos jogos eletrônicos pode causar, como questões relacionados ao sono e outros danos à saúde mental e física.

Consulta pública sobre tempo de tela

Relacionado ao tema, se encerrou no último dia 7 de janeiro, uma consulta pública aberta por iniciativa do Governo Federal sobre o uso de telas por crianças e adolescentes, a pauta apresentada tem como objetivo a produção de um guia oficial do governo com orientações sobre a questão. Foram centenas de contribuições recebidas que podem ser acessadas através deste link.

A elaboração do guia deve ocorrer ao longo de 2024 por um grupo de trabalho composto por especialistas da área.

*Este conteúdo foi revisado pela equipe médica do Portal.

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Referências bibliográficas

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