Durante o Congresso da Academia Americana de Pediatria (AAP 2025), em Denver/EUA, uma das sessões abordou as transformações recentes no cuidado com adolescentes no contexto da saúde reprodutiva. A palestra da Dra. Melissa Menezes trouxe uma análise sobre os avanços clínicos, as novas diretrizes e os desafios enfrentados por profissionais que atuam com esse perfil de paciente. Em tempos de mudanças rápidas e influência crescente das redes sociais, o pediatra geral precisa estar preparado para orientar adolescentes com segurança, empatia e base científica.
A taxa de natalidade entre adolescentes nos Estados Unidos continua em queda, reflexo de maior acesso à informação, mudanças comportamentais e ampliação das opções de cuidado. Ainda assim, persistem desigualdades raciais e geográficas que exigem atenção.
Veja também: Contraceptivos hormonais em adolescentes menores de 14 anos
A aula destacou como os avanços tecnológicos e farmacológicos têm ampliado as possibilidades de cuidado, com métodos mais seguros, acessíveis e com perfis de efeitos colaterais mais favoráveis. Veja de forma objetiva:
Métodos de longa duração
- Oferecem proteção por vários anos com uma única aplicação ou inserção.
- Não exigem manutenção diária ou mensal.
- Alta eficácia e adesão, especialmente entre adolescentes com rotina instável.
- Estudos recentes indicam que podem ser usados com segurança por períodos maiores do que os oficialmente aprovados.
Métodos orais acessíveis
- Alguns disponíveis sem necessidade de prescrição médica.
- Fáceis de obter em farmácias e redes de drogarias.
- Requerem disciplina para uso diário, o que pode ser um desafio para alguns adolescentes.
- Boa opção para quem prefere métodos discretos e reversíveis.
Métodos com benefícios adicionais
- Contribuem para melhora da acne, controle do ciclo menstrual e sintomas hormonais.
- Maior aceitação entre adolescentes que buscam benefícios estéticos ou regulatórios.
- Alternativa útil para pacientes com contraindicação ao uso de estrogênio.
Métodos não hormonais modernos
- Opções para adolescentes que preferem evitar os hormônios.
- Menor risco de efeitos sistêmicos.
- Efetividade depende do uso correto e consistente.
- Incluem barreiras físicas, reguladores de pH vaginal e métodos naturais com suporte tecnológico.
Tecnologias emergentes
- Aplicativos de planejamento familiar baseados em temperatura basal e histórico menstrual.
- Implantes biodegradáveis e métodos masculinos em fase de pesquisa.
- Potencial para ampliar a autonomia e personalização do cuidado.
- Ainda em fase de estudos ou aprovação regulatória.
Outro ponto crítico abordado foi o impacto das redes sociais na percepção dos adolescentes sobre saúde reprodutiva. A disseminação de informações, muitas vezes imprecisas, tem influenciado decisões e gerado resistência a certos cuidados. O profissional de saúde precisa estar atento a essas narrativas, validando preocupações e oferecendo orientações claras e baseadas em evidência.
Mensagem prática para pediatras gerais
- Ao atender adolescentes, esteja preparado para conversar sobre saúde reprodutiva com linguagem acessível, sem julgamentos e com base científica;
- Atualize-se sobre as diretrizes clínicas, especialmente em pacientes com condições crônicas;
- Esteja atento às preocupações que surgem nas redes sociais e ofereça informações claras, seguras e empáticas;
- Crie um ambiente de confiança, onde o jovem se sinta acolhido para discutir suas dúvidas e tomar decisões conscientes sobre sua saúde.
Confira os destaques do Congresso da American Academy of Pediatrics!
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.