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Pediatria4 setembro 2020

Níveis mais elevados de obsessão-compulsão e o uso de smartphones

Pesquisadores avaliaram a dependência de pessoas na faixa escolar por smartphones e quais sentimentos estavam relacionados, como a nomofobia.

Sentimentos de inadequação e inferioridade pessoal são relevantes para explicar a nomofobia, uma sensação de ansiedade, desconforto e estresse quando uma pessoa não tem acesso a seu smartphone prontamente. Essas são as conclusões do estudo português Nomophobia and lifestyle: Smartphone use and its relationship to psychopathologies, publicado no jornal Computers in Human Behavior Reports.

Os pesquisadores aplicaram um questionário para avaliar a dependência dos indivíduos de seus smartphones e explorar o termo nomofobia, que corresponde ao medo de ficar longe do aparelho. Além disso, foi também aplicado outro questionário que avaliou sintomas psicopatológicos como ansiedade, obsessão-compulsão e sentimento de inadequação.

Obsessão-compulsão e smartphones

Foram incluídos 495 adultos jovens com idades entre 18 e 24 anos (média de 21 anos) em Portugal, sendo que mais da metade era do sexo feminino (52,3%). A maioria dos participantes tinha ensino médio (71,6%). Todos os participantes possuíam um smartphone por uma média de 6,4 anos.

Em relação ao número de horas diárias de uso de smartphone, a maioria dos participantes referiu entre 4 a 7 h (35,8%), acessando principalmente as redes sociais (47,1%).

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Uma correlação fraca, mas positiva, foi encontrada entre nomofobia e o número de anos que os participantes possuíam um smartphone (r ¼ 0,169, p <.001). Uma correlação positiva moderada foi encontrada entre a nomofobia e o número médio de horas que os participantes usam o smartphone por dia (r ¼ 0,428, p <0,001).

No entanto, não foi encontrada correlação entre a nomofobia e os aplicativos mais usados (p> 0,05). Foi encontrada uma correlação negativa entre nomofobia e escolaridade (r ¼ -.144, p ¼ .001). Não foram encontradas diferenças de gênero ou correlação com a idade. Os dados sugerem o papel importante da experiência de uso do smartphone na nomofobia.

Os participantes que têm seus smartphones há mais anos e têm um número maior de telefones celulares correm maior risco. Além disso, quanto maior a pontuação dos participantes em obsessão-compulsão no questionário, mais esses participantes temiam ficar sem o telefone.

Os pesquisadores enfatizaram que existe uma diferença entre o uso normal do smartphone, beneficiando a vida do indivíduo, e a utilização com interferências no estilo de vida. A nomofobia é uma realidade na sociedade contemporânea, em que o uso do smartphone tem um papel significativo na saúde/bem-estar das pessoas e em seu ajuste ao mundo em que vivem. O medo de ficar longe do smartphone tem recebido atenção pública e pesquisas recentes mostraram sua relação com estilo de vida e psicopatologias.

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Conclusões

No presente estudo, os resultados sugerem que a nomofobia é independente do sexo ou da idade. Ademais, os dados também sugerem que a nomofobia é independente do estilo de vida e parece ser um fenômeno generalizado entre adultos jovens portugueses. No entanto, a escolaridade e o relacionamento com a família e amigos apareceram como fatores de proteção. Indivíduos com níveis mais altos de educação e melhores relacionamentos com familiares e amigos tendem a ter menos sintomas nomofóbicos.

Portanto, uma correlação positiva e moderada foi encontrada entre nomofobia e sintomas psicopatológicos com sensibilidade interpessoal sendo um forte preditor de nomofobia, juntamente com obsessão-compulsão e o número de horas de uso de smartphone por dia. Esses resultados mostram que o uso do smartphone e os sentimentos de inadequação e inferioridade pessoal são relevantes. Sensibilidade interpessoal, obsessão-compulsão e o número de horas de uso de smartphone por dia foram identificados como fortes preditores de nomofobia.

A nomofobia não é reconhecida como um diagnóstico pela American Psychiatric Association.

Referências bibliográficas:

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