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Pediatria20 junho 2025

Intervenções na microbiota intestinal para tratamento de ansiedade e depressão

Revisão sistemática avaliou intervenções na microbiota intestinal para reduzir sintomas de depressão e ansiedade em crianças e adolescentes
Por Jôbert Neves

Transtornos de saúde mental, como ansiedade e depressão, têm se tornado cada vez mais prevalentes entre crianças e adolescentes, especialmente após a pandemia da covid-19. Estima-se que 1 em cada 7 jovens entre 10 e 19 anos seja afetado por algum transtorno mental. Com base nas crescentes evidências sobre o papel do eixo intestino-cérebro, surgiu o interesse por intervenções que modulam a microbiota intestinal, como probióticos, prebióticos e suplementos dietéticos, como potenciais tratamentos auxiliares para problemas de saúde mental nesta população. 

Análise recente: microbiota intestinal e transtornos mentais

Para isso, foi realizada uma revisão sistemática da literatura em bases como PsycINFO, Medline, Web of Science e listas de referências, utilizando termos relacionados à microbiota intestinal, intervenções dietéticas, sintomas de depressão e ansiedade, e população pediátrica. Os critérios de inclusão abrangeram ensaios clínicos randomizados (RCTs) com crianças e adolescentes de 3 a 19 anos, avaliando sintomas de ansiedade ou depressão com escalas validadas, e sem o uso recente de ISRS ou psicoterapia. Veja os resultados encontrados:  

Dos 1.561 estudos inicialmente identificados, 10 RCTs envolvendo 408 participantes foram incluídos. As intervenções avaliadas foram: 

  • Probióticos: 5 estudos. Apenas dois relataram efeitos positivos na redução de sintomas de depressão ou ansiedade. Destacam-se o uso de Lactobacillus plantarum PS128 e Bifidobacterium animalis subsp. Lactis BPL1. Os demais estudos não demonstraram benefícios significativos;
  • Prebióticos: 2 estudos com galactooligossacarídeos (B-GOS) não mostraram efeitos relevantes na redução de sintomas emocionais, apesar de alterações em algumas espécies bacterianas intestinais;
  • Suplementação dietética: 3 estudos. Um deles demonstrou que a suplementação com ácidos graxos Ômega-3 reduziu sintomas depressivos em adolescentes. Em outro, o mesmo suplemento não se mostrou mais eficaz do que placebo em adolescentes com anorexia nervosa. Um terceiro estudo com fibras de psyllium em crianças com síndrome do intestino irritável não evidenciou impacto em sintomas emocionais.  

Conclusão 

Esta revisão sugere que intervenções com probióticos específicos e suplementos dietéticos como Ômega-3 podem ter algum benefício na redução de sintomas de depressão e ansiedade em populações pediátricas. Apesar disso, os achados são limitados por tamanhos amostrais pequenos, heterogeneidade dos participantes e qualidade metodológica dos estudos. Ainda não há evidências de eficácia para o uso de prebióticos. São necessários novos estudos, bem desenhados e com amostras maiores e mais homogêneas, para confirmar a eficácia clínica dessas abordagens na prática.

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Referências bibliográficas

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