A melhoria nas taxas de amamentação e nas práticas seguras de sono infantil são prioridades de saúde pública. Atualmente, muitas evidências crescentes relacionam as características paternas e o envolvimento com os cuidados infantis com resultados positivos para a criança. No entanto, devido à escassez de informações sobre o papel dos pais nessas temáticas, pesquisadores do estado da Geórgia, nos Estados Unidos, conduziram uma pesquisa cujo objetivo era justamente avaliar o início da amamentação infantil e qualquer amamentação em oito semanas, além de práticas seguras de sono por características paternas selecionadas entre uma amostra representativa de pais com seus bebês. O estudo foi publicado na Pediatrics.
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Metodologia
Parker e colaboradores realizaram um estudo transversal de base populacional, denominado Pregnancy Risk Assessment Monitoring System (PRAMS) for Dads, que avaliou 250 pais no período de 2 a 6 meses após o nascimento de seus bebês. Os pais eram elegíveis se a mãe do bebê fosse amostrada para PRAMS materno de outubro de 2018 a julho de 2019.
Resultados
Dos 250 pais entrevistados, 86% relataram que seus filhos iniciaram a amamentação; no entanto, daqueles que relataram que seu bebê já havia sido amamentado, aproximadamente um quarto relatou que seu bebê não estava sendo amamentado às 8 semanas de vida. Com relação ao sono, mais de 99% dos pais relataram colocar seus filhos para dormir. Infelizmente, eles relataram práticas de sono menos seguras: apesar de 81,1% relatarem colocar seu bebê de costas para dormir, somente 31,9% disseram usar uma superfície de dormir aprovada e 44,1% declararam não usar camas macias. Apenas 16% dos pais entrevistados afirmaram seguir todas as três práticas recomendadas de sono seguro. Os pesquisadores descreveram que pais com diploma universitário eram mais propensos a receber orientações de sono seguro e a evitar camas macias ao colocar seus bebês para dormir.
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Conclusão
O survey mostrou que os pais relataram taxas de amamentação infantil e práticas seguras de sono abaixo do ideal e por características paternas, sugerindo oportunidades para incluir os pais na promoção da amamentação e do sono infantil seguro.
Comentários e mensagem prática
Os pais têm tido participação ativa no cuidado de seus filhos e o pediatra é um grande facilitador desse vínculo, que deve ser cada vez mais estimulado. No entanto, tanto pais quanto mães devem ser sempre informados quanto às melhores práticas de cuidados infantis baseadas em evidências.
Autoria

Roberta Esteves Vieira de Castro
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra
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