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Neurologia18 maio 2022

Quantas horas de sono são suficientes?

Um estudo descobriu que a duração consistente do sono se associa a uma excelente otimização e manutenção da função cognitiva e saúde mental.

Por Gabriela Queiroz

Atualmente, a população em geral tem se voltado para uma vida mais saudável, buscando sempre atualizações em como realizar atitudes que irão promover uma vida mais longa e com mais saúde. A medicina vem ajudando em grande parte com o avanço de tecnologias tanto medicamentosas como  em relação a diagnósticos e procedimentos que proporcionam a população essa vida mais longa e  saudável, porém atitudes pessoais são igualmente importantes para que esse objetivo seja alcançado. Alimentação mais balanceada e mais natural, prática de exercícios físicos regulares, prática de exercícios  mentais de meditação e menos sedentarismo, são exemplos de como as pessoas podem por si só  promover saúde a si mesmas. Dentro desse escopo temos um fator de grande importância que muitas  vezes não é levado tão a sério, ou na correria das atividades do dia a dia é deixado para trás: o padrão do sono diário.

Já se sabe que noites mal dormidas, seja em quantidade de horas de sono assim como qualidade do sono, contribuem para que a população não alcance os rendimentos diários necessários tampouco se  reestabeleçam fisicamente de algum desequilíbrio orgânico. Mas quantas horas são necessárias para que o organismo consiga se resetar e estar novamente preparado para mais um dia?

horas de sono

Estudo

Um novo estudo apoiado pela National Key R&D Program of China, pelo Shanghai Municipal Science and  Technology Major Project, pelo Shanghai Center for Brain Science and Brain-Inspired Technology, pelo 111 Project, pelo National Natural Sciences Foundation of China e pelo Shanghai Rising Star Program, descobriu que sonos com duração consistentes de sete horas por noite em populações de meia idade estão associados a uma excelente otimização e manutenção da função cognitiva e da saúde mental. Nessa faixa etária, é comum que o padrão de sono seja alterado, oscilando entre muitas horas de sono e poucas horas com episódios constantes de insônia e isso contribui para o declínio cognitivo e mental  dessa população.

O estudo em questão, realizou uma revisão de dados da empresa inglesa UK Biobank, publicado na Nature Aging, por um grupo de pesquisadores da China e do Reino Unido, analisando parâmetros  cognitivos, questionários de saúde mental e imagens cerebrais, assim como informações genéticas e  demonstrou que o sono é extremamente importante para a saúde física e mental, além de ter uma  função neuroprotetiva, limpando o “lixo” residual cerebral.

Esse estudo incluiu 498.277 participantes, com idades entre 38 e 73 anos que completaram  questionários de padrão de sono durante os anos de 2006 e 2010. A idade média foi de 56,4 anos sendo  54% pacientes femininos com uma média de padrão de sono de 7,15 horas por noite. Além do  questionário, também fizeram uma revisão de imagens cerebrais e informações genéticas de 39,692  participantes no ano de 2014 a fim de avaliar a relação entre a duração do sono e a estrutura cerebral e  entre a duração do sono e riscos genéticos. Também contaram com um follow up mental online de 156,884 participantes entre 2016 e 2017 para se obter dados do impacto a longa data na saúde mental  individual em relação ao padrão de sono.

Como resultados, tanto o excesso de sono como a falta de sono tiveram impacto negativo sobre a  performance cognitiva dos participantes. Funções cognitivas específicas como pareação, memória prospectiva e tempo reacional foram significativamente impactadas, demonstrando a associação entre o tempo de sono inadequado e a diminuição na realização de tarefas cognitivas.

Na análise de imagens das estruturas cerebrais, de uma forma geral houve significativas alterações nas  regiões do cérebro que envolvem o processo cognitivo e a memória, sendo que os mais significantes  volumes corticais encontrados foram no cortex pré-central, no giros frontal superior, no cortex orbitofrontal lateral, no cortex temporal médio, entre outros.

Em relação a saúde mental, o estudo demonstrou que a duração do sono também estava intimamente  relacionada a sintomas como ansiedade, depressão, estresse mental, episódios de mania e  automutilações.

Em relação a idade dos participantes, evidenciou-se que aqueles com idade superior a 65 anos tiveram  uma diminuição na associação entre o tempo de sono e a função cognitiva, com alterações corticais  menos significativas comparado com a população em torno dos 40 anos, porém a saúde mental foi igualmente impactada em todas as idades.

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Considerações

Como conclusões tiradas dessa análise, os pesquisadores determinaram que sonos consistentes com  duração de aproximadamente sete horas por noite são suficientes para manter a saúde cognitiva e  mental da população. Esse estudo mostrou-se único, uma vez que apresentou a análise não somente de  sonos curtos, mas também de sonos mais duradouros na promoção da saúde, demonstrando o impacto  negativo tanto de poucas horas de sono como de muitas horas de sono por dia.

O estudo mostrou algumas limitações como por exemplo o fato da análise ser objetiva com relatos  pessoais da duração de sono, assim como o uso apenas da duração do sono e não da qualidade do sono, uma vez que alteraçãos na duração do sono podem estar relacionadas a componentes que  comprometam a qualidade do mesmo, como ambientes insalubres, uso excessivo de celulares, luzes no  ambiente, jornadas de trabalho, entre outros.

É importante que os profissionais de saúde, principalmente aqueles que atuam no atendimento primário da população, discutam e levantem a importância de uma noite de sono organizada e suficientemente dormida com seus pacientes, principalmente os pacientes acima dos 40 anos. Lembrar também que apesar dos pacientes mais idosos não apresentarem tanto impacto negativo com  um sono de menor duração, a saúde mental é igualmente afetada. Portanto, conclui-se que sete horas  em média de sono é o suficiente e necessário para a manutenção da saúde cognitiva e mental da  população.

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Referências bibliográficas

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