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Pediatria10 março 2025

Estudo analisa como melhorar habilidades do pediatra no diagnóstico dermatológico

Estudo analisou o desenvolvimento de habilidades de diagnóstico por pediatras para casos baseados em imagens dermatológicas

Entre os motivos mais frequentes pelos quais as famílias buscam atendimento médico para seus filhos estão as queixas dermatológicas. Essas condições geralmente são desafiadoras devido às variações na apresentação morfológica, à dificuldade da criança em comunicar seus sintomas e às semelhanças entre muitas lesões. Essa complexidade pode, infelizmente, resultar em maior morbidade devido ao tratamento incorreto ou atrasado e a encaminhamentos urgentes desnecessários para dermatologistas. 

Em um estudo publicado no Journal of Pediatrics, pesquisadores de Boston e Toronto analisaram o desenvolvimento de habilidades de diagnóstico por pediatras para casos baseados em imagens dermatológicas com relação à atribuição de urgência, categoria morfológica e diagnóstico específico, usando uma ferramenta de aprendizagem e avaliação baseada na web. Foram avaliadas também as variáveis ​​de nível de caso associadas a erro de diagnóstico. 

Saiba mais: Dermatologia pediátrica: tudo que você precisa saber

diagnóstico dermatológico

Metodologia 

Trata-se de um estudo multicêntrico, prospectivo e transversal. Foi utilizada uma amostra de conveniência de estagiários de pós-graduação em pediatria e médicos assistentes que atendem crianças nos Estados Unidos e no Canadá. O período do estudo foi de 7 de setembro de 2022 a 15 de maio de 2023. 

Os pesquisadores entraram em contato com a liderança clínica e de treinamento por e-mail e postaram nas redes sociais fechadas para médicos uma breve explicação do estudo e uma solicitação de participação.  

Uma estratégia de intervenção educacional foi desenvolvida para que os participantes pudessem melhorar a sua avaliação visual de condições dermatológicas em pediatria. Por meio de uma ferramenta baseada na web, os médicos receberam um tutorial de introdução e praticaram 334 casos de dermatologia pediátrica por meio de imagens até atingirem um padrão de desempenho. Além disso, os participantes apontavam se o caso era preocupante, qual a categoria morfológica do caso e o seu diagnóstico específico. Depois de responder cada caso, os participantes recebiam feedback corretivo e como estava seu progresso em direção ao padrão de desempenho. Cada participante podia acessar a plataforma online de forma segura por meio de credenciais de login exclusivas. Os casos clínicos podiam ser acessados 24 horas por dia, 7 dias por semana.  

Resultados 

Foram inscritos 242 participantes de 37 Estados americanos e 7 províncias canadenses. Um total de 185 (76,4%) participantes completaram pelo menos 60 casos para permitir a análise de desempenho. Nestes 185, houve uma melhora significativa em: 

  • Desempenho diagnóstico na classificação de preocupante versus não preocupante: +19,2%, (intervalo de confiança de 95% [IC 95%] 17,7, 20,6); 
  • Categoria morfológica: +17,9% (IC 95% 16,5, 19,3); 
  • Diagnóstico específico: +25,2% (IC 95% 23,4, 26,7).  

Dos 242 participantes, 116 (47,9%) alcançaram o padrão de desempenho. A mediana do número de casos necessários para atingir o padrão de desempenho foi de 142 (intervalo interquartílico [IQR] 96, 209; mín. 58, máx. 330), com uma mediana de tempo para obtenção de 57,3 minutos (IQR 38,7, 84,3). 

Com base em 34.077 observações dos 185 participantes que completaram o mínimo de 60 casos, a taxa de aprendizagem entre os participantes do estudo foi estatisticamente significativa para: 

  • Atribuição de preocupante versus não preocupante: odds ratio (OR) = 1,0031; (IC 95% 1,0028; 10 035; P < 0,0001); 
  • Morfologia: OR = 1,0032 (IC 95% 1,0028, 1,0036; P < 0,0001); 
  • Diagnóstico específico: OR = 1,0036 (IC 95% 1,0032, 1,0040; P < 0,0001). 

Com base em 38.502 interpretações de casos, crianças com cor de pele mais escura versus mais clara tiveram menores chances de identificação correta de “preocupante” (OR = 0,87; IC 95% 0,83, 0,93), categoria morfológica (OR = 0,91; IC 95% 0,85, 0,97) e doença específica (OR = 0,96; IC 95% 0,90; 0,99). Os pesquisadores também observaram que menos de 60% dos participantes identificaram corretamente variações bolhosas de doenças, psoríase, infecções por herpes e infecções virais não específicas. 

Conclusão 

O estudo mostrou que a prática de quadros dermatológicos no contexto de uma intervenção educacional melhorou significativa e eficientemente a capacidade de diagnóstico do médico pediatra.  

Veja também: Você sabe identificar as 11 afecções dermatológicas mais comuns da infância?

Comentário 

Estudo muito interessante, que mostra a evolução positiva dos participantes no diagnóstico de afecções dermatológicas na infância após receberem o treinamento. De fato, a análise de lesões cutâneas representa uma dificuldade muito comum do pediatra em diferentes contextos e essa pesquisa nos mostra que “a prática faz o mestre”. No entanto, a simples visualização de imagens pode não ser tão produtiva para o aprendizado, ressaltando a relevância da discussão de casos clínicos no dia a dia.  

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Referências bibliográficas

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