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Pediatria19 maio 2024

ESPGHAN 2024: Ultrassom para diagnóstico da constipação funcional

A Dra. Michelle Bloom trouxe dados de uma revisão sistemática sobre o uso de USG no diagnóstico, que hoje ainda não é padrão.
Por Jôbert Neves

A constipação intestinal funcional (CF) é uma condição clínica frequente, acometendo cerca de 20% das crianças e adolescentes. O seu diagnóstico é clinicamente guiado pelos critérios de Roma IV, que engloba criança com dois ou
mais dos seguintes critérios, por no mínimo um mês, ocorrendo pelo menos uma vez por semana, com critérios insuficientes para o diagnóstico de síndrome do intestino irritável (SII):

  • • Dois ou menos episódios de defecação por semana no vaso sanitário, em uma criança com desenvolvimento compatível com quatro anos ou mais;
  • • Pelo menos um episódio de incontinência fecal por semana;
  • • História de postura retentiva ou retenção volitiva excessiva das fezes;
  • • História de evacuações difíceis ou dolorosas;
  • • Presença de grande massa fecal no reto;
  • • História de fezes de diâmetro aumentado que podem obstruir o vaso sanitário.

Apesar de parecer simples, esse diagnóstico requer uma história clínica detalhada e um exame físico minucioso, para descartar potenciais alterações não funcionais que cursam com constipação intestinal.

Afinal, existe aplicabilidade do ultrassom (USG) de abdome para pacientes com CIF?

A Dra. Michelle Bloom, durante a sua apresentação no 56ª Encontro Anual da Sociedade Europeia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (ESPGHAN 2024), relembra que, pelos guidelines publicados pela mesma sociedade em parceria com a sociedade norte-americana, a utilização do USG nesse contexto é insuficiente para sustentar o diagnóstico e que, até a publicação do mesmo, os dados de acurácia não eram tão claros quando este método era direcionado para CIF.

Na tentativa de preencher essa lacuna e trazer novas evidências, ela e seu time de especialistas avaliaram a aplicabilidade do USG para CIF comparando com o critério de Roma IV, por meio de uma revisão sistemática. Pacientes com causas orgânicas de constipação, foram excluídos. E os resultados foram:

  • • Para CIF, a foi sensibilidade de 68% e especificidade de 81%;
  • • Para identificação de impactação fecal, os resultados foram mais heterogêneos, com variações entre 68-100% de sensibilidade de especificidade entre 83-100%;
  • • O diâmetro retal também foi avaliado em pacientes com e sem CIF, com uma diferença estatística entre os grupos.

Possíveis fatores relacionados a impactação fecal são a idade, apesar da heterogeneidade dos resultados.

Mensagens para casa

  • • O USG de abdome é potencial método diagnóstico não invasivo para CIF, desde que seja realizada a mensuração do diâmetro retal e o reconhecimento da impactação fecal;
  • • A recomendação para sua utilização na prática clínica é heterogênea;
  • • O critério de Roma IV segue sendo o padrão-ouro para o diagnóstico de CIF.

Confira os principais destaques do ESPGHAN 2024!

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