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Pediatria30 março 2023

EM. PED 2023: Vírus respiratórios e a predição de infecções bacterianas graves

Palestra tratou da utilização de testes virais no auxílio à predição de infecções bacterianas invasivas em lactentes.

Nesse texto, finalizamos a cobertura da conferência “Febre sem sinais localizatórios” do 2° Congresso Sul-Americano e 4° Congresso Paulista de Urgências e Emergências Pediátricas, que ocorreu em São Paulo/SP, de 23 a 25 de março.

EM. PED 2023 Detecção de vírus respiratórios melhora a predição de infecções

Palestra: A detecção de vírus respiratórios melhora a predição de infecções bacterianas graves em lactentes febris?

A palestra foi apresentada pelo Dr. Javier González Del Rey, emergencista pediátrico e diretor do Cincinnati Children’s Pediatric Education Center no Cincinnati Children’s Hospital Medical Center, Estados Unidos.

O Dr. Del Rey comentou sua experiência com seus alunos de medicina, residentes e fellows. Ele mostrou que a geração atual tem se atentado muito a testes diagnósticos e guidelines, mas “o paciente existe”, destacando a importância da anamnese e do exame físico. Ele citou o seguinte exemplo: para se usar um guideline de bronquiolite, o diagnóstico de bronquiolite deve ser feito primeiro, descartando-se outras hipóteses diagnósticas. Dessa forma, evita-se o uso incorreto do guideline.

Em um momento de descontração, o palestrante disse o quanto famílias e jovens médicos recém-formados têm usado o “Dr. Google” e o “Dr. WhatsApp” na busca de informações. Inclusive, ele enfatizou novamente a relevância do exame físico, tanto para dizer que uma criança se encontra em bom estado geral quanto para se chegar à conclusão de que ela se encontra em vigência de um quadro séptico. Outro exemplo abordado pelo palestrante foi: mesmo que estejamos em uma época de influenza, não basta solicitar o teste viral para o paciente, pois a anamnese e o exame físico devem descartar outras possibilidades, como uma pneumonia.

Ouça também: Highligths – Congressos de Emergências Pediátricas – 2023 [podcast]

O Dr. Del Rey mencionou a importância de se considerar um guideline respeitando o local em que o pediatra atua: “o pediatra precisa saber o que está ao redor dele!”, ajustando números e dados conforme a sua realidade. Outros pontos a serem considerados são a estação do ano e a taxa de vacinação.

Quanto aos testes virais, o Dr. Javier comentou o quanto a realização desses exames “rápidos” tem aumentado o tempo de espera nas Emergências Pediátricas. Ele brincou, inclusive, com os relatos da mídia sobre “um novo vírus” depois da Covid-19 (fazendo referência ao vírus sincicial respiratório [VSR], já velho conhecido na pediatria). Com essa notícia, infelizmente, muitos locais estavam realizando os testes para detecção de VSR até em adolescentes, mas porque muitas famílias estavam solicitando esses testes após “ouvirem falar” nas redes sociais.

O palestrante disse que de fato é um desafio responder se os testes virais ajudam na detecção de infecções bacterianas invasivas em lactentes, mas que a clínica é soberana, os testes podem aumentar os custos e o tempo de atendimento e só devem ser usados em situações específicas. Ao final, deixou a plateia intrigada com a pergunta: “Você é um minimizador de riscos ou um minimizador de testes?”.

Na prática

Os testes virais, conforme comentado pelo palestrante, têm vindo em pacotes e as demandas de mercado têm crescido. Mas o uso depende muito de um contexto, não devendo ser usados indiscriminadamente. Ele mostrou como é feita a solicitação de testes virais no Cincinnati Children’s Hospital:

  • VSR: em geral, é solicitado na suspeita clínica para fins de vigilância epidemiológica, podendo ser feito no paciente internado;
  • Influenza: de grande utilidade em crianças de 28 dias a 3 meses de idade;
  • Covid-19: quando há história clínica;
  • Multiplex: pacientes internados.

Acompanhe nossa cobertura do 2° Congresso Sul-Americano e 4°Congresso Paulista de Urgências e Emergências Pediátricas

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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