A dor crônica é definida como aquela de caráter recorrente ou persistente por mais de 3 meses. Apresenta etiologia multifatorial e está associada a prejuízos funcionais, ao comprometimento da qualidade de vida e ao aumento dos custos em saúde. Ademais, é um preditor de dor crônica na idade adulta.
Contudo, apesar da magnitude do problema, a sua prevalência é incerta e as pesquisas nesta área, incipientes.
Desenho de estudo
Neste contexto, uma pesquisa bibliográfica de revisões sistemáticas foi realizada a fim de verificar a epidemiologia da dor crônica de causa não oncológica na pediatria. Bases de dados como Embase e Medline foram utilizadas.
Como critérios de inclusão, foram selecionados estudos do tipo meta-análises e revisões sistemáticas, publicadas em inglês ou italiano, que abordassem dados epidemiológicos sobre a dor crônica nas crianças. Após análise rigorosa, foram incluídas 3 revisões relevantes, que abrangeram estudos publicados no período de 1993 a 2023.
A definição de dor crônica na revisão de King et al. incluiu aquela com duração variando de uma semana a seis meses, enquanto que a de Liao et al. e Chambers et al., empregaram a duração mínima de três meses, alinhando-se com a definição da Classificação Internacional de Doenças – 11ª Revisão.
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Resultados
No que concerne aos resultados, estes apontaram uma variabilidade considerável na prevalência da dor crônica não oncológica na pediatria, sendo cefaleia, dor abdominal, lombalgia e dor musculoesquelética, as mais comuns.
Liao et al. evidenciou uma prevalência média combinada de dor crônica de 8% (IC 95%: 6-10%). Chambers et al., por sua vez, identificaram uma prevalência de 20,8% (IC 95%: 19,2-22,4%), sendo maior no sexo feminino (18,3%) em comparação com o sexo masculino (12,7%). Ademais, foi observado predomínio da dor crônica nos adolescentes.
Na revisão de King et al., cefaleia e dor abdominal crônicas foram mais comuns nas meninas e não foi observada diferença de gênero na prevalência da dor musculoesquelética.
Conclusão e mensagem prática
Os achados denotam a necessidade de fortalecer metodologias de pesquisas para monitorar com precisão a prevalência da dor crônica não oncológica na pediatria ao se considerar, inclusive, as discrepâncias na definição.
Reconhecer a dor crônica e enfrentá-la requer atenção às demandas dos pacientes e validação dos seus impactos. Isso porque, está associada a diversas consequências como aumento da ansiedade e depressão, distúrbios do sono, isolamento social, redução do desempenho acadêmico, estresse familiar e custos em saúde.
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