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Pediatria26 junho 2025

Dieta materna, diabetes gestacional e crescimento infantil

Dieta materna de qualidade e baixo potencial inflamatório favorece o crescimento infantil até 24 meses, mesmo em casos de DMG.
Por Jôbert Neves

A crescente prevalência de sobrepeso e obesidade entre mulheres em idade fértil tem aumentado a exposição fetal a condições metabólicas adversas, como o diabetes mellitus gestacional (DMG). Essas condições estão associadas a alterações no crescimento infantil e ao risco aumentado de obesidade na infância. Evidências sugerem que a qualidade da dieta materna pode modular esses efeitos, influenciando positivamente o crescimento e a composição corporal da criança. Para melhor avaliar e construir evidências sobre o tema, um estudo publicado no Journal of Pediatric Gastroenterelogy and Nutrition (JPGN) investigou a influência da dieta materna e do DMG sobre o crescimento infantil até os 24 meses de idade. 

Para este fim, o estudo utilizou dados de um ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, com 439 gestantes com sobrepeso/obesidade recrutadas na Finlândia. Foram incluídas 378 crianças com pelo menos uma medida de crescimento disponível até os 24 meses. A dieta materna foi avaliada no início (13,9 ± 2,1 semanas) e no final da gestação (35,2 ± 0,98 semanas) por meio de diários alimentares de 3 dias e do Índice de Qualidade da Dieta (IDQ). O potencial inflamatório da dieta foi estimado pelo Dietary Inflammatory Index (DII®). O diagnóstico de DMG foi realizado por teste oral de tolerância à glicose. As medidas de crescimento infantil (peso, altura, circunferência cefálica e composição corporal) foram coletadas em cinco momentos: nascimento, 3, 6, 12 e 24 meses. Dentre os resultados, temos:  

  • Dieta materna de boa qualidade no início da gestação foi associada a maior estatura infantil em todos os pontos de avaliação (diferença média ajustada: 0,28–0,30 DP; p < 0,05) e maior circunferência cefálica aos 12 e 24 meses (diferença média ajustada: 0,38–0,42 DP; p < 0,05). 
  • Boa qualidade da dieta no final da gestação foi associada a menor massa gorda aos 24 meses (diferença média ajustada: −0,69 kg; p < 0,05). 
  • Maior potencial inflamatório da dieta (DII) correlacionou-se com menor estatura e maior peso aos 24 meses. 
  • DMG foi associada a menor circunferência cefálica ao nascimento e aos 6 meses (diferença média ajustada: −0,22 a −0,43 DP; p < 0,05). 
  • Não foram observadas associações significativas entre obesidade materna isolada e crescimento infantil. 

Conclusão 

De fato, este estudo reforça que, uma dieta materna de boa qualidade, especialmente com baixo potencial inflamatório, está associada a um crescimento mais favorável em crianças até os 24 meses, incluindo maior estatura, maior circunferência cefálica e menor adiposidade. Por outro lado, o DMG pode impactar negativamente o desenvolvimento craniano precoce. Esses achados reforçam a importância de intervenções nutricionais precoces em gestantes com sobrepeso ou obesidade como estratégia para promover o crescimento saudável da criança. 

Veja também: Podemos usar metformina no diabetes gestacional?

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