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Pediatria15 fevereiro 2022

Dia Mundial do Câncer: Departamento Científico de Oncologia da SBP faz alerta sobre o câncer pediátrico

O Departamento Científico de Oncologia da SBP divulgou a nota alertando sobre as peculiaridades do câncer na população pediátrica.  

Em 28 de janeiro de 2022, o Departamento Científico de Oncologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou a nota intitulada “Dia Mundial do Câncer – 4 de Fevereiro”, alertando sobre as peculiaridades do câncer pediátrico. Segundo a nota, estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) revelam que o número de casos novos de câncer infantojuvenil, para cada ano do triênio 2020-2022, será de 4.310 casos novos no sexo masculino e de 4.156 para o sexo feminino no Brasil. Esses dados correspondem a 137,87 casos novos por milhão no sexo masculino e 139,04 por milhão para o sexo feminino no país. 

Saiba mais: Recomendações para a prevenção ou manejo da Covid-19 em crianças com câncer

Dia Mundial do Câncer: Departamento Científico de Oncologia da SBP faz alerta sobre o câncer pediátrico

Diferenciação do câncer pediátrico 

O câncer pediátrico se distingue do câncer no paciente adulto devido ao tipo de célula progenitora envolvida e aos mecanismos de transformação maligna. Em crianças, há um predomínio de células embrionárias, com curto período de latência. Em geral, são neoplasias de crescimento rápido, mais agressivas e invasivas, mas com melhor resposta à terapêutica empregada e com melhor prognóstico. As neoplasias mais frequentes em pediatria são as leucemias, os tumores do sistema nervoso central (SNC) e os linfomas. No entanto, há variação global nessa ocorrência, relacionada, em geral, a fatores demográficos e socioeconômicos.

A SBP destaca que a maioria dos cânceres em pediatria não são determinados por modificações hereditárias no DNA, mas decorrem de mudanças no DNA que surgem no início da vida da criança (às vezes, até mesmo antes do nascimento). Essas mutações são adquiridas, e estão presentes somente nas células neoplásicas. A literatura atual não mostra evidências que apoiem um papel etiológico de maior destaque para os fatores ambientais ou outros exógenos em pacientes pediátricos, contudo a radiação ionizante em doses elevadas e exposição a quimioterapia prévia são motivos reconhecidos.

A nota enfatiza também que, de forma diferente do que acontece com o paciente adulto, raramente é possível a prevenção primária do câncer em pacientes pediátricos, exceto pela vacinação contra hepatite B e contra o papilomavírus humano (HPV). Portanto, é essencial atuar na prevenção secundária, especialmente no diagnóstico precoce da doença, com o objetivo de identificar a neoplasia em estágio inicial de desenvolvimento. O rastreio em crianças, no entanto, não tem se mostrado efetivo ou é restrito a uma pequena parcela de doentes, como naqueles com síndromes genéticas e com certos tipos de malformações.  

Com relação à prevenção, a SBP cita o aleitamento materno como primeira ação de alimentação saudável, lembrando que o aleitamento materno exclusivo até os seis meses e a amamentação mantida até os dois anos de idade protegem não somente as lactantes contra o câncer de mama, mas também as crianças contra a obesidade infantil. Durante as consultas de seguimento, o pediatra deve alertar também para as seguintes orientações para a prevenção de diferentes tipos de câncer: 

  • Orientações quanto ao hábito de fumar e de ingerir bebida alcoólica; 
  • Alimentação saudável, com alimentos pobres em gordura, ricos em fibras, isentos de aflatoxinas, nitritos, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos;  
  • Redução das infecções com agentes carcinogênicos – bactéria Helicobacter, vírus da hepatite B, vírus de Epstein Barr, HPV tipo 16 e 18, HIV e HTLV1, entre outros;
  • Cuidados com o meio ambiente – evitar exposição excessiva ao sol,  a radiações ionizantes e não ionizantes;
  • Evitar o sedentarismo, a higiene precária e exposições ocupacionais (benzeno, amianto, agrotóxicos e outras). 

Mensagem final

Por fim, a SBP salienta que as tendências nas taxas de mortalidade por câncer dependem de alterações na incidência e na sobrevida, vinculadas à capacidade do sistema de saúde, englobando o diagnóstico precoce e o acesso a um tratamento eficaz. 

No Brasil, a SBP celebra o “Setembro Dourado”, uma campanha para conscientização do câncer pediátrico no país.

Leia mais: Sociedade Brasileira de Pediatria ressalta a relevância do diagnóstico precoce do câncer pediátrico através do Setembro Dourado

Referências bibliográficas:

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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