A codeína é um analgésico oral muito utilizado para tratamento de dor aguda e crônica e em pós-operatórios (especialmente de adenoidectomia e amigdalectomia), além de seu uso como antitussígeno. Ela tem metabolização hepática, onde se transforma em morfina, gerando seus efeitos.
A metabolização hepática da codeína é muito variável e relaciona-se a polimorfismos genéticos na atividade da enzima hepática responsável, CYP2D6. Dessa forma, identificam-se pessoas que não apresentam resposta à codeína (metabolizadores lentos), até aqueles que apresentam efeitos colaterais relacionados a altos níveis séricos de morfina (metabolizadores rápidos).
Uso da codeína em crianças
Desde 2011, várias agências internacionais de saúde (Organização Mundial de Saúde, The US Food and Drug Administration – FDA, entre outras) têm apresentando questionamentos em relação à segurança e eficácia do uso desse fármaco na faixa etária pediátrica.
A revista Pediatrics, da Academia Americana de Pediatria, lançou um artigo de revisão sobre a variabilidade genética da metabolização de codeína e seus efeitos colaterais em crianças.
O artigo ressalta a importância de pessoas com alta atividade enzimática (metabolizadores ultrarrápidos), que produzem altos níveis séricos de morfina a partir de doses terapêuticas normais de codeína e podem sofrer efeitos de depressão respiratória e apneia.
Mais em Pediatria:
- O que você precisa saber sobre excesso de peso em crianças
- Uso de aparelhos eletrônicos em excesso na infância afeta o desenvolvimento cognitivo
- Veja os principais pontos das novas diretrizes para sepse pediátrica
- 1 em cada 5 pais erra na dosagem de remédios
Embora testes para avaliação da metabolização da codeína estejam disponíveis, eles são caros e não se tem informações sobre o benefício de sua utilização para a prescrição desse medicamento, uma vez que pessoas com metabolização normal da droga apresentam risco elevado de altos níveis séricos de morfina.
Alternativas
Por isso, é fundamental o conhecimento e uso de medicamentos alternativos. O artigo inclui como possibilidades o uso de oxicodona, hidrocodona, tramadol e tapentadol, enfatizando que todas essas medicações também podem ter alterações metabólicas relacionadas a polimorfismos genéticos, e que existem poucos estudos relacionados a farmacocinética e farmacodinâmica dessas medicações no uso pediátrico.
Uma outra alternativa para o controle de dor e minimização de uso de opioides é o uso de outros analgésicos não-opioides como anti-inflamatórios não-esteroidais e paracetamol. Com relação a medicações antitussígenas, codeína não está relacionada a benefícios da doença de base, e os potenciais efeitos colaterais desestimulam o uso de codeína para esse fim.
Especial atenção deve ser dada à crianças com problemas respiratórios e aquelas com distúrbios respiratórios relacionados ao sono, pois apresentam maior risco de efeitos negativos com uso de codeína.
Referências bibliográficas:
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.