CBUEP 2024: Quando solicitar tomografia de crânio no TCE em pediatria?
Aconteceu em Brasília entre os dias 25 e 27 de Abril, o 4ª Congresso Brasileiro de Urgências e Emergências Pediátricas (CBUEP 2024), uma das aulas mais esperadas foi a de traumatismo crânio encefálico (TCE) no paciente pediátrico. Essa é uma frequente causa de busca de atendimento no pronto-socorro infantil, sendo uma grande dúvida a indicação de solicitação de tomografia de crânio (TC). A aula foi ministrada pelo Dr. Benício Oton de Lima, que trouxe uma visão prática do manejo do paciente com TC na emergência pediátrica.
A discussão
Ele começa sua aula trazendo um recorte de epidemiologia do Distrito Federal (DF), evidenciando cerca de 6.982 mortas por causas externas no DF, entre os anos 2000 e 2022, em pacientes com faixa etária até 19 anos, reforçando para a plateia a importância da discussão desse tema. De forma geral, ele traz um panorama das populações de alto risco de sofre TCE, que são jovens, homens, com baixo poder aquisitivo, solteiros e com história de abuso de drogas. Apesar disso, nas crianças e adolescentes, o TCE é uma das causas mais importantes e desabilidade, tendo como etiologias as quedas, esportes, acidentes com veículos a motor e projétil de arma de fogo (PAF).
Dr. Benício destaca a importância do papel do pediatra do pronto-socorro no atendimento inicial desses pacientes, visto que a detecção e intervenção precoce geral grande impacto na sobrevida dos pacientes. Além disso, ele destaca o papel do pediatra na prevenção, através das orientações aos pais e cuidadores sobre o transporte seguro (uso de cinto de segurança, cadeirinhas, elevadores de assento), prevenção de quedas e acidentes.
A história clínica detalhada faz parte e é essencial para esse contexto de TCE, entender o mecanismo de trauma e a evolução clínica do paciente após é definidor de conduta, com destaque para a avaliação neurológica. A escala de coma de Glasgow é uma excelente ferramenta que guia a nossa decisão e manejo, por meio da avaliação da resposta ocular, verbal e motora do paciente. Através dela conseguimos classificar em TCE leve (15-13), moderado (12-9) ou grave/severo (8-3), sendo uma ferramenta definidora de conduta.
Vale lembrar que, o pediatra deve sempre estar atendo à possibilidade de Síndrome de maus tratos, caracterizada por uma história não compatível com a intensidade do trauma apresentado, lesões traumáticas recentes e antigas, fraturas em membros superiores e inferiores.
Afinal, quando realizar TC de crânio no TCE em pediatria?
Uma grande ferramenta que auxilia nessa decisão é o Pediatric Emergency Care Applied Research Network (PECARN), que esquematiza e define quem são os pacientes elegíveis para realização de tomografia de crânio, através da avaliação do mecanismo de trauma e faixa etária dos pacientes, são eles:
- Menores de dois anos de idade;
- Presença de vômitos;
- Perda da consciência ou amnésia
- Mecanismo de trauma severo;
- Cefaleia intensa ou em piora;
- Escore de Glasgow <15
- Suspeita clínica de fratura
Lembrando que, para o paciente com TCE a TC deve ser realizada sem contraste.
Mensagens para casa
- TCE em pediatria é um grande problema de saúde pública com implicações tardias
- O papel do pediatra no manejo inicial é essencial, definindo prognóstico do paciente;
- A prevenção deve ser sempre uma medida das consultas de puericultura;
- Utilizar o PECARN para guiar na decisão da realização de TC de crânio;
- TC de crânio deve ser solicitada sem contraste, nesse contexto de TCE.
Fique ligado nos outros destaques do CBUEP 2024!
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